Foi considerado um marco na legislação dos Estados Unidos: em abril de 1848, o estado de Nova Iorque aprovou uma lei, concedendo às mulheres divorciadas alguns direitos de propriedade. No mesmo ano, em 19 de julho, na cidade de Seneca Falls, foi realizada a primeira convenção sobre os direitos da mulher. Discutiu-se sobre o voto das mulheres e outras questões controvertidas.
Entretanto, a autoridade da mulher reside em algo mais elevado do que convenções e leis. Os direitos humanos, tais como liberdade de expressão, direito ao voto, direito à herança, são como o botão que vai se abrindo e chega à plena floração dos direitos divinos. O botão é um estágio necessário da floração. Contudo, o botão não é o desabrochar completo e final. Os direitos humanos são uma alusão à liberdade maior que reside nos direitos divinos do indivíduo.
As dádivas de nosso Pai celeste incluem saúde, inteligência, paz. Esses direitos são nossos, independentemente de sexo, nacionalidade ou origem cultural. Todos aqueles que se volvem a Deus e rejeitam as limitações impostas pela sociedade, são igualmente capazes de reivindicar sua herança divina. Como diz a Bíblia: “Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor, ... serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso” (2 Coríntios 6:17, 18).
A defesa dos direitos humanos pode abrir o caminho para percebermos melhor nossos direitos divinos. Então, começamos a compreender que Deus é a fonte dos verdadeiros direitos. O Amor divino é a fonte suprema de poder e autoridade. É pelo poder de Deus que os direitos do indivíduo são revelados e protegidos.
Os direitos humanos são como o botão que vai se abrindo...
Uma das minhas histórias favoritas sobre direitos humanos, é a de Abigail e Davi (1 Samuel, capítulo 25). Davi sabia da frágil situação dos direitos humanos em sua sociedade. Ele não tinha nenhum recurso contra a fúria e a inveja do Rei Saul e as tentativas deste para matá-lo e precisou se refugiar na zona agreste. Davi teve de provar sua fé na justiça, quando foi perseguido por Saul e seu exército. Ele confiou em que Deus faria valer seus direitos.
Enquanto estava na clandestinidade, Davi protegeu os pastores e as ovelhas de um abastado proprietário de terras. De acordo com o costume da época, isso dava a Davi o direito de solicitar provisões durante a colheita. Nabal, o dono das terras, recusou-se a reconhecer os direitos e a necessidade de Davi. Este ficou furioso. Deixando de lado sua confiança na justiça, ele decidiu aniquilar a casa de Nabal.
Nesse ínterim, um servo contou à mulher de Nabal, Abigail, a forma ultrajante como seu senhor havia se negado a atender o pedido de Davi. Como mulher, Abigail não tinha nenhuma autoridade, possuía uma condição inferior na sociedade e quase nenhum direito. Contudo, ela ordenou aos servos que colocassem provisões sobre jumentos e pôs-se em marcha para deter Davi.
Quando eles se encontraram, havia um exército de 400 homens furiosos contra uma única mulher. Abigail começou por reconhecer o direito divino de Davi como amado de Deus. “Se algum homem se levantar para te perseguir e buscar a tua vida, então, a tua vida será atada no feixe dos que vivem com o Senhor, teu Deus...” Que linda maneira de resumir o relacionamento de Davi com Deus e o cuidado de Deus para com ele.
Ela continuou, reconhecendo seu direito humano ao trono de Israel: “E há de ser que, usando o Senhor contigo segundo todo o bem que tem dito a teu respeito e te houver estabelecido príncipe sobre Israel...” Abigail compreendeu que Davi estava sendo divinamente autorizado e seus direitos eram dados e protegidos por Deus. Ela então, gentilmente, lembrou-lhe sua responsabilidade mais importante, que era a de defender os direitos, mesmo de seus inimigos: “Então, meu senhor, não te será por tropeço, nem por pesar ao coração o sangue que, sem causa, vieres a derramar e o te haveres vingado com as tuas próprias mãos...”
Que sabedoria! Abigail afirmou o direito divino de Davi, reconheceu seus direitos humanos, e ainda lembrou-lhe a obrigação de conceder aos outros os mesmos direitos dos quais ele fora privado. Ela salvou sua casa e sua família e fez com que Davi voltasse a pensar corretamente, sem precisar de leis especiais, de conferências de cúpula ou da autorização da sociedade. Sua autoridade fora dada por Deus. A confiança de Abigail na supremacia do direito divino — e sua inevitável manifestação na justiça humana — curou a ira de Davi. Este então prosseguiu com renovada confiança no poder da retidão, e finalmente tornou-se rei de Israel.
Não importa se somos do sexo masculino ou feminino, nossos direitos estão estabelecidos por Deus. Procuremos no Amor divino a proteção e o reconhecimento dos direitos individuais. “O que é que o amor e a retidão não conseguem fazer pela humanidade?” (Mary Baker Eddy, The First Church of Christ, Scientist and Miscellany, p. 292).
