Jineth Bedoya não se considera uma heroína, mas sua coragem é uma fonte de inspiração para mim. Ela é jornalista em Bogotá, na Colômbia, e vai para o trabalho todos os dias com segurança armada. No ano passado, oito jornalistas perderam a vida enquanto faziam a cobertura do tráfico de drogas e da guerra civil que ocorre há algum tempo naquele país. Ela mesma conseguiu sobreviver a um ataque brutal no ano passado, e mesmo assim se recusa a abandonar o trabalho.
Muitas pessoas no mundo enfrentam intimidação, mas perseveram, trabalhando em prol da verdade e da justiça.
A tenacidade demonstrada por tantos colombianos na longa luta travada em favor de seu país é impressionante. Embora a situação já tenha melhorado em diversos aspectos durante os últimos dez anos, a história de Bedoya me faz lembrar que todos os dias, todos os anos, muitas pessoas no mundo enfrentam intimidação, mas perseveram, trabalhando em prol da verdade e da justiça.
Essa coragem persistente é uma qualidade que eu admiro nas pessoas que enfrentam injustiças, que vão desde doenças e deficiências físicas a tragédias pessoais. Pelo que eu pude observar, o que dá resistência às pessoas nessas lutas prolongadas é mais do que a fé em sua própria capacidade de corrigir o que não está certo. Em última análise, é a certeza de que a justiça, a saúde, ou seja, tudo o que é bom e altruísta, são direitos fundamentais. A justiça, a saúde e tudo o que é bom constituem aquilo que Deus criou. São as leis da vida, colocadas em vigor por um poder maior, que nenhuma força humana ou material pode criar ou destruir.
O reconhecimento de que existe uma lei do bem é uma verdade que nos traz muito conforto e nos dota de poder. Onde quer que a justiça pareça emperrada, existe uma lei divina que está presente e em operação. Todos podem confiar nessa lei que traz progresso, independentemente das probabilidades de sucesso apregoadas pelas opiniões convencionais.
A história de Davi e Golias, que lemos na Bíblia, ilustra bem o tipo de confiança que resulta da nossa fé na lei de Deus. Davi enfrenta o gigantesco e extremamente bem armado inimigo Golias, apenas com uma funda e algumas pedras. Sua verdadeira força, porém, residia no fato de ele estar consciente da presença de um Deus infinitamente poderoso e bom. Todas as pessoas que lutam por justiça podem munir-se do mesmo tipo de arma: sua fé absoluta no Deus Todo-poderoso. Davi venceu Golias porque sabia que não havia poder algum capaz de desafiar a suprema lei de Deus.
A mensagem firme que a Bíblia nos transmite, de que o poder espiritual prevalece sobre a força material, teve uma grande repercussão na vida de uma mulher americana do século XIX chamada Mary Baker Eddy, que descobriu a Christian Science. A época em que a Sra. Eddy viveu foi palco de algumas importantes lutas por justiça nos Estados Unidos, entre as quais o fim da escravidão e o início da observância dos direitos da mulher. Para ela, contudo, a batalha fundamental da humanidade, nos termos mais amplos possíveis, consistia em ter o direito de comprovar o poder de Deus sobre qualquer tipo de opressão.
Em sua principal obra, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, ela explicou que esse poder não é milagroso e não tem nada a ver com força de vontade pessoal. Ela descobriu que a fé necessária para derrotar os Golias é a compreensão de que Deus é o Princípio amoroso que dá origem a toda a realidade, e a governa. Uma vez que Deus não produz o mal, este é basicamente irreal, e pode ser destruído. Durante mais de quarenta anos, a Sra. Eddy empenhou-se com sucesso para provar que tanto o pecado como a doença podem ser vencidos através da compreensão de que Deus é tudo. Ela enfrentou muita resistência às suas idéias, tanto na condição de mulher, como na de pensadora religiosa, mas não desistiu de lutar para libertar a humanidade da mais elementar injustiça: a de crer que exista alguma verdade ou poder capaz de desafiar o fato de que a vida, a liberdade e a saúde são a vontade de Deus
Essa verdade universal confere poder às orações de qualquer pessoa que confie no governo de Deus. Conversei recentemente com uma colombiana. Ela me disse que estão surgindo, de uma forma espontânea em diversas regiões de Bogotá, inúmeros grupos de oração pequenos, que reúnem seguidores de várias denominações. Ela acredita que as dificuldades enfrentadas por seu país deram origem a um movimento espiritual popular, que está despertando as pessoas para o poder de Deus.
Os grupos de oração de Bogotá nos fazem lembrar de Davi, munido apenas de uma funda e de algumas pedrinhas. Apoiando essas orações está todo o poder da lei divina do bem. E, devido à confiança inata que as pessoas têm nessa lei, elas jamais deixarão de se empenhar para que todos tenham consciência dela.
