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Matéria de capa

Entrevista com Brian Greene

Da edição de setembro de 2005 dO Arauto da Ciência Cristã


A seguir, apresentamos duas entrevistas. A primeira, inclui trechos de uma conversa que tive com Brian Green, cujo artigo "O tempo que pensamos conhecer" foi publicado no jornal The New York Times, no dia do Ano Novo de 2004. Esse artigo me instigou a pesquisar mais sobre o assunto. A segunda com o Professor de Christian Science, Geoffrey Barratt.

Em 18 de abril, em uma homenagem ao 50° aniversário do falecimento de Albert Einstein, uma corrente de luzes, que deverá dar a volta ao globo, foi iniciada em Princeton, estado de Nova Jersey, residência do físico. O evento: "A Física ilumina o mundo", marcou o ponto alto da comemoração intitulada: "2005 – Ano Mundial da Física", inspirado em Einstein. Coincidentemente, aconteceu que, nessa mesma noite, conversei com Brian Greene, no Clube Princeton, na cidade de Nova Iorque. Greene é professor de física e matemática na Universidade de Columbia, e autor dos livros The Fabric of the Cosmos: Space, Time and the Texture of Reality (A Estrutura do Cosmo: Espaço, Tempo e a Textura da Realidade) e também do The Elegant Universe: Superstrings, Hidden Dimensions, and the Quest for the Ultimate Theory (O Universo Elegante: Supercordas, Dimensões Ocultas e a Busca pela Teoria Final), que descrevem o que os físicos agora denominam de "Teoria do Tudo", ou teoria da corda. A teoria da corda recomeça a partir do ponto em que Einstein a deixou, em sua busca para encontrar uma equação mestra que unificasse a natureza, conforme explica o professor Greene, na série de TV inspirada em seu livro. "A Teoria da corda diz que talvez possamos estar vivendo em um universo onde a realidade cruza-se com a ficção científica. Um universo de 11 dimensões, com universos paralelos vizinhos uns dos outros... e que também diz que, tudo no universo, desde a menor partícula até a estrela mais distante, é feito de um tipo de ingrediente inimaginavelmente pequeno, um filamento de energia em eterna vibração, chamado corda". Embora os Cientistas Cristãos tenham chegado a conclusões inteiramente diferentes a respeito da substância da realidade — conclusões essas fundamentadas nas descobertas elucidadas em Ciência e Saúde, de Mary Baker Eddy — nossa conversa foi frutífera, uma honesta troca de idéias.

: Brian, você aprendeu que a realidade é muito diferente da percepção do dia-a-dia. No artigo para o jornal The New York Times, você escreveu: "... A noção de tempo, na física moderna, está claramente em conflito com aquela que a maioria assimilou... Durante décadas, tenho lutado para trazer minha experiência para mais perto da minha compreensão. Em minha rotina diária, encanto-me com aquilo que reconheço como o poder do individuo, embora imperceptível, de afetar a passagem do tempo" ("The Time We Thought We Knew", [O tempo que pensávamos conhecer] de Brian Greene The New York Times, January 1, 2004). Conte-nos sobre essa luta. Como você trouxe sua experiência mais em concordância com o que você considera verdade?

: Algumas vezes, isso exige que se tenha quase que uma perspectiva dual a respeito do mundo. Uma delas, é a perspectiva pragmática, aquela que se alinha com as coisas que realmente percebemos. Além disso, essa perspectiva imagina que um tempo seja o mesmo, tanto para você como para mim, um espaço que seja igualmente o mesmo, tanto para você como para mim e uma realidade que seja bem próxima daquilo que imaginamos que ela seja.

A outra, entretanto, é a perspectiva que reconhece que aquela aparente percepção esconda algo profundamente grande e completamente chocante, quando alguém consegue percebê-la em sua forma matemática completa (que é a única maneira pela qual realmente podemos percebê-la, de forma direta). Ali, você aprende que o tempo passa de formas que são diferentes daquela que sentimos e o espaço tem propriedades diferentes daquelas que vivenciamos. Tento manter esses conceitos, o mais próximo possível, na linha de frente da minha experiência. Mas, a realidade cotidiana interfere naquilo que reconheço ser a verdadeira natureza do mundo. Encontrar um meio de mantê-las em harmonia não é algo que possa dilacerar a alma, mas é preciso ter atenção para poder olhar para a verdade e ao mesmo tempo permitir que as necessidades diárias da vida sigam seu curso.

