Onde Deus está, quando o senhor encontra alguém passando por dificuldades?
Algumas pessoas sabem que Deus está sempre presente e que Ele é capaz de satisfazer qualquer necessidade. Porém muitas delas não se dão conta disso e, algumas vezes, principalmente em emergências, precisam ser lembradas desse fato. Quando alguém se sente muito deprimido, costumo fazer uma analogia. Digo que essa pessoa pode ser comparada a um homem faminto, que não percebe que está carregando uma baguete debaixo do braço. O pão simboliza o relacionamento dessa pessoa com Deus. À medida que ela desenvolve esse relacionamento, vai compreendendo melhor que já possui tudo aquilo de que necessita a todo o momento.
Essas são as pessoas que procuram o senhor em busca de ajuda?
Nem sempre. Acho que temos de ajudar quando vemos alguém precisando de ajuda. Ao longo dos anos, tive muitas oportunidades de lembrar às pessoas que Deus está presente, muitas vezes pessoas que eu nem sequer conhecia.
Lembro-me de que certa vez eu estava indo para Chicago no trem que tomava normalmente para ir trabalhar. Estava sentado em frente a uma mulher que, repentinamente, teve um ataque epilético. Quando todas as pessoas à sua volta se afastaram, aproximei-me dela e lhe disse algo. Eu estava convencido de que Deus estava no controle da vida daquela mulher. Disse-lhe que Deus a amava como filha. Muito embora ela não respondesse, eu sabia que ela podia me ouvir, e continuei a falar.
Dois ou três minutos depois, ela se acalmou e recuperou a tranqüilidade. Perguntou o que eu havia feito. Disse-me que normalmente levava muito tempo para se recuperar daqueles tipos de ataques, mas que esse só havia durado um ou dois minutos. Dei-lhe um livro que eu trazia comigo intitulado The Christian Science Way of Life (A maneira de viver na Christian Science), escrito por DeWitt John. Ela me agradeceu e disse que o leria.
O senhor a encontrou novamente?
Não, mas o que é importante para mim é que ela teve a ajuda que precisava no momento necessário. Acho natural querer ajudar alguém que esteja enfrentando problemas. Tudo o que eu disse àquela mulher foi que Deus estava lá, naquele exato momento, e que ela não tinha nada a temer, porque Deus era a própria Vida dela.
Em outra ocasião, numa manhã de domingo, eu estava com uma de minhas filhas fazendo um passeio pelo campo, no Texas. Dois adolescentes a cavalo passaram por nós, sendo que um dos animais estava selado e o outro não.
De repente, o rapaz que estava montando em pêlo, escorregou, caiu embaixo do cavalo e acabou sendo pisoteado por ele. Eu vi que ele estava sendo arrastado rolando entre as pernas do animal. Pedi que minha filha ficasse com um amigo que estava conosco e imediatamente corri para falar com o rapaz. Enquanto me encaminhava até ele, orei para compreender que Deus é a única Vida de cada um de nós e que aquele garoto não poderia ser ferido.
Quando cheguei, ele estava inconsciente e o outro garoto, chorando. Apoiei sua cabeça em minha mão enquanto falava com ele. Enxuguei o sangue de seu rosto com meu lenço e disse-lhe, com firmeza, que Deus estava com ele e que apenas por essa razão ele não estava ferido.
De repente, ele se mexeu e abriu os olhos. Perguntou o que havia acontecido. Disse-lhe, novamente, que Deus estava cuidando dele e que ele estava bem. Ele se levantou. Um de seus dedos estava quebrado ou deslocado e ele sentia muita dor. Cobri seu dedo com minha mão e disse-lhe novamente que ele não estava ferido porque Deus estava exatamente ali, naquele lugar. Um pouco depois, ambos vimos o dedo voltar à posição normal.
Ele comentou: “Da próxima vez não vou mais montar em pêlo”. Então, ele e o amigo levaram os cavalos de volta para a estrebaria. Meu único objetivo havia sido atender a essa situação de emergência e fazer com que o garoto soubesse, de forma prática, que ele vivia no universo de Deus. Descobri que, em momentos de extrema necessidade, as pessoas, freqüentemente, ficam muito receptivas a mensagens sobre Deus.
Então o garoto foi curado porque o senhor lhe disse que Deus estava presente?
O objetivo é lembrar que Deus é bom e que Ele criou tudo. Conseqüentemente, do ponto de vista de Deus, nada de mal jamais aconteceu e não pode haver nenhum ferimento ou lesão.
Certa vez, quando nossa família passava férias em Arkansas, fomos a um acampamento onde pretendíamos passar a noite. Acabamos encontrando um local e ficamos próximos de uma família bem jovem. Em realidade, eu havia orado para encontrarmos um lugar adequado para passar a noite. Quando estávamos nos instalando, percebi que a jovem mãe estava muito perturbada. Seu filho estava com uma febre que não passava havia vários dias. Ela me disse que, se ele não melhorasse logo, eles desistiriam das férias e voltariam para casa.
