Em 1905, aos 26 anos de idade, um desconhecido funcionário do Departamento de Patentes, em Berna, Suíça, que trabalhava em física nas horas vagas, publicou quatro brilhantes artigos que revolucionaram a ciência e alteraram o modo pelo qual víamos o mundo. Ele enunciou que E=mc2 (tradução: a matéria pode ser convertida em energia — mais energia do que se poderia sonhar, porque a velocidade da luz (c) registra espantosos 300.000 km por segundo [E=mc2: energia é igual à massa multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado]). Ele provou que os átomos existem.
Disse que Newton estava errado: Distâncias e durações não são independentes e absolutas, mas interdependentes e relativas. Além disso, propôs que a luz nem sempre se comporta como uma onda, conforme os físicos do século XIX defendiam, mas também como um feixe de partículas minúsculas de energia ou fótons, retirando, dessa maneira, outra camada significativa da paradoxal teoria da dualidade ondapartícula de matéria e energia, a qual situa-se no âmago da física quântica do século XX. Suas descobertas destruíram concepções de senso comum sobre a forma e a estrutura do universo, espalhando ondas de choque através do cosmo do pensamento.
A revista Time elegeu Einstein como a pessoa mais influente do século XX e o ano de 2005 marca o centésimo aniversário de seu "annus mirabilis" (período admirável). As idéias de Einstein, que abalaram paradigmas, nas entranhas da misteriosa matriz do tempo, do espaço e da matéria, estão sendo reconhecidas, ao longo de todo este ano, em uma celebração mundial chamada "2005 — O Ano Mundial da Física" ou "O Ano de Einstein", como é celebrado na Irlanda, no Reino Unido e na Alemanha. O Arauto se une a essa celebração, olhando para o universo através de uma lente exclusivamente pragmática, metafísica e espiritual. Ademais, perguntamos: O que é realidade? Qual é a verdadeira natureza do universo e da nossa relação com ele? O que é fato e o que é ficção?
Exercício de pensamento: Imagine-se viajando pela galáxia, em uma nave espacial, quase à velocidade da luz. O que aconteceria com o tempo?
Bem, para você, o tempo na terra ficaria quase parado enquanto viajasse no tempo rumo ao futuro. Em essência, você vivenciaria algo semelhante a uma juventude perpétua. O físico J. Richard Gott, autor de Viagem no Tempo, no Universo de Einstein, descreve o cenário: "Apenas faça uma viagem rumo a uma estrela a 500 anosluz de distância e retorne. A terra estará 1.000 anos mais velha, mas você só terá envelhecido 10 anos" (Mark F. Bernstein: "A moment with .... J. Richard Gott III *73," Princeton Alumni Weekly, April 20, 2005, p. 56).
Esse cenário ilustra uma das implicações intrigantes das leis da física que Albert Einstein revelou em sua importante teoria da relatividade, publicada há 100 anos. Einstein provou matematicamente que o movimento afeta o tempo; que o tempo não é um absoluto cosmológico — é uma variável empírica. Derrubando uma concepção milenar sobre o tempo (solidificada por Isaac Newton em 1687 em sua obra Principia), Einstein demonstrou que o tempo é elástico; sua velocidade pode diminuir ou acelerar.
Ele também descobriu que, se o tempo não é o que parece, tampouco o espaço o é. O espaço e o tempo estão reunidos em uma combinação íntima, na qual o tempo se torna a quarta dimensão. Como o físico Brian Greene escreveu: "A relatividade do espaço e do tempo é uma conclusão surpreendente... sempre que fico sentado em silêncio, refletindo sobre isso, fico pasmo. A partir da declaração, já sem novidade, de que a velocidade da luz é uma constante, concluímos que o espaço e o tempo estão no olho do observador" (Brian Greene, The Fabric of the Cosmos: Space, Time, and the Texture of Reality "A Estrutura do Cosmo: Espaço, Tempo e a Textura da Realidade", New York: Alfred A. Knopf, 2004, p. 47).
E a matéria? Em 1905, quando Einstein comprovou a existência do átomo, ele sepultou as dúvidas sobre esse assunto controverso. Agora... Bem, quanto mais essas teorias da física evoluírem, mais parecerá que a matéria se aproxima da abstração pura e da beleza do nada. Teorias ultramodernas, tais como a teoria das cordas, pressupõem que o menor componente de matéria é um filamento unidimensional (corda) de energia, bilhões de vezes menor que o núcleo de um átomo.
Einstein desafiou o senso-comum. Ele chegou à conclusão de que, exatamente abaixo da superfície da percepção do dia-a-dia, existe um mundo que funciona de acordo com princípios incortrolavelmente surpreendentes. Suas descobertas encaixam-se nessa categoria, observa o Professor Greene: "e são tão profundas, que elas lançam as questões em uma luz inteiramente nova, mostrando que mistérios anteriores eram percebidos incorretamente, por falta de conhecimento" (ibidem, p. 39).
