Você poderia descrever resumidamente sua jornada ao longo dos anos, com relação ao seu interesse pelas coisas do Espírito?
Comecei a pensar em termos espirituais desde criança. Eu me lembro quando passei a compreender que minha vida real era espiritual. Foram momentos de definição. Desde aquela época, sempre senti a profunda e inevitável realidade de Deus. Freqüentemente minha mãe me dizia para confiar no Cristo. Ao dizer isso, ela olhava diretamente nos meus olhos, e eu percebia o sentido puro da verdade daquela declaração. Então, conseguia compreender aquele amor. Minha mãe me mostrou a fé que não era baseada apenas em informação teológica, mas no sentido espiritual. Essa fé se dirigia ao meu ser verdadeiro, em essência e em espírito.
Notei que quando as pessoas estão tentando entender melhor a espiritualidade, colocam muita ênfase no "sentimento". Em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy ajuda a explicar a diferença entre o sentido espiritual puro de alguma coisa e o sentimento humano ou emocionalismo. Foi na Christian Science que descobri exatamente o que minha mãe me explicara.
Brian, poderia nos falar sobre algum momento em sua jornada em que você venceu o medo e a escuridão mental? Como esses desafios ajudaram a fortalecer seu desejo pela cura?
Passei por situações muito difíceis. Acho que cada uma de nossas experiências é importante, porque nos faz entender nosso propósito e a razão de estarmos aqui. Quando tinha uns nove ou dez anos comecei a beber, porque estava sofrendo muito. Minha família passava por sérios desafios e eu me sentia sozinho. Um dia, quando estava na rua bebendo cerveja, tive uma sensação diferente. Fiquei muito apegado àquele sentimento. Qualquer coisa que fosse diferente do sofrimento relacionado com as circunstâncias em que eu me encontrava, parecia boa.
Passei pelos vinte anos e entrei nos trinta, como um sujeito um tanto rebelde e perturbado, consumindo drogas e bebendo, mas sentindo durante todo o tempo que, de alguma maneira, eu ainda estava profundamente ligado a Deus. Eu estava sempre orando, acreditando e sabendo que Deus estava comigo, em meio àquele caos.
Eu queria muito aprender mais sobre a natureza espiritual do homem, que é a minha natureza verdadeira. E minha convicção, hoje, não é diferente daquela que eu tinha quando minha mãe pela primeira vez me disse para ouvir a Deus. Aquela convicção estava dentro de mim. Nessa época, uma noite, fazendo uma oração, pedi a Deus que me tirasse a vida ou a mudasse. Eu não podia continuar na situação em que me encontrava. Alguma coisa tinha de mudar. No dia seguinte, encontrei alguém que estava no caminho da recuperação, cuja história era muito semelhante à minha. Quando aquela pessoa "me tomou pela mão", eu soube, intuitivamente, que o que me estava sendo oferecido era um presente de Deus. Dei início a um caminho de recuperação que incluía a participação em um programa de doze etapas. Isso aconteceu há vinte anos. Fazia parte desse programa melhorar diariamente nosso "contato consciente com Deus".
Ainda não abandonei esse caminho de busca da Verdade.
Como Ciência e Saúde entrou em sua vida?
Um amigo me deu Ciência e Saúde há uns seis anos. Quando comecei a lê-lo, percebi que era uma linguagem com a qual eu conseguia me identificar. Ciência e Saúde colocou em palavras e deu uma definição a coisas que, no íntimo, eu sempre soubera e nas quais acreditava. Uma idéia que achei particularmente útil foi o conceito de que Deus é Tudo-em-tudo. Quando jovem e durante minha recuperação, eu usava freqüentemente esse conceito de "Tudo-em-tudo" para ajudar-me a explicar para os outros meu conceito sobre Deus.
Eu queria muito aprender sobre a natureza espiritual do homem.
Para mim, Ciência e Saúde é experimental. O simples fato de passar o tempo colocando as idéias do livro em prática, cria um ambiente propício a qualquer mudança ou transição que se faça necessária em nossa vida. Acho que a realidade do Cristo está fora de um contexto humano de tempo. Portanto, em essência, as verdades contidas em Ciência e Saúde estão sempre disponíveis a todos.
Algumas vezes, eu me lembro de alguma dúvida que tive durante meses ou mesmo anos. E quando abro Ciência e Saúde, a primeira frase que leio tem relação com minha dúvida e traz a resposta que procuro. É muito valioso sentir essa união com Deus.
Brian, você poderia dar um exemplo de como os conceitos espirituais a que você se refere o ajudaram?
Eu ia de carro para New Hampshire a negócios e, na ocasião, não estava me dando nada bem com o fabricante com quem estava trabalhando. Eu sentia muita raiva e estava tendo dificuldade para lidar com esse sentimento. Parei em um hotel de beira de estrada e comecei a orar. Orei sem parar durante toda a noite. Pedi que Deus enviasse um anjo para proteger daquela raiva a mim e também ao fabricante.
De manhã, entrei no carro e tomei o caminho rumo ao meu compromisso. Havia um jovem pedindo carona na estrada e senti-me impelido a levá-lo. Quando começamos a conversar, percebi que ele estava passando pelos mesmos desafios que eu havia enfrentado quando adolescente. Ele tinha uma história de vida semelhante à minha. Comecei a lhe falar sobre minha jornada espiritual e sobre como minha vida havia mudado, devido ao fato de eu ter aprimorado minha união com Deus.
Enquanto eu conversava com ele, percebi que o ódio e a raiva haviam desaparecido completamente e eu só conseguia sentir amor dentro de mim. Compreendi que o encontro com esse jovem tinha sido a mensagem angelical para mim e, ao ajudá-lo, meu pensamento havia sido totalmente transformado.
Antes de ir embora, ele me disse que seu nome era Gabriel. Isso foi significativo para mim, por causa da definição de Gabriel em Ciência e Saúde. Gabriel é o anjo que transmite o "Amor prestadio" (p. 567). Esse acontecimento provou, uma vez mais, que as idéias contidas em Ciência e Saúde são experimentais.
Você acha que conversar com os outros sobre a identidade espiritual, cristã, de cada um, faz parte de seu trabalho? Você leva as idéias contidas em Ciência e Saúde Com você para o trabalho?
Sim. Eu as levo para toda parte... para toda parte a que vou. Fico pensando na realidade espiritual a respeito de uma determinada situação, quando ouço os clientes no salão conversando sobre problemas e doenças. Fico imaginando como Jesus via as pessoas. Acho que ele ouvia todo tipo de histórias. Tento, também, ter um senso de humildade. Compreendo que, em minha própria vida, não faço nada que seja humanamente perfeito. Mas sempre mantenho, para mim mesmo, meu relacionamento com a realidade espiritual a respeito de onde eu estou e de onde eu venho. Gosto também de pensar em Paulo e no que ele fez para ministrar amor à humanidade.
Acho que é importante aprender com as jornadas espirituais dos outros. Elas devem ajudar-nos a nos unir, não a nos separar. Você não pode irradiar luz, estando do lado de fora de uma situação. Você tem de tentar ver dentro, respeitando realmente o local em que as pessoas se encontram. Precisamos valorizar a jornada de cada um porque é uma história. Todos somos uma história com um propósito. Acho que aquilo que as pessoas estão realmente procurando, percorrendo os mais variados caminhos espirituais, é amor. Elas estão procurando aquela união, aquele amor que conheceram quando criancinhas. Ciência e Saúde coloca essas verdades universais em palavras.
