Os assustadores ataques terroristas e as notícias de uma "guerra santa" fizeram-me pensar mais seriamente sobre o que cada um de nós pode fazer pela paz mundial. O que parece é que a paz no mundo está fora do nosso alcance individual, e esse senso de impotência aumenta-nos o medo e nos tira a paz interior.
Pensando sobre isso, lembrei-me de algo que um amigo me disse, há muitos anos: "Se existem leis da natureza, deve existir um Legislador. Alguns O chamam de Jeová, outros de Alá, ou algum outro nome. Para mim é Deus e pronto". Se as leis são as mesmas no universo todo, o Legislador deve ser o mesmo, ainda que os homens Lhe dêem outros nomes. Isso me fez entender que estamos todos sob a mesma jurisdição divina, independentemente de credos, e não há diversas jurisdições em luta entre si para ganhar a supremacia. E mais, esse Legislador único é o amor, como o define a Bíblia (ver 1 João 4:8). Por esse motivo, podemos ter certeza de que Ele governa e dirige o universo com amor; Suas leis são leis de amor.
As inúmeras religiões existentes são apenas um sinal de que o homem busca incessantemente algo superior, espiritual, ou seja, busca conhecer a Deus. Por isso, elas não devem ser motivo de lutas nem de dissensões, mas sim, de gratidão por essa centelha divina presente em todos. Ao falar da liberdade de escolha, a Descobridora e Fundadora da Christian Science, Mary Baker Eddy, em seu livro, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, disse que, em sua opinião, "...todos têm o direito de elaborar a própria salvação de acordo com suas luzes e que nosso lema deveria ser o conselho do Mestre: 'Não julgueis, para que não sejais julgados' " (p. 443).
As inúmeras religiões existentes são apenas um sinal de que o homem busca incessantemente algo superior, espiritual, ou seja, busca conhecer a Deus.
Muito embora condenemos todo e qualquer ato de violência, podemos, como Jesus, amar e perdoar as pessoas que os praticaram. Elas pensavam estar "elaborando a própria salvação", mas estavam equivocadas; foram ludibriadas por conceitos errôneos.
Se lembramos que fomos todos criados pelo mesmo Deus, podemos amar nosso próximo em qualquer circunstância. Podemos sentir o amor divino presente em todo lugar e vê-lo manifesto em cada um de Seus filhos. O amor do Amor, Deus, é o único poder e age na consciência individual. Pensar nesses fatos ajudou-me a reencontrar a paz interior, depois dos ataques terroristas aos Estados Unidos, e a sentir compaixão, em vez de ódio, pelas pessoas que os praticaram.
Quando tomamos consciência desses fatos, contribuímos para a paz mundial. E isso nos ajuda a pacificar as eventuais "guerras" de nossa vida particular, como pude constatar na situação que vou contar ao nosso leitor.
Como síndica do edifício em que moro, tenho o dever de fazer respeitar o regulamento do prédio. Isso às vezes faz com que um ou outro inquilino, ou condômino, se ressinta e questione minha atitude. Em geral, a coisa é resolvida com o diálogo mas, no caso de um determinado inquilino, tempos atrás, o problema assumiu proporções de terrorismo, em certo sentido. Por exemplo, esse senhor arrancava e destruía as placas de segurança que indicavam os extintores e as saídas de emergência. Por serem obrigatórias por lei, eu tinha de repô-las todas as vezes. Ele deixava lixo no vestíbulo do prédio e o portão de entrada escancarado. Como não temos porteiro, isso punha em risco nossa segurança. Certa vez, colocou graxa na maçaneta da porta do meu carro e riscou a porta do meu apartamento. Por um tempo, ele também violou minhas cartas, até eu colocar novas caixas para a correspondência. Diversas vezes ele me fez ameaças pessoais.
Em meio a tudo isso, jamais senti medo e consegui preservar minha paz interior. Tinha certeza de minha inocência e empenhei-me em preservá-la, não cedendo à tentação de sentir raiva ou de reagir. Pedi ajuda a uma praticista da Christian Science, e ambas oramos com dedicação, procurando ver esse homem como Deus o vê, como Ele o criou, bom e perfeito. Lia e estudava o Salmo 91, na Bíblia, cujos dizeres me davam a certeza da proteção divina, tanto para mim como para o prédio e os outros moradores. Com isso, conseguia tratar esse senhor com paciência e perdoá-lo. Não houve nenhum dos possíveis danos maiores.
Um dia, voltando de viagem, encontrei o portão devidamente trancado, o vestíbulo limpo e tudo em ordem. Fui avisada de que aquele inquilino havia se mudado.
"...paz para os que estão longe e para os que estão perto, diz o Senhor" (Isaías 57:19). Essa é a vontade de Deus e o verdadeiro desejo de todos. Quando oramos e nos empenhamos por estabelecer e manter a paz em nosso íntimo e na nossa vida diária, estamos fazendo a parte que nos cabe para o estabelecimento da paz mundial.