Mas, se isso for verdadeiro a respeito das descobertas de Einstein publicadas em 1905 relativas à física, também é verdadeiro com relação às descobertas, ainda mais profundas, a respeito da metafísica, explanadas 30 anos antes, em 1875, no livro Ciência e Saúde, de Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Christian Science.
Para aqueles de nós que acreditam na física, esta separação entre passado, presente e futuro é somente uma ilusão, se bem que renitente. Albert Einstein
Einstein pode tê-las "descoberto" (ibidem, p. 46), como diz Greene. Mas, Mary Baker Eddy descobriu a própria arquitetura da existência. Por indução (confirmação mediante pesquisa e experimentação) e por dedução (confirmação pela lógica formal), ela deu um salto mortal do pensamento para dentro do admirável mundo novo do Espírito.
Não importa a que conclusões esotéricas os físicos possam chegar a respeito do tempo, do espaço e da matéria, essas conclusões se alinham dentro de uma estrutura conceitual limitada, fundamentadas na premissa de que o universo é, pelo menos em parte, material. Alguns físicos talvez possam questionar se existe uma realidade além do universo material aparente — se a origem do universo é espontânea ou se é a ação de um poder mais elevado. Entretanto, a premissa fundamental de que a matéria seja real, está tão firmemente enraizada na mente da maioria dos físicos de hoje, como estava a falsa perspectiva Newtoniana na mente dos físicos anteriores às idéias inovadoras de Einstein.
Daí o significado impressionante do desafio de Mary Baker Eddy à megapremissa de que a matéria existe e a conclusão a que ela chegou de que, em vez disso, a realidade é inteiramente espiritual; que você, eu, e todos nós somos idéias imortais ou formas de pensamento sem igual, criadas e sustentadas eternamente pela única Mente infinita ou Deus; que tempo e espaço, sendo as coordenadas descritivas da experiência mortal, não podem delinear a natureza da realidade, a qual é inteiramente separada da matéria; que a matéria não é real e o Espírito é real.
Além disso, Mary Baker Eddy descobriu que a verdade ontológica pode ter um efeito prático na vida diária, como acontecia durante os tempos bíblicos. Einstein levou as pessoas a mudar sua maneira de pensar, a abandonar os falsos pontos de vista a respeito do universo material e isso as conduziu a benefícios tangíveis, incluindo energia nuclear, computadores, telefones celulares e miríades de outras maravilhas da genialidade tecnológica que, quando usada de forma construtiva, aumenta a liberdade das pessoas. Entretanto, Mary Baker Eddy fez com que as pessoas mudassem sua forma de pensar ao abandonar pontos de vista falsos, a respeito da própria substância do universo. Ademais, essa mudança, para um ponto de vista inteiramente espiritual, levou inúmeras pessoas a vencer dificuldades emocionais, intelectuais, financeiras e físicas, ao longo dos últimos 130 anos. A libertação de pontos de vista falsos — a libertação, em última análise, da grande ilusão sobre o tempo, o espaço e a matéria — é a base da Christian Science e de seu sistema científico de cura. A Verdade liberta. A luz de um farol corta a escuridão e a Verdade, que Mary Baker Eddy inferiu da Bíblia como um sinônimo para Deus, faz o mesmo. A Verdade está sempre disponível e pronta para corrigir as concepções erróneas da mente humana e assim ajustar harmoniosamente a nossa vida.
Na proporção em que a matéria perde para a consciência humana toda entidade como homem, na mesma proporção o homem se torna senhor da matéria. Mary Baker Eddy
Mary Baker Eddy abriu com intrepidez uma janela para uma visão ilimitada da realidade, na qual todos têm a "faculdade humana de refletir o poder divino" (Ciência e Saúde, p. 52). Uma realidade na qual a consciência espiritualizada é a verdadeira substância, como também o limiar para o poder sobre o tempo, o espaço e a matéria. Uma realidade em que não existe nenhum limite entre a ciência e a teologia; em que a existência realmente está fundamentada na ciência — mas Ciência, com C maiúsculo, significando que um sistema de leis metafísicas regula o universo. Uma realidade em que algum dia "seremos livres do tempo" (ver Hinário da Ciência Cristã, 136) e "o astrônomo já não olhará mais para as estrelas — delas olhará para o universo..." (Ciência e Saúde, p. 125).
