Há algum tempo, fui abordada por dois homens, que me obrigaram a entrar no meu carro e entregar-lhes a chave. Apesar da situação assustadora, senti uma calma muito grande. Eles tiraram o talão de cheques, os cartões de crédito e de banco de minha bolsa e disseram que iríamos passar em caixas eletrônicos para sacar dinheiro.
Não senti medo, mas serenidade e compaixão para com aqueles homens. Durante o tempo todo estive muito consciente de que nós três éramos filhos de Deus, de que estávamos na Sua presença e que um filho de Deus não pode cometer violência contra outro filho de Deus. Também pensei que aqueles homens não poderiam ser enganados a acreditar que para terem seu sustento, fossem obrigados a praticar um ato de violência contra qualquer outro filho de Deus.
Paramos duas ou três vezes em frente a um caixa eletrônico. Enquanto um sacava o dinheiro, o outro ficava no carro comigo e tive, então, a oportunidade de dizer-lhe algumas poucas palavras sobre a natureza divina de cada um de nós. Essa natureza é boa e nos impulsiona a fazer somente o bem ao próximo. Essa natureza também nos auxilia a encontrar uma solução para cada problema que se nos apresente.
Apesar da situação assustadora, eu me senti muito calma. Durante o tempo todo estive consciente de que um filho de Deus não pode cometer violência contra outro filho de Deus.
Depois de aproximadamente duas horas, eles me deixaram no centro da cidade com meu carro intacto. Devolveram minha bolsa com a carteira sem os cartões de crédito e sem os documentos e uma caneta de que muito gostava. Disse-lhes que a caneta tinha um valor afetivo para mim, que os documentos me eram muito importantes e que os cartões e o talão de cheques não lhes pertenciam por direito. Depois de alguns segundos de hesitação, devolveram-me tudo com a condição de não olhar para a direção em que seguiriam.
Tenho certeza de que a proteção não foi só minha. Eles foram protegidos de cometer alguma coisa mais violenta. E eu pude exercer o domínio sobre a situação, não pela força, mas por reconhecer com certeza absoluta a presença de Deus. E essa presença de Deus protege a todos. Outro fator importante foi que eu não tive raiva, pois sabia que Deus governa, guia e corrige a cada um de Seus filhos.
Para mim uma frase em Ciência e Saúde explica isso muito bem: "Dominas a situação se compreendes que a existência mortal é um estado de auto-engano, e não a verdade do ser" (p. 403). Quando uma pessoa pratica um ato de violência isso é um ato de auto-engano, pois está enganada a respeito de sua natureza divina. Deus se comunica com cada um de nós, Ele redime e corrige. Esse pensamento, com certeza, é uma oração que pode contribuir para eliminar a violência que enfrentamos diariamente nos grandes centros urbanos.
Como fiz um boletim de ocorrência na delegacia de polícia, pude provar para a operadora de cartão de crédito que um débito feito numa loja era indevido, pois provinha de um assalto durante o qual fui levada a uma loja onde os assaltantes fizeram uma compra com meu cartão. A quantia foi posteriormente reembolsada. Não pude reaver o dinheiro retirado nos caixas eletrônicos, mas ganhei um novo sentido do benefício de estar em sintonia com Deus. Isso me ajudou a resolver os inconvenientes que surgiram como decorrência desse incidente. O dinheiro sacado do banco na verdade não me fez falta e naquele mês cumpri com meus compromissos financeiros normalmente.
O estado constante de comunhão com o Pai significa, para mim, habitar "no esconderijo do Altíssimo" (Salmo 91). Isso me dá tranqüilidade diante de imprevistos do dia-a-dia. Não precisamos nos assustar ou temer a violência, pois Deus está presente e Sua lei de harmonia, proteção e ordem é para todas as pessoas e age como um escudo protetor.
"O homem caminha na direção em que olha, e onde estiver seu tesouro, aí estará também seu coração. Se nossas esperanças e nossos afetos são espirituais, é de cima que eles vêm, não de baixo, e trazem, como outrora, os frutos do espírito." Ciência e Saúde, p. 451
