Algumas vezes, uma visão revolucionária sobre a ciência derrubou premissas anteriormente aceitas a respeito do mundo e de como ele funciona. Há exemplos históricos de como os precursores de uma nova ciência foram denunciados como hereges e tiveram suas teorias reprimidas. Contudo, em um determinado momento, comprovouse que esses precursores estavam certos e a humanidade começou a aceitar o novo modelo
Um dos principais exemplos disso aconteceu no século XVI, quando Copérnico, raciocinando a partir da premissa de que o sol era o centro do sistema solar, derrubou a antiga teoria de Ptolomeu, que defendia que o sol e os planetas giravam em torno da terra. Hoje, podemos comentar sobre o nascer e o pôr do sol, mas a maioria sabe — graças à agora aceita teoria de Copérnico — que o sol permanece imóvel enquanto a terra gira em torno de seu próprio eixo. Astrônomos modernos se apóiam nessa verdade, à medida que investigam os céus com naves espaciais, tripuladas ou não.
Em sua obra mais importante: A Estrutura de Revoluções Científicas, o filósofo Thomas Kuhn cunhou o termo mudança de paradigma para descrever o importante re-direcionamento da ciência, que ocorre como resultado de descobertas como a de Copérnico. Essa mudança, em última análise, altera a maneira pela qual nós, coletivamente, percebemos as coisas e, por conseqüência, nossa conduta. Muitas vezes, o conhecimento obtido por meio da razão e da revelação, ao invés de por meio de uma observação empírica, é o catalisador para uma mudança na percepção. Mais tarde, o novo rumo que a ciência toma, comprova a própria veracidade do novo modelo.
Imaginem a mudança de pensamento que nos será exigida, a fim de reconhecermos que a vida está totalmente fundamentada no Espírito, sem nenhum elemento de matéria.
Eu tento imaginar as novas perspectivas que surgiriam, caso a humanidade estivesse disposta a pensar sobre a vida, a partir de uma base completamente diferente.
Contudo, uma mudança de paradigma de maior magnitude, com relação à própria vida, dá a entender que talvez possamos vislumbrar os "inumeráveis objetos da criação, que antes eram invisíveis", sobre os quais Mary Baker Eddy fala em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, à página. 264. O hidrogênio é um elemento da matéria, tal como o carbono. Imaginem a mudança de pensamento que nos será exigida, a fim de reconhecermos que a vida está totalmente fundamentada no Espírito, sem nenhum elemento de matéria. Caso isso seja aceito, de forma generalizada, que novos horizontes não se descortinariam? A vida, com base no Espírito, não colocaria também o tempo e o espaço em questão? Que objetos da criação não poderíamos ver, então? A Sra. Eddy chegou à seguinte conclusão em Ciência e Saúde: "À medida que os mortais conseguirem conceitos mais corretos acerca de Deus e do homem, inumeráveis objetos da criação, que antes eram invisíveis, tornar-se-ão visíveis" (p. 264). Portanto, ver os objetos da criação, anteriormente invisíveis, depende de uma percepção mais espiritual de Deus, como também do homem e da mulher de Sua criação.
Há dois mil anos, Cristo Jesus pregou: "Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade" (João 4). É nesse ponto que a mudança de paradigma mais necessária para a humanidade tem de ocorrer, no qual uma união entre a ciência e a teologia naturalmente existe. Precisamos abandonar a premissa de vida na matéria, para reconhecer que a vida é inteiramente espiritual. Isso exigirá a aceitação de Deus como Espírito, e, portanto, o homem, feito à imagem e semelhança de Deus, como espiritual. A noção de que a matéria não exista, obviamente, não é nova, uma vez que remonta à época de Jesus e, até mesmo, anteriormente a ela. Contudo, hoje mais do que nunca, essa idéia tem sido muito discutida por cientistas revolucionários — em especial por físicos da teoria quântica — como também em filmes, tais como: Matrix, Ponto de Mutação e "What the Bleep do we Know!?" Entretanto, está ainda por vir uma aceitação mais generalizada daquilo que realmente existe, como Cristo Jesus ensinava.