Você aprende que o tempo passa de formas que são diferentes daquela que sentimos e o espaço tem propriedades diferentes daquelas que vivenciamos.

JH: Einstein acreditava que os conceitos de passado, presente e futuro fossem uma ilusão. Venho de uma tradição religiosa que concorda com essa opinião. Mary Baker Eddy, que fundou nossa religião, concluiu que a própria matéria é uma ilusão e que a única realidade verdadeira é o Espírito, o oposto da matéria. Você acha que a realidade, em última análise, é física?

BG: Não acredito que a realidade seja completamente física. Sob muitos aspectos, concordo com Einstein de que passado, presente, e futuro sejam distinções de origem humana, que não sejam intrínsecas ao modo pelo qual o mundo foi composto e, em certo sentido profundo, são sem sentido. Mas, quando digo isso, não quero dizer que o próprio tempo seja uma completa ilusão. O que quero dizer é que as características do tempo que consideramos fundamentais como o passado, o presente e o futuro são ilusórias. Mas, acho que o tempo seja real e que exista. Ele possui propriedades que não são conhecidas, quando comparadas com aquilo que esperávamos estivesse alicerçado em nossa experiência cotidiana.

JH: Poderia lhe pedir uma simples definição para tempo, espaço e matéria?

BG: Uma pergunta muito difícil, naturalmente. Diria que, para responder a essa pergunta, necessitamos de uma nova revolução na física. Além disso, acho que é daí que surgirá a próxima revolução. Falando superficialmente, diria que tempo é a capacidade de mudança e a mudança é a manifestação do tempo. Quanto ao espaço, gostaria de imaginá-lo como uma arena dentro da qual essa mudança acontece. Mas, naturalmente, o próprio espaço pode mudar, portanto, ele pode ser parte da maneira com que o próprio tempo se manifesta. Quanto à matéria, gostaríamos de imaginá-la como os atores dentro dessa arena espaço-tempo, nesse palco espaço-tempo. Mas, essa é uma diferença artificial, porque aprendemos com Einstein que espaço, tempo e matéria estão todos evoluindo, em uma dança maravilhosamente intrincada e interconectada.

Dessa maneira, todas essas descrições que estou apresentando são apenas verdades parciais. Além disso, a verdade profunda sobre o que são o tempo, o espaço e a matéria terá de esperar pelas próximas grandes descobertas.

JH: Onde a questão do fator consciência se encaixa na equação final?

BG: Consciência é um dos principais questionamentos. Na minha maneira de pensar, as grandes questões são: Como começou o universo? A vida? A consciência? Essas questões constituem o grande trio. Também, as duas últimas, a vida e a consciência, são complexas demais para mim. O universo é muito simples, quando se fala sobre sua estrutura global bruta. É aí que gosto de estar, porque as questões são bem mais simples do que as questões complexas sobre mente, corpo e vida. Dessa forma, realmente não penso muito nisso, embora esteja tremendamente interessado na questão.

JH: Sei que essa é uma pergunta pessoal, tanto que hesito em fazê-la, mas, você é uma pessoa religiosa?

BG: Não sou religioso no sentido convencional. Não sigo nenhuma religião padrão, muito embora, de um ponto de vista cultural, a religião seja importante para mim, mas não em um sentido teológico tradicional. Definitivamente, considero-me espiritual e, mais definitivamente ainda, que um certo tipo de religiosidade faz parte do meu ser. Mas, é uma espiritualidade que provém de uma admiração pelo universo, uma sensação de profunda satisfação e gratidão, e, às vezes, um irresistível senso da ordem e da harmonia do cosmo. A maneira como tudo se ajusta, na forma elegante pela qual as leis da física descrevem o universo e como conseguimos compreender tanto sobre o espaço subatômico — moléculas e átomos — quanto sobre o espaço exterior — galáxias e o espaço em todo cosmo. Isso nos enche de admiração. Algumas pessoas imaginam: Isso é algo religioso? Não sei o que a palavra religioso significa nesse contexto, mas esse sentido de admiração não é cognitivo, é realmente profundo. Além disso, para mim, isso é um tipo de espiritualidade. É uma espiritualidade de conexão com o cosmo.

