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Reflexões

Recuperando a auto-estima

Da edição de agosto de 2002 dO Arauto da Ciência Cristã


Certo dia, conversando com um senhor que já é avô, este me contou que estava profundamente angustiado porque soubera que, durante vários anos, um dos netos dele havia sofrido abuso sexual. A família tinha denunciado o fato às autoridades competentes, mas essa providência não estava ajudando em nada a diminuir a angústia e revolta que todos eles sentiam. Era difícil para eles pensarem numa forma de auxiliar a criança. A raiva, o medo, a repugnância, o sentimento de traição e a tristeza estavam atrapalhando seus esforços para ajudar a criança, nessa hora de grande necessidade.

Um dos desafios encontrados, quando se pensa em ajudar pessoas que tiveram esse tipo de problema, é a convicção generalizada de que o abuso sexual deixa cicatrizes mentais para o resto da vida. Muitas vezes, esse tipo de abuso atinge a auto-estima da pessoa, e impede que ela desenvolva relacionamentos pessoais saudáveis.

A ajuda espiritual tem uma base que é oposta à da ajuda psicológica. Esse ponto de vista espiritual reconhece que o filho de Deus é criado na pureza e permanece imaculado. Esse fato nos assegura que o grande Pastor, o Deus que é Amor e Espírito, pode nos purificar a todos. Uma das promessas que encontramos no Novo Testamento é a de que esse Espírito faz novas todas as coisas. Jesus ensinou que podemos, que precisamos “nascer de novo”, ou seja, adquirir um conceito de identidade inteiramente novo.

Ler essa mensagem e afirmar essa verdade traz-nos muito ânimo. Mas como trazer essas idéias para nossa vida? Se fomos vítimas de abuso sexual, como podemos resgatar um sentimento saudável a respeito de nossa verdadeira identidade? Como podemos recuperar nossa auto-estima?

Para muitas pessoas, declarar sua própria inocência é o primeiro passo. Muitos que sofreram abuso aceitam a terrível sugestão de que eles devem ser os culpados. Consciente ou inconscientemente, eles acreditam que “atraíram esse tipo de situação”, e que deve haver algo depravado neles que haja induzido outros a molestá-los sexualmente. Esse pensamento precisa ser destruído, pois é injusto e cruel. Ao invés disso, essas pessoas precisam estar dispostas a lutar para provar sua inocência e declarar: “Eu não sou culpado; eu não fiz nada de errado.”

As crianças e mesmo os jovens se impressionam com facilidade. As crianças são suscetíveis às pessoas e à atmosfera mental que as rodeia. Quando essa atmosfera é nociva e depravada, a criança pode facilmente ser influenciada por ela. Mas os pensamentos pervertidos nunca se originam na criança. Eles são impostos por fatores externos. Quanto mais uma pessoa entende isso, tanto mais fácil fica para ela reconhecer e afirmar a inocência que lhe foi conferida por Deus. Pode declarar: “Eu não faço parte da fantasia sexual de ninguém; eu sou parte da criação de Deus”.

Um salmo da Bíblia diz: “Sabei que o Senhor é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio” (100:3). O filho de Deus é naturalmente bom: ele é total, completa e absolutamente bom, sempre. A obra de Deus não pode ser violentada nem prejudicada. Deus e Sua obra são eternos. Quando começamos a desenvolver o hábito de nos identificar como a criação de Deus, como filhos de Deus, despertamos para nossa pureza inata e para nossa inteireza. Esse hábito de encarar as coisas do ponto de Vista espiritual é um tipo de oração.

Outra coisa que muitas vezes destrói a auto-estima de uma pessoa é a sensação de que ela foi prejudicada emocional, física ou psicologicamente. Esse sentimento é contestado espiritualmente pelo fato de que Deus continua a nos amar. Em Jeremias, Deus diz: “...Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí” (31:3). Um amigo pode nos envolver num sentimento de segurança e amor mas, na maioria das vezes, isso não é o suficiente para mudar nosso estado interior. Essa é uma das grandes diferenças entre o afeto humano e o amor de Deus. O Amor divino nos ajuda a ver-nos de uma maneira diferente. Não podemos dizer que Deus nos ama apesar dos nossos defeitos, pois Ele não sabe nada sobre defeitos. E também não podemos dizer que Ele desconheça alguma coisa. O fato é que Deus não poderia criar nada que fosse diferente dEle, ou seja, algo que fosse diferente do bem. É por isso que o Amor divino nos ajuda a perceber nossa natureza totalmente boa, perfeita e sem mácula. Essa é a natureza que Deus preserva em nós. É algo que simplesmente não podemos perder.

Quando essas idéias se manifestam no pensamento de uma pessoa, anos de sofrimento, desprezo por si mesma e raiva se desvanecem. Dessa forma, a pessoa descobre que a essência de seu ser, de sua identidade, está ilesa. Que alegria descobrir que o mal, literalmente, jamais tocou essa pessoa! A essência eterna e espiritual de sua vida ainda irradia o bem. Ela continua a ser imaculada aos olhos de Deus.

Ciência e Saúde destaca um ponto que é extremamente útil para termos a idéia correta de quem nós somos: “O homem é espiritual e perfeito; e por ser espiritual e perfeito, tem de ser compreendido como tal na Ciência Cristã. O homem é idéia, a imagem do Amor; não é físico” (p. 475). Mencionamos anteriormente que Jesus enfatizou a importância de nascermos de novo. Para isso, precisamos compreender a natureza e o caráter da obra de Deus. Essa é a compreensão espiritual; ela consiste em descobrir o que significa ser parte da criação de Deus. Nosso conceito de valor e a imagem que temos de nós mesmos muda, quando descobrimos que fomos criados e somos preservados pelo Espírito.

“Sabei que o Senhor é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio.” Salmos 100.3

É isso que dá esperança à pessoa torturada por uma situação de abuso sexual, quer tenha acontecido no passado, quer esteja acontecendo no presente. Na Primeira Epístola de João lemos: “...quando ele [Deus] se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem essa esperança, assim como ele é puro” (3:2, 3). Quanto mais conhecemos a natureza do nosso Criador, tanto mais conhecemos a nós mesmos. Nada consegue elevar tanto a auto-estima e fazer com que as pessoas se sintam mais valorizadas, quanto essa compreensão espiritual que nos prova que somos completos e maravilhosos aos olhos de Deus. E assim nos tornamos maravilhosos aos nossos próprios olhos.

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