Podemos apenas imaginar o que aquele homem estaria pensando e sentindo há 350.000 anos. Na Itália, cientistas fizeram especulações sobre as pegadas descobertas de um homem da Idade da Pedra, sugerindo que ele estava tentando escapar da erupção de um vulcão. Mas não há nada certo. Tudo o que se encontrou foram pegadas pouco profundas na superfície do solo, preservadas por uma grossa camada de cinza vulcânica.
Ao fazer uma pequena escavação, por minha própria conta, em uma história bem mais recente, em uma pesquisa sobre meus ancestrais, descobri como é ter apenas pequenos fragmentos para acompanhar a trajetória de vida de uma pessoa. Meus descendentes vieram da Suíça para os Estados Unidos, passaram vários anos no estado do Wisconsin e, finalmente, se estabeleceram no estado de Minnesota. Eram todos fazendeiros, exceto meu bisavó Albert, que rompeu relações com o resto da família. Ele abandonou a fazenda onde morava com a família, mudou-se para o outro lado do estado, gerenciou um hotel, tocou na banda da cidade, comprou uma lavanderia e ocupou alguns cargos na prefeitura. Por que teria ele trocado o arado pelos negócios e pela política? Posso apenas imaginar, mas o resto da história da vida do meu bisavô não foi contado.
Durante uma mesa redonda, realizada n'A Biblioteca Mary Baker Eddy para o Progresso da Humanidade, Nell Irvin Painter, Professora de História Americana na Universidade de Princeton, explicou que a razão pela qual muitas histórias de vida não são contadas é por que as pessoas não se dão o devido valor. Elas não imaginam que sua vida “sem acontecimentos fora do comum” seja digna de que dela tomem conhecimento, ou que tenha algo a ensinar.
Que pena! A história da vida de uma pessoa pode ser valiosa por inúmeras razões. Por apresentar um exato registro histórico ou por apresentar um retrato completo de uma família ou de uma época. Alguns descobrem, como eu, um anseio de perceber, a partir dos momentos transformadores da vida de uma pessoa, aquele sentido espiritual duradouro e as lições que dele decorrem, a ponto de mudar uma vida. Lamentavelmente, essas histórias não contadas são como uma luz que permaneceu apagada para nós.
Chega uma hora em que descobrimos que não somos tão bons para navegar por conta própria, como havíamos imaginado. Precisamos de luz. Precisamos de sabedoria. Precisamos de Deus e de Seus pensamentos. Aspiramos por orientação. Ansiamos pro Verdade e Amor para nos enriquecer, para dissipar nossos temores, para curar o coração, a alma e o corpo. Sou particularmente grato pelo fato de que Mary Baker Eddy, não somente reconhecia o valor incomensurável das lições que aprendera a partir de sua descoberta e prática da Christian Science, mas também porque ela compreendia como era importante que tais lições estivessem disponíveis para um mundo necessitado de luz. Seu livro, Ciência e Saúde, seus sermões, manuscritos e cartas, continuarão a ser um farol para as gerações vindouras.
Esse é o grande conselho para quem deseja construir um mundo melhor. Valorize a sua luz! Deixe que ela seja vista.
Voltando ao valor da história de vida de cada um, o que devemos fazer com as percepções e lições que obtemos especialmente com os momentos que apontam para as coisas do Espírito?
Frank Laubach, um ministro americano da Igreja Congregacionalista, sabia o que tinha de ser feito. Chegou à conclusão de que deveria tornar tais lições conhecidas sempre que surgisse a oportunidade. Não por razões egoístas, mas porque reconhecia o valor infinito que teriam para cada um de nós.
Em uma carta a seu pai, em 1937, Laubach escreveu: “Estou sentindo Deus em cada movimento, por um ato de vontade, a vontade de que Ele deve dirigir estes dedos que agora batem esta carta à máquina, a vontade de que Ele deve guiar minhas palavras enquanto escrevo ... Não é costume contar nossos pensamentos íntimos, mas existem muitos maus costumes e esconder o que há de melhor em nós é um mau costume. ... Eu desaprovo ... manter um véu sobre nossa alma... Estou convencido de que esta peregrinação espiritual que estou fazendo, vale infinitamente mais do que meu esforço em escrever, e de que é a coisa mais importante sobre a qual sei falar... e anseio ... oh, como eu anseio... que os outros me contem suas aventuras da alma” (The Protestant Mystics, 1964).
Amém, Laubach! Que erro é não dar valor à nossa vida e às lições espirituais, ou então, pensar que os outros não desejam tomar conhecimento delas. O profeta da Galiléia convenceu as pessoas de seu próprio valor como a luz do mundo. Jesus também insistiu em que não deixássemos essa preciosa luz escondida. Esse é o grande conselho para quem deseja construir um mundo melhor. Valorize a sua luz! Deixe que ela seja vista. Conte ao mundo as intrépidas aventuras da peregrinação de sua alma.