Era visível que ela estava apavorada. Sabendo que Deus estava ali e que Ele era o único Pai-Mãe verdadeiro de todos nós, chamei-a para lhe falar em particular por um momento. Perguntei-lhe o que ela estaria normalmente fazendo àquela hora. Disse-me que ela e o filho gostavam de jogar cartas. Eu então lhe falei: “Se você quer que seu filho se sinta bem, precisa agir como se ele já estivesse gozando de perfeita saúde, agora mesmo”! Essa idéia pareceu libertar a mãe do medo que a estava dominando e ela começou a fazer as coisas usuais que eles normalmente estariam fazendo.
Após uns 15 minutos, ouvi a porta do trailer se abrir completamente e bater contra a lateral do veículo. Lá estava o garotinho, com as mãos nos quadris, inspecionando o mundo ao seu redor. Deu um salto e saiu correndo em volta do acampamento, completamente bem. Mais tarde, seu pai me agradeceu.
O senhor sempre age assim quando percebe que alguém precisa de ajuda?
Eu procuro fazer isso. Há alguns anos participei do programa de capelães desenvolvido pelo departamento de polícia de Richardson, no estado do Texas, onde eu vivia na ocasião. Eu tinha sido indicado pela minha igreja para ser membro da Aliança Multirreligiosa de Richardson e, durante uma das reuniões mensais dessa associação, um oficial de polícia falou sobre o programa de capelães. Fiquei realmente impressionado com sua apresentação e candidatei-me ao cargo de capelão. Foi um processo bastante longo. Havia muita papelada e uma rigorosa verificação de atividades anteriores. Finalmente fui designado como um dos seis capelães do departamento de polícia. Durante vários anos trabalhei com os oficiais de polícia quando estes tinham de lidar com situações particularmente difíceis.
O objetivo do programa é dar apoio aos policiais, que são pessoas muito dedicadas, e que enfrentam situações difíceis todos os dias. Eles têm deveres legais específicos a desempenhar. A tarefa do capelão consiste em proporcionar consolo depois de o policial ter cumprido seu dever.
Nesse programa específico, eu tinha de ficar sempre a postos. Usava um aparelho para receber mensagens, para que eles pudessem me contatar numa emergência. Eu acompanhava os policiais durante seu trabalho e via o que eles tinham de enfrentar. Muitas vezes enquanto fazia isso, eu ficava orando.
Com o tempo, desenvolvi uma compreensão mais profunda sobre Deus, a ponto de eu reconhecer que Ele está sempre presente, e que é um “socorro bem presente nas tribulações” (Salmo 46:1). A declaração de Jesus: “O Reino do Céu está perto” (Mateus 4:17, conforme a Nova Tradução na Linguagem de Hoje), teve um grande significado para mim. Eu tinha certeza de que, fosse qual fosse a situação com a qual eu me deparasse, eu poderia ser útil.
Certo dia, acompanhei um policial que havia sido designado para tratar de um acidente de carro. Chegando ao local do acidente, o policial foi informado de que uma das mulheres envolvidas no acidente havia sido levada para o hospital e que nós precisávamos ir até lá.
Essa jovem estava no pronto-socorro e, obviamente, parecia muito assustada. Assegurei-lhe que Deus estava sempre presente, que Ele estava exatamente ali e que, por isso, ela não tinha nada a temer. Ela se acalmou completamente. Era como se ela tivesse se libertado de um peso. Então me disse: “Estou bem agora”.
Aquela simples afirmação de que Deus estava sempre presente, cuidando dela e que ela não tinha nada a temer, tranqüilizou-a completamente. Posteriormente soube que ela foi liberada no dia seguinte.
Numa outra ocasião, estávamos na rua quando ouvimos sirenes de incêndio vindo na nossa direção. O policial me informou que levaria uns dois minutos para chegarmos ao local do incêndio. Pensei comigo mesmo: “Então, tenho dois minutos para orar”. Nesse momento reconheci que, como Deus está em toda parte, Ele já estava presente no local do incêndio. E Ele também já estava, como sempre, comunicando-se com as pessoas envolvidas. “O Reino do Céu está perto”.
Um dos nomes que encontramos na Bíblia para Deus é Mente. Eu sabia que cada um de nós era a imagem e semelhança de Deus. Essa verdade também se aplicava às pessoas que estavam no local do incêndio, isto é, elas expressavam a Mente. Elas expressavam a inteligência de Deus. Essa inteligência estava sempre presente, proporcionando às pessoas daquele local a sabedoria necessária para saberem o que fazer.
