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Reflexões

Obrigada pelo piano

Da edição de agosto de 2002 dO Arauto da Ciência Cristã


Pequenas coisas fazem uma enorme diferença. Às vezes, quando estamos diante do que parece ser uma parede mental de tijolos, podemos demoli-la aos poucos, tijolo por tijolo, ou melhor, pensamento por pensamento. A gratidão é um dos pensamentos que ajudam a derrubar esse tipo de parede mental.

Quando eu tinha uns dezesseis ou dezessete anos, decidi ler o livro dos Salmos, na Bíblia. À medida que lia, percebia como os ouvintes daquela época (os Salmos eram provavelmente cantados ou recitados) eram ocasionalmente estimulados a magnificar o Senhor, como por exemplo: “...os que amam a tua salvação digam sempre: Deus seja magnificado!”(Salmos 70:4).

Naquela época eu sabia que magnificar significava dar louvor a Deus. No entanto, alguns anos mais tarde comecei a pensar mais sobre outro significado dessa palavra: ampliar, aumentar. Quando magnificamos a Deus, o que estamos ampliando? Podemos tornar Deus maior? É claro que não! Deus é infinito. Como podemos aumentar algo que já é infinito? É nossa percepção de Deus que se amplia. E como Deus é bom, na realidade estamos de fato ampliando nossa percepção do bem. Foi então que, pela primeira vez, entendi que talvez minha percepção do bem fosse muito pequena.

Se Deus é Espírito, como diz a Bíblia, a bondade de Deus é espiritual e, portanto, está em toda parte. Os seres humanos tendem a ver apenas uma parcela limitada do bem, da bondade, da beleza, do amor e chamam a essa percepção estreita de “realismo”. Mas isso não é realismo. É, na verdade, uma visão distorcida da realidade, o oposto do realismo. Quando não vemos o bem por aquilo que ele é – Deus – acabamos nos contentando com uma porção limitada do bem e sentimo-nos desapontados. Por outro lado, se nossa percepção do bem se aproxima do infinito, como é sua natureza, reconheceremos mais do bem de Deus à nossa volta.

Certa vez, ouvi alguém definir gratidão como “o reconhecimento daquilo que é”. E o que significa esse “é”? Deus “é”. Apenas isso. É impossível ter uma percepção do bem espiritual que seja ampla demais ou exagerada. Isso não quer dizer, porém, que se deva exagerar, inventar ou vislumbrar alguma forma de bem que não estejamos de fato vivenciando. Tampouco precisamos de mero otimismo. Reconhecer e ser grato pela presença da beleza, do amor e da força, mesmo que no momento não tenhamos muita evidência, ajuda-nos a enfrentar o desapontamento e começa a dissolver o que quer que esteja causando o sentimento ruim. A gratidão amplia nossa capacidade de perceber o bem espiritual que existe em nossa vida e que, por alguma razão, não estamos enxergando. A percepção do bem espiritual promove a cura.

A Bíblia oferece inúmeros exemplos do papel da gratidão na solução de todo tipo de problema. Por exemplo, Josafá colocou cantores à frente do exército para louvar (ou agradecer) A Deus e, contra toda previsão, os israelitas venceram a batalha sem luta (ver 2 Crônicas 20:20-24). Outra história levanta um ponto importante sobre a gratidão, sem sequer mencionar essa palavra. A viúva de um homem que confiava em Deus procura o profeta Eliseu por estar com muito medo. Ela não tem mais dinheiro e os credores estão prestes a vender seus filhos como escravos (ver 2 Reis 4:1-7). Eliseu não dá dinheiro para a mulher e tampouco a manda embora após algumas palavras banais. Ao contrário, pergunta-lhe o que ela tem em casa. Ela responde que tem apenas um jarro de azeite. Eliseu, então, lhe diz que vá para casa e peça emprestadas aos vizinhos tantas vasilhas quanto possível e despeje o azeite nessas vasilhas. Ela e seus filhos seguem a recomendação de Eliseu e o azeite daquele pequeno jarro não se esgota até que todas as vasilhas emprestadas estejam cheias. A viúva vende o azeite, paga suas dívidas, seus filhos continuam livres e ainda sobra dinheiro para a subsistência da família.

A gratidão amplia nossa capacidade de perceber o bem espiritual.

E então, que temos nós em casa? Cada um de nós tem pelo menos o equivalente a um jarro de azeite, ou seja, uma pequena, mas tangível prova da abundância de Deus. Se a reconhecermos como evidência do bem espiritual infinito que está sempre conosco, veremos essa prova se multiplicar. Ou seja, perceberemos uma evidência maior do bem.

Certa noite, quando eu estava na faculdade sentindo-me muito mal, meu “jarro de azeite” foi um piano. Eu estava péssima e o bem de Deus parecia muito distante a ponto de eu não conseguir orar. Eu morava no campus da universidade e achei que se cantasse talvez me sentisse melhor. Com muito custo fui até o prédio da escola de música. Quando entrei no estúdio, não consegui cantar. Fiquei conseguisse expressar um pouco de gratidão talvez me sentisse melhor. Mas as idéias que me vinham ao pensamento, de que Deus é Tudo e de que minha natureza genuína como Sua imagem é espiritual, não pareciam muito reais para mim, apesar de eu saber que essas idéias eram verdadeiras e que elas já haviam me ajudado em outras ocasiões. Então, pensei que deveria começar com alguma coisa menor, um pensamento no qual pudesse me apoiar naquele momento.

Decidi expressar gratidão por pequenos indícios de que Deus estava comigo ali, naquele exato momento. Foi então que meus olhos pousaram sobre o piano que estava à minha frente. Muito bem, comecei com ele. “Deus, obrigada por haver um piano nesta sala.” A gratidão que eu sentia era realmente sincera.

A partir daí fui capaz de expressar gratidão por várias coisas. Das pequeninas passei a coisas maiores. Logo comecei a me sentir feliz e esse sentimento aumentou. Pouco depois saí do estúdio me sentindo muito melhor, e dentro de uma hora ou duas me senti completamente bem.

A gratidão é a prática do realismo espiritual. Ela não apenas nos faz bem, mas ajuda as pessoas à nossa volta de uma maneira que não podemos imaginar. Graças a Deus!

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