No final de sua vida, Einstein chegou a acreditar que o tempo não é meramente relativo, é irreal, ponto de vista que ele expressou em uma carta para a viúva de um amigo que havia falecido recentemente: "Para aqueles de nós que acreditam na física, esta separação entre passado, presente e futuro é somente uma ilusão, se bem que renitente" (Citação que consta do artigo de Jim Holt "Time Bandits," The New Yorker, 28 de fevereiro de 2005, p. 85). Einstein não chegou a essa conclusão sozinho. Ele foi influenciado pelas conclusões matemáticas sobre relatividade e viagens no tempo, propostas por seu melhor amigo, Kurt Gödel considerado por muitos como o maior pensador especialista em lógica, do século XX. Em um livro recente sobre a amizade entre Einstein e Gödel, o autor Palle Yourgrau observa: "Einstein percebeu, de imediato, que se Gödel estivesse certo, ele não teria apenas controlado o tempo, ele o teria destruído". Para Gödel, diz o Professor Yourgrau, o tempo "no final, acabou se tornando a maior ilusão do mundo" (Palle Yourgrau, A World Without Time: The Forgotten Legacy of Gödel and Einstein, New York, Perseus Books, 2005, p. 7).
Por acaso, seria a existência definida pela aparente fuga do tempo espacial da corporalidade? Ou nossa vida está, como concluiu Mary Baker Eddy, destinada a brilhar para sempre com a presença-pensamento real da Vida/Deus, cujas forças incorpóreas, boas e infinitas, se constituem na própria fibra do nosso ser? Será que uma visão da realidade baseada na física nos ajudará a escapar do domínio do tempo, do espaço e da matéria ou nos capacitará a dominá-los? Ou será que o domínio que Jesus demonstrou poderá ser conseguido somente por meio da metafísica científica? Jesus — a quem Mary Baker Eddy chamou "o homem mais científico que já palmilhou a terra" (Ciência e Saúde, p. 313) — caminhou sobre as águas, transportou instantaneamente um barco do alto mar para a praia, locomoveu-se de um ponto A para um ponto B, sem meios de transporte visíveis e curou doenças de forma instantânea.
Em última análise, resolver "o enigma da existência", como o físico Paul Davies o denominou em seu livro: Deus e a física moderna (Paul Davies, God and the New Physics, New York, Simon & Schuster, 1983, p. 9), não envolve a análise matemática superprofunda da materialidade. Ao contrário, ela requer o reconhecimento de que a materialidade nada mais é do que um sonho. Uma ilusão. Além disso, quando rejeitamos a ilusão e "despertamos para tornar-nos conscientes da verdade do ser", explicou Mary Baker Eddy, "toda doença, dor, fraqueza, todo cansaço, pesar, pecado e a morte, serão desconhecidos, e o sonho mortal cessará para sempre" (Ciência e Saúde, pp. 218–219). Em Ciência e Saúde, ela relata um exemplo vívido do efeito de escapar do sonho mortal do tempo. A passagem merece ser lida na íntegra: "O erro de pensar que estamos envelhecendo, e os benefícios que se colhem por se destruir essa ilusão, exemplificam-se num esboço da história de uma inglesa, publicado na revista médica de Londres chamada 'The Lancet.'
Desiludida do amor, na juventude, perdeu a razão e toda a noção do tempo. Crente de estar ainda vivendo na mesma hora que a separara do noivo, não notando o passar dos anos, ficava todos os dias à janela, esperando a chegada do noivo. Nesse estado mental conservou-se jovem. Como não tinha consciência do tempo, literalmente não envelhecia. Alguns viajantes americanos viram-na quando tinha setenta e quatro anos, e pensaram que fosse uma jovem. Não tinha o rosto marcado pelas preocupações, nem rugas, nem cabelo grisalho, mas a juventude irradiava suavemente de suas faces e de sua fronte. Os que lhe ignoravam a história, solicitados a lhe adivinhar a idade, supunham que ela tivesse menos de vinte anos" (p. 245).
Esse exemplo nos traz de volta àquele exercício do pensamento. Mary Baker Eddy reconheceu que existe algo infinitamente mais avançado e mais importante do que a velocidade da luz, ou seja, o pensamento. Você não precisa viajar à velocidade da luz para que o tempo para e você encontre a juventude eterna.
Você pode pensar.
MATÉRIA
Mitologia; mortalidade; outro nome para a mente mortal; ilusão; inteligência, substância e vida na não-inteligência e na mortalidade; vida que redunda em morte, e morte que redunda em vida; sensação no insensível; mente que se origina na matéria; o oposto da Verdade; o oposto do Espírito; o oposto de Deus; aquilo de que a Mente imortal não toma conhecimento; aquilo que a mente mortal vê, sente, ouve, prova e cheira apenas segundo a sua crença.
Mary Baker Eddy
TEMPO
Medidas mortais; limites, dentro dos quais estão reunidos todos os atos, pensamentos, crenças, opiniões e conhecimentos humanos; a matéria; o erro; aquilo que começa antes e continua depois daquilo que se denomina morte, até que o mortal desapareça e a perfeição espiritual apareça.
Mary Baker Eddy
