Desde criança, tinha muita vontade de ser pai de família. Esse desejo era o resultado de como vivia minha família naquela época, uma família coesa e unida onde as funções do meu pai (protetor e educador) e da minha mãe (carinhosa e atenciosa) demonstravam a melhor maneira de cuidar de nós, quatro meninos. Tais funções eram exercidas com muita dedicação e equilíbrio e exatamente por isso, somado com o carinho do dia-a-dia, deixavam-me feliz em saber que eu também poderia exercê-las um dia.
Conheço a Christian Science desde pequeno e quando me tornei adolescente, comecei a estudar mais a Bíblia e o livro Ciência e Saúde com as Chaves das Escrituras, de Mary Baker Eddy, para entender melhor meu desejo de ter filhos. Então, outro ponto de vista apareceu: o lado espiritual de ser pai.
No decorrer de meus estudos e pesquisas, veio-me a idéia de procurar no dicionário qual era a definição de pai e me surpreendi com essa definição: “Designação bíblica da divindade, com relação a toda a criação. especialmente ao homem” (Aurélio, 2a ed., p. 1246). Depois de ler várias vezes essa definição, consegui perceber que meu Pai verdadeiro é Deus, o Criador de tudo, do homem inclusive. Pensando assim, compreendi que eu fazia parte da criação de Deus e que Ele me daria a oportunidade de exercer funções paternas. Sempre que me lembrava desse meu desejo, procurava manter meus pensamentos alinhados com o Criador do homem, o Pai-Mãe-Deus.
Quando comecei os preparativos para me casar, já adulto, era comum os noivos passarem por uma série de exames médicos “pré-nupciais” para certificar-se, antes do casamento, estar gozando de boa saúde. Sempre fui saudável, mas um desses exames trouxe-me a notícia de que não podería ter filhos. Fiquei muito desapontado com o resultado. Como tinha o hábito de orar para resolver meus problemas e sempre obtivera resultados satisfatórios, voltei-me à Deus em busca de ajuda.
Essa cura veio atestar uma vez mais o poder de Deus, realizando sempre o bem para todos.
Resolvi procurar uma praticista da Christian Science para ajudar-me por meio da oração. Ao contar-lhe meu problema, lembro muito bem de ouvi-la lendo de Ciência e Saúde: “O desejo é oração: e nenhuma perda nos pode advir por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam modelados e sublimados antes de tomarem forma em palavras e ações” (p. 1:11).
Mas, se eu tinha o desejo de ser pai, porquê aquele exame estava me mostrando o contrário? Percebi, então, que precisava ver-me filho de Deus e como Sua semelhança. Se Deus é perfeito, eu só posso refletir essa perfeição. Senti que precisava confiar mais em Deus, e que Ele me guiava em todas as situações.
A praticista havia indicado uma vasta bibliografia para estudar sobre o assunto e, no decorrer de meu estudo, encontrei na Bíblia várias histórias de pessoas que, ao confiarem incondicionalmente em Deus como Pai, tiveram fortes provas do amor que Ele tem Pelos Seus filhos, e as situações foram resolvidas, como é o caso de Daniel na cova dos leões, os jovens hebreus salvos da fornalha ardente, além de muitas outras (ver Daniel 3, 6). O que todas essas histórias têm em comum? Para mim, é a confiança no amor de Deus para com Seus filhos.
Após o meu estudo, fiquei tranquilo. Passei a confiar que minha identidade espiritual é perfeita, e a saber que Deus estava me amando. Bom, depois de alguns anos, os filhos vieram, apesar de serem de casamentos diferentes. Essa cura veio atestar uma vez mais o poder de Deus, realizando sempre o bem para todos.
Dedico amor, carinho, atenção, disposição, paciência, ao educar meus filhos. Eu também os vejo como filhos de Deus. Isso me ajuda à medida que eles vão crescendo.
Às vezes, parece ser difícil cumprir o papel de pai, em especial no país em que vivo, o Brasil, onde a prova de masculinidade é exigida constantemente pela sociedade e o homem não tem de tomar conta de crianças e sim trabalhar. Mas, orando, consegui parar de classificar as atividades como masculinas ou femininas. Lembro-me de que muitas vezes sentei-me no chão com minha filha para brincar de boneca, de casinha ou ainda de fazer comidinha, tudo isso com muito amor, sem culpa por essa não ser uma atividade tipicamente masculina. Hoje minha filha é uma linda jovem universitária e se lembra muito bem de nossas brincadeiras.
Compreender que as qualidades masculinas e femininas estão ao alcance de todos me ajuda em como me dedico aos meus filhos.
Com a vinda do meu segundo filho, decorrente de outro casamento, as qualidades de pai que pude expressar foram também gratificantes, como dar mamadeira, banho, trocar fraldas, brincar de carrinho, fazer almoço, levar à escola, ajudar a fazer lição de casa e brincar também com os amigos dele quando passam o dia conosco.
O fato de eu aceitar minha filiação com Deus e compreender que as qualidades masculinas e femininas estão ao alcance de todos me ajuda em como me dedico aos meus filhos. Isso certamente colaborou para que meus dois filhos se dessem muito bem, apesar de morarem em cidades distantes.
Meu estudo da Bíblia e do livro Ciência e Saúde, além de outros escritos da Sra. Eddy, me inspiraram em minha oração sobre meu desejo de ser pai e minha união com Deus, meu verdadeiro Pai. E acredito que o fato de ter sentido tanta tranquilidade por saber que Deus me ama permitiu-me ser curado e ter filhos.
Como é importante saber que estou amparado por Deus! Dessa mesma forma, tenho a certeza de que meus filhos estão seguros, pois Deus os acompanha em suas tarefas diárias.
Sou muito feliz por ser pai e exerço minhas funções com muito amor, carinho e dedicação. Cada dia aprendo mais com essa experiência.