Muitos paradigmas novos são atemporais, trazendo à luz uma ordem pré-existente e cumprindo-a. Exatamente, o paradigma do Espírito é real e substancial, além de possuir vida e inteligência. Mary Baker Eddy compreendeu que a matéria não poderia possuir nenhuma dessas qualidades. Ela reconheceu, sucintamente, a totalidade do Espírito e negou a existência da matéria em sua "exposição científica do ser," que diz: "Não há vida, verdade, inteligência, nem substància na matéria. Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo. O Espírito é a Verdade imortal; a matéria é o erro mortal. O Espírito é o real e eterno; a matéria é o irreal e temporal. O Espírito é Deus, e o homem é Sua imagem e semelhança. Por isso o homem não é material; ele é espiritual" (Ciência e Saúde, p. 468).
Nem sempre é claro como um novo paradigma atuará na vida diária, à medida que as pessoas passarem a aceitá-lo. Em meados do século XVI, quem poderia prever o impacto que a visão Coperniana do sistema solar teria sobre as viagens espaciais de hoje? Da mesma maneira, ninguém pode, em sã consciência, antecipar o impacto que um reconhecimento generalizado do Espírito como Vida poderá ter, mas Jesus demonstrou que isso removeria as limitações e permitiria à humanidade viver mais livremente. Muitos já estão comprovando isso, por meio do estudo e da aplicação da "exposição científica do ser". Diariamente, essas pessoas estão demonstrando que a realidade nem sempre é o que parece e, na medida em que seus pensamentos se movem rumo ao Espírito, elas adquirem uma nova percepção do corpo como pensamento e abandonam a interpretação material desse corpo como um agregado de átomos e moléculas. À medida que fizerem isso, o corpo se ajustará a essa nova forma de pensar, resultando na cura de todos os tipos de doenças e, em última análise, na transposição completa do indivíduo para além da matéria.
Quando comecei minha carreira como sanadora espiritual, como Praticista da Christian Science, recebi o chamado de um senhor que estava em um hospital onde sua esposa havia acabado de dar à luz a uma menina. Os médicos haviam diagnosticado um deslocamento nos quadris do bebê, em decorrência de a criança estar na posição sentada ao nascer. Embora nada pudesse ser feito naquele momento, os médicos temiam que, sem uma série de operações que teriam de começar na semana seguinte, seguidas por alguns meses do uso de uma braçadeira, a capacidade de caminhar da criança estaria comprometida. O pai queria saber se o tratamento pela Christian Science, durante a semana em que a criança não estivesse sob cuidados médicos, poderia ajudar, com a mudança do enfoque do pensamento dos pais para longe da matéria, provando, dessa maneira, a presença e o poder do Espírito, conforme delineado na "exposição científica do ser".
Quando comecei a orar pela criança, lembrei-me de algumas linhas de um poema da Sra. Eddy intitulado: "Manhã de Natal", no qual ela assegura:
"...Em teu surgir/ Nem dor, nem canto maternal, / Se fez sentir" (Hinário da Ciência Cristã, 23).
Pude perceber que, como o Espírito é Tudo, tempo, espaço e matéria são, em última análise, irrelevantes. Nascimento, envelhecimento e alinhamento são propriedades da vida na matéria. Considerando que essa criança sempre existira no Espírito, ela nunca havia nascido nem havia tido um canto maternal nem uma hora específica de nascimento, portanto não havia necessidade das lágrimas de sua mãe. O pai da criança e eu conversamos por um longo tempo sobre isso, até que ambos reconhecemos que a bebê era uma idéia espiritual inteiramente perfeita, com seu relacionamento com Deus, o Espírito divino, para sempre intacto.
Alguns dias mais tarde, um pediatra-ortopedista examinou a menina e não conseguiu encontrar nada de errado em seus quadris. Hoje, aos 14 anos de idade, ela é uma bailarina muito ativa.
Quer reconheçamos isso ou não, o pensamento humano atualmente está passando por uma transformação da velha ciência fundamentada na matéria para a nova Ciência do Espírito. Essa inevitável mudança de paradigma nos faz vislumbrar que ainda veremos inúmeros "objetos da criação", que hoje parecem invisíveis. Que estimulante universo de idéias nos aguarda!