Quando chegamos lá, deparamos com uma jovem mãe segurando seu filhinho com um braço e uma mangueira com a outra mão. Ela havia apagado o fogo antes de os carros de bombeiros chegarem. Talvez ela mesma estivesse orando, pedindo orientação a Deus, como muitas pessoas fazem em situações de emergência. Ela havia encontrado os meios, a inteligência e a sabedoria para fazer o que era necessário naquela situação. Ela havia aberto uma janelinha, corrido para fora, introduzido a mangueira pela janela e apagado o incêndio.
Uma noite, eu estava no carro com um policial quando recebemos uma chamada relacionada com violência doméstica. Chegamos à casa indicada e lá encontramos um adolescente muito assustado. Seu pai o havia maltratado muito. Conversei com ele sobre o Salmo 91, assegurando-lhe que ele estava sempre no “esconderijo do Altíssimo”, mesmo que às vezes as coisas não parecessem bem assim, e que ele estava sempre a salvo, sob os cuidados de Deus. Isso o consolou e ele me pediu que ficasse com ele, o que fiz, até que um assistente social chegasse.
Mary Baker Eddy disse em Ciência e Saúde: “Os ricos em espírito ajudam os pobres numa grande fraternidade, em que todos têm o mesmo Princípio, ou Pai; e bem-aventurado é aquele homem que vê a necessidade de seu irmão e a satisfaz, buscando o seu próprio bem no bem que proporciona a outrem” (p. 518). Essa foi uma das razões pelas quais assumi esse trabalho. Desejava ajudar a polícia de alguma maneira, mostrar-lhes que Deus está sempre presente, que eles podem sempre confiar nEle, seja qual for a situação.
O senhor alguma vez se defrontou com uma fatalidade?
Uma dia, no final de tarde, telefonaram-me da polícia pedindo que eu fosse à casa de um homem cuja esposa havia morrido num acidente de trânsito. Quando o homem chegou do trabalho, o policial cumpriu sua função legal de notificá-lo sobre a morte da esposa e afastou-se. O marido começou a chorar. Imediatamente me aproximei dele, li o Salmo 23 e disse-lhe que a promessa de Deus é que a vida é eterna. Durante algumas horas, permaneci com a família para consolá-los.
Um amigo, que freqüentava a mesma igreja que a família, foi chamado, mas ele também estava muito abalado. Levei-o para um canto e falei-lhe em particular. Encorajei-o a ser forte e confiar na fé que ele tinha em Deus. Disse-lhe que ele podia confiar em Deus para dar-lhe a força de que necessitava para ajudar o amigo. Começou a pairar um clima de estabilidade sobre aquela casa e quando os avós chegaram, após uma viagem de mais de 300 quilômetros, o policial e eu fomos embora.
Como é que as pessoas podem ajudar dessa forma se elas estão assustadas ou cheias de dúvidas?
Respondendo à sua pergunta original: “Onde está Deus, quando precisamos dEle?” Deus está com cada um de nós. Podemos nos volver a ele, onde quer que estejamos. Há sempre uma solução à mão e sempre pode haver cura.
Uma definição de cura é: “voltar ao original”. Qual é nosso estado original? Nós viemos de Deus. Se Deus, que é, Espírito, é perfeito, então Sua expressão, isto é, cada um de nós, é, em realidade, perfeita. Assim, a situação pode ser resolvida pela compreensão de que Deus está com cada um de nós, mantendo-nos como Sua expressão. E estar são e salvo faz parte dessa expressão de Deus.
Só posso falar da minha própria experiência. Houve ocasiões em minha própria vida nas quais senti que nunca veria a luz no fim do túnel, mas a luz sempre esteve lá. Mesmo quando você pensa que Deus não o está ouvindo, Deus está sempre atento, atendendo suas necessidades.
Uma forma simples de oração é o desejo. Um simples desejo de conhecer a Deus é eficaz. Nunca abandone seu desejo de sentir que Deus está junto com você e, se estiver atento a Ele, você ouvirá Sua mensagem ali mesmo em seu pensamento. Você ouvirá Suas idéias sobre o que dizer, o que fazer. O Cristo, o poder sanador e salvador de Deus, está sempre conosco. O Cristo é a maneira através da qual Deus fala ao Seu filho.
Outra forma de oração consiste em ouvir, ou seja, prestar atenção à orientação de Deus, confiando nEle de todo o coração. Descobri, em minha própria vida, que mesmo nas horas mais difíceis, Deus estava sempre me provendo com aquelas idéias puras, aquelas boas intuições, aqueles pensamentos simples que me ajudariam. Quando eu prestava atenção a Ele, eu ouvia a orientação de que precisava, e essa orientação sempre me levava à cura.
Nos exemplos que relatei, simplesmente chamei a atenção das pessoas para o fato da eterna presença de Deus. Eu as ajudei a ver que, fosse qual fosse a situação, elas não deveriam ter medo, porque elas poderiam conscientizar-se da presença de Deus e de Seu poder para ajudá-las.