JH: Considero isso como uma espiritualidade que está em contato com a dimensão poética/ estética do universo. Mas, em última análise, acho que temos duas definições diferentes do universo. Na forma como eu o vejo, o que é chamado de universo físico, absolutamente não é físico; é realmente uma construção mental. Oceanos, estrelas e galáxias são formas do pensamento, grandes símbolos do universo real, que é espiritual e governado pelas leis de um Princípio divino perfeito ou inteligência. Além disso, esse universo real — um universo cuja substância se compõe de qualidades incorpóreas, tais como: precisão e criatividade, vitalidade, sabedoria, felicidade, coerência, integridade, saúde — está presente aqui e agora, completamente acessível à consciência humana e, portanto, potencialmente tangível na vida diária.

Mary Baker Eddy fez esta declaração notável sobre esses dois universos aparentemente diferentes, que você e eu estamos tentando classificar. Ela disse: "A Mente imortal, que tudo governa, tem de ser reconhecida como suprema, tanto no assim chamado reino físico, como no espiritual" (Ciência e Saúde, p. 427). Estou tentando viver de acordo com essa compreensão avançada, e, como resultado, tenho obtido curas físicas e me libertado de adversidades e de todo tipo de coisas ruins, o que me faz retornar à questão pragmática com a qual começamos e perguntar: Você descobriu algo em sua pesquisa, que lhe permita viver de acordo com seu conhecimento avançado, fundamentado na física, com relação ao tempo?

BG: Bem, o único impacto sobre o qual posso falar, é uma certa maneira brincalhona, às vezes marota mesmo, que faz com que eu sorria, ironicamente, para mim mesmo, por saber que, com um simples movimento, estou afetando a passagem do tempo. É mais ou menos reconhecer que, quando você pisca para o universo, ele pisca de volta, se você entender como isso funciona em um nível mais profundo do que a percepção do dia-a-dia o permita imaginar.

Uma coisa muito importante para se manter em mente, é que as pessoas, que têm pontos de vista diferentes sobre o mundo e o universo, geralmente mantêm esses pontos de vista diferentes, porque fazem uso de indicadores de referência diferentes, quando julgam se algo é certo, errado, verdade ou mentira. Além disso, para mim, a referência que é sempre primordial é: A sua crença, a sua idéia, a sua teoria sobre o universo dá origem a alguma predição que possa ser testada, uma teoria que você possa repetir e confiavelmente comprovar com segurança ou mostrar se está errada e, dessa maneira, chegar a uma avaliação da proposta?

Como seres humanos, podemos celebrar o fato de que, algumas vezes, aparecem pessoas que podem ver muito mais além do que outros.

Por meio dessa abordagem científica em busca da verdade, temos revelado muita coisa sobre o universo, que acaba sendo completamente inesperada. A ciência tem removido camadas que ninguém poderia ter imaginado; a ciência mostrou que existe uma realidade além daquela do dia-a-dia que, de certa forma, é chocante.

Para mim, isso é maravilhoso. Sinto que preciso manter as estranhas idéias sobre relatividade e física quântica tão próximas da minha mente quanto possível, porque elas estão, em minha opinião, revelando uma profunda verdade sobre a natureza do mundo em que habitamos.

JH: Aqui estamos, no dia da celebração especial da vida de Einstein, durante a comemoração do centenário do aniversário de suas notáveis descobertas. O que você pensa sobre isso?

BG: É espantoso que, no decurso de um ano, Einstein tenha surgido com quatro idéias e que cada uma delas tenha mudado, tão profundamente, nossa concepção do universo. A maioria dos físicos ficaria feliz se pudesse ter apenas uma fração de uma dessas grandes idéias, durante sua vida. É realmente humilhante, porque é maravilhoso compreender que possa haver mentes assim, tais gênios criativos. Como seres humanos, podemos celebrar o fato de que, algumas vezes, aparecem pessoas que podem ver muito mais além do que outros. Além disso, acho que não é somente uma coisa para se celebrar, mas também algo que deveria dar a esperança de que podemos ir muito longe.

ESPAÇO

A Ciência divina, a Palavra de Deus, diz às trevas sobre a face do erro: "Deus é Tudo-em-tudo", e a luz do Amor sempre presente ilumina o universo. Daí a maravilha eterna — que o espaço infinito é povoado com as idéias de Deus, que O refletem em incontáveis formas espirituais.

Mary Baker Eddy

ESPÍRITO

A substância divina; Mente; o Princípio divino; tudo o que é bom; Deus; só aquilo que é perfeito, sempiterno, onipresente, onipotente, infinito.

Mary Baker Eddy

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