Eu costumava me sentir envaidecida quando alguém comentava que eu tinha mania de controlar tudo. Até que tive um sério problema com isso. Eu trabalho no mercado de ações em Los Angeles, Estados Unidos. A minha mania de controle funcionava bem quando o mercado estava em alta constante. Eu me sentia confiante, ganhava muito dinheiro, estava sempre muito ocupada controlando meus negócios, controlando meus funcionários e, inconscientemente, tentando controlar meu marido. As coisas iam tão bem comigo que eu tentava consertar a vida de todo o mundo, intrometendo-me em assuntos particulares de amigos e familiares, oferecendo conselhos que não eram solicitados, ofendendo as outras pessoas. Eu não percebia o que estava fazendo. De repente, o mercado de ações desabou. Eu continuava muito ocupada, mas quase não ganhava dinheiro. O telefone tocava sem parar, mas poucas operações lucrativas eram concretizadas. Tive de pedir dinheiro emprestado para cobrir despesas fixas importantes. Meus rendimentos mal davam para pagar o salário de minha secretária. E, ainda por cima, eu havia acabado de contratar um funcionário muito caro, que tinha se mudado de outra cidade para trabalhar comigo.
Comecei a acordar no meio da noite, aterrorizada. Ainda tentando controlar as coisas, eu orava um pouquinho, e logo começava a pensar nos planos que eu ficava elaborando. Qualquer sensação de paz que eu adquirisse com a oração desaparecia.
Certa noite, meu marido e eu saímos para uma viagem curta num pequeno avião particular. Meu marido pilotava o avião, e como o espaço aéreo de Los Angeles tem muito tráfego, uma de minhas atribuições era ficar observando os outros aviões que também estavam voando. A noite estava clara e calma. Eram cerca de 21 horas, e voávamos na direção oeste.
À medida que ganhávamos altitude, notei algo que parecia um jato 747 diretamente à nossa frente. A luz do jato parecia crescer cada vez mais e estar cada vez mais próxima de nós.
"Você está vendo o tráfego à nossa frente?", perguntei ao meu marido.
"Estou", respondeu ele, mas sem mudar nosso curso.
Alguns minutos depois, eu gentilmente questionei a decisão de meu marido, perguntando: "Quanto tempo deve demorar para cruzarmos com ele?"
Com sua voz oficial de piloto e uma piscada de olho, ele respondeu: "Ah, não sei, talvez algumas centenas de milhões de anos."
Eu estava sempre ocupada controlando meus negócios, meus funcionários e, inconscientemente, tentando controlar meu marido
Era um planeta que brilhava ao longe, não um jato 747.
Quando paramos de rir, pensei no que acabara de acontecer. Eu estivera a ponto de ter um ataque de pânico, enquanto meu marido tinha ficado muito calmo. Ele não havia sentido medo ou percebido perigo em nenhum momento, porque sabia a diferença entre um jato e um planeta. Eu queria mudar o pânico que estava havendo em minha vida, por essa mesma calma confiante. Comecei a orar em busca de uma resposta que eu pudesse compreender.
Mais tarde, num momento de humilde oração, percebi que meus problemas se originavam no fato de eu achar que tinha de fazer tudo sozinha, que eu vivia sem auxílio na vida, tendo de lutar para alcançar sucesso e felicidade. Mas eu acredito que nosso Pai celestial nunca nos deixa sozinhos, e que Ele nos mantém sempre sob Seu cuidado. Mesmo quando parece que estamos separados do bem, na verdade nós não estamos. Precisamos apenas parar de pensar e de agir como se estivéssemos sozinhos.
Essa nova idéia me despertou. Percebi que já estava na hora de eu abandonar minha vontade de controlar tudo, e começar a conhecer e confiar no poder e na sabedoria de Deus.
Ao invés de começar, como sempre, a fazer planos e projetos, comecei a me empenhar para aplicar mais a oração aos problemas que eu estava enfrentando, inclusive a falta de recursos para levar adiante meus negócios.
Orei para saber o que fazer com relação ao funcionário que eu não podia manter. Acontece que, sem eu saber, esse funcionário estivera trabalhando para seu próprio negócio durante o horário de expediente na empresa. Eu havia me deixado levar por sua conversa sobre o que ele planejava fazer por mim, e não reparei no que ele estava realmente fazendo para nosso escritório no dia-a-dia. Quando me calei o suficiente para ouvir a orientação de Deus, o que eu precisava saber sobre esse funcionário logo veio à tona.
Ao invés de me enfurecer com ele, orei para que Deus me mostrasse o que fazer. A resposta veio de forma clara e rápida, como se um consultor profissional estivesse sentado à mesa na minha frente. "Ajuste a remuneração desse funcionário, para que o salário dele fique diretamente atrelado ao seu desempenho e à sua produção. E deixe os detalhes comigo".
Dois dias depois de eu ter acertado essa nova forma de pagamento para esse funcionário, ele se demitiu. Um mês depois, contratei um estudante universitário para trabalhar durante meio período por alguns meses. Esse rapaz fez o serviço por uma fração do custo, enquanto adquiriu uma valiosa experiência profissional.
Desde essa época, meus negócios e minha situação financeira pessoal se estabilizaram consideravelmente. Também em relação aos meus amigos e parentes eu melhorei: passei a escutar mais e me intrometer menos. Eu já não forço tanto para que certas coisas aconteçam.
Com a vida sob o controle de Deus, está ficando cada vez mais óbvio que as soluções baseadas em oração são infinitamente melhores do que quaisquer outras que se baseiem apenas nos meus pensamentos.
