Quando meu marido me abandonou, tive de me encarregar sozinha de todas as despesas com alimentação, vestuário e educação de quatro filhos, sendo que o mais velho tinha oito anos e o menor seis meses.
Em vez de enfrentar o problema com sabedoria, deixei-me dominar por sentimentos de frustração,
amargura, decepção, dor e solidão. Eu não queria entreter esses sentimentos, pois sabia que não eram bons. Mas eu não conseguia eliminá-los e eles se intensificavam cada vez mais. Eu não sabia o que fazer, mas agradecia a Deus porque meus filhos tinham comida, roupas e o que necessitavam. Eu pensava que quando eles crescessem, se tivessem estudado, estariam mais bem preparados para enfrentar problemas. Eu os amava, e lhes falava de seu pai com amor, dizendo que ele tinha sido um bom pai e bom marido, mas não sabia explicar-lhes o porquê de ele ter ido embora.
Os anos passaram. Um dia, quando morava em Madri, fui a Bogotá com uma das minhas filhas. Sentimos sede, compramos uma graviola e a repartimos. Ao comê-la, eu me lembrei que meu marido também gostava muito daquela fruta e esse pensamento inquietou-me. Ao contrário do que costumo fazer, terminei de comer bem rápido. Logo depois, comecei a sentir muito calor e a transpirar. Eu sentia o rosto afogueado e outros sintomas desagradáveis. Minha filha e eu começamos a orar. Conhecíamos a Christian Science havia algum tempo e recorríamos sempre a Deus em oração para solucionar problemas de qualquer tipo.
Andamos mais depressa e nos dirigimos a uma igreja da Christian Science perto dali. Apeguei-me à idéia de que Deus é Vida e eu, Sua filha, criada à Sua imagem e semelhança, só poderia expressar a Vida. Por essa razão, eu não podia ter nenhum tipo de doença. Eu sabia que todas as minhas funções e sensações eram governadas pela Mente única, Deus, e, por essa razão, eram perfeitas. Reconheci que eu respirava a atmosfera do Amor divino, que está mais próxima do que o ar que nos rodeia, porque em "Deus vivemos, nos movemos e existimos" (Atos 17:28). Concluí que, como Deus é Espírito, eu, por ser a Sua idéia espiritual, não poderia sofrer, ficar doente nem morrer.
Quando chegamos à igreja, pedi que minha filha tomasse emprestado na Sala de Leitura o livro Ciência e Saúde, pois me lembrava das idéias da página 468, as quais sempre me haviam servido de apoio. Como o mal-estar impedia que eu me lembrasse exatamente da mensagem, queria ler o livro ou que minha filha o lesse para mim. Eu não conseguia mais resistir aos pensamentos de morte, que eram muito fortes. A menina leu em voz alta a "exposição científica do ser", que começa com as seguintes palavras: "Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria. Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo".
Enquanto ela lia, eu dava graças a Deus por toda a Sua criação, porque "tudo quanto [Ele] fizera era muito bom" (Gênesis 1:31). Essa criação incluía todas as frutas. Também agradeci por todos os homens que Ele havia criado e reconheci que meu marido estava entre eles. Desejava de todo o coração vê-lo como Deus o havia criado, bom, e não abrigar em relação a ele nenhum sentimento que fosse ruim. Pedi a Deus que me livrasse da tentação de sentir rancor pelo meu marido e também que meus filhos se livrassem do ressentimento e do sentimento de vingança que nutriam contra o pai.
Estava na igreja uma praticista que era minha amiga. Ela logo percebeu que eu não estava bem e começou a orar. Senti vontade de ir ao banheiro. Quando voltei, sentei-me e adormeci por uns minutos. Ao acordar, sentia-me bem melhor. Minha amiga insistiu em acompanhar-nos até em casa. No dia seguinte eu estava completamente bem.
A partir daí, comecei a vigiar meu pensamento com disciplina e constância, orando a Deus como diz o hino 329 do Hinário da Ciência Cristã: "Meu pensamento livra do ócio ou vil ação, ó Redentor, me guarda de toda transgressão." Aprendi que a obediência a Deus, sem angústia ou temor, só nos traz bênçãos, felicidade e bons frutos e compreendi que, na criação de Deus, todos os homens são úteis. Esforço-me para obedecer à Regra Áurea, como nos ensinou Cristo Jesus: "Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles" (Lucas 6:31).
Sinto-me livre e creio que todos em minha família progredimos muito. Nosso progresso espiritual se reflete em estabilidade econômica e em todas as nossas atividades diárias.
Agradeço imensamente à Sra. Eddy por esta mensagem do livro The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany: "Os bons pensamentos são uma armadura impenetrável; assim revestidos, estais completamente resguardados contra os ataques do erro de qualquer espécie. E não só vós estais protegidos, mas também todos aqueles sobre os quais repousam vossos pensamentos, são dessa forma beneficiados" (p. 210). Nessa mensagem encontro proteção para mim e para meus filhos e, através do meu pensamento, envolvo toda a humanidade em um sentimento de amor.
Bogotá, Colômbia
