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REFLEXÃO

Blindar o pensamento: verdadeira proteção

Da edição de setembro de 2005 dO Arauto da Ciência Cristã


A edição radiofônica desta revista produz mensalmente dois programas que são transmitidos em emissoras locais e também podem ser ouvidos no site www.arautocs.com. No quarto domingo do mês de outubro, os brasileiros deverão decidir, em plebiscito, se a comercialização de armas de fogo deve ser proibida no país ou não. Esta é a primeira vez, depois da Constituição de 1988, que ao povo brasileiro é dado o direito de decidir sobre algo de dimensão nacional. Diante desse fato, produzimos um programa para discutir a questão da proteção e orientação divinas. Participaram , e como moderadora, , em nossos estúdios em Boston. Abaixo seguem excertos do programa.

Leide Lessa: Vamos hoje falar sobre um assunto que gera muitas controvérsias: A proteção e o porte de armas. Marcelo, você poderia partilhar algumas de suas idéias?

Marcelo de Carvalho: Claro. O porte de armas passa uma ilusória sensação de segurança, seja de proteção ou defesa. Com o estudo da Bíblia, aprendi que Deus é nosso verdadeiro refúgio e fortaleza. A proteção divina nos livra do sentimento de insegurança ou da dependência de uma arma.

LL: Sr. Orlando, qual seria sua definição de segurança?

Orlando Trentini: Concordo inteiramente com o Marcelo, porque a arma, de modo geral, é feita para buscar um alvo e, quando alguém está armado com instrumento bélico, de violência, a confiança se encontra em um nível estritamente material, apoiada no falso sentido de segurança que a arma lhe oferece. Digo “falso” porque a verdadeira segurança vem de Deus. A ausência da arma inspira o cristão a se armar de valores morais e espirituais para enfrentar situações e vencer desafios.

LL: Ao dizer isso o Sr. me faz lembrar de uma experiência que tive, há anos. Um aluno vinha ao meu escritório para receber aulas e a primeira coisa que fazia ao chegar era tirar o revólver que levava nas costas e colocá-lo sobre a mesa. Era advogado e bem sucedido. Justificativa-se dizendo que era necessário em uma cidade com tanta criminalidade como São Paulo. Aquela arma o fazia sentir prepotente e melhor do que os outros, mas apenas escondia uma forte insegurança. Várias vezes orei para que não ocorresse nenhum incidente ou fatalidade.

Bem, voltando ao assunto principal, como vocês acham que os familiares dos portadores de arma podem orar?

MC: Na verdade, as pessoas pensam que podem se proteger com a arma, mas ela pode ser utilizada de maneira inconseqüente a ponto de envolver familiares. A família, porém, deve buscar em Deus a inspiração que traz a verdadeira segurança e obediência às leis humanas e divinas. Cada caso pode ser diferente, mas o principal é reconhecer que estamos sempre protegidos pelo Amor divino.

Recomendo um lar armado de fé e valores permanentes. Isso permite confiar na proteção invisível, uma couraça que protege cada membro da família contra as mais variadas situações.

LL: Qual sua opinião sobre isso, Sr. Orlando?

OT: Um lar sem armas não é um lar desarmado, mas sim armado de fé e valores permanentes, que acompanham a todos os membros da família, que permitem confiar na proteção invisível, uma couraça que protege cada membro da família contra as mais variadas situações que aparecem nas cidades modernas e violentas. Muitas pessoas são induzidas a ter como meios de proteção muros altos, cercas eletrificadas, cachorros, armas mais violentas e sofisticadas. Entretanto, a segurança e a paz não estão sendo alcançadas, pois essa busca é fundamentada no medo e no imediatismo, ao invés de ser uma solução duradoura e benéfica. Uma família que confia em armas espirituais, não em armas bélicas, é uma força dentro da comunidade. Essa família ilumina a comunidade por meio de sua posição moral ante o uso das armas.

LL: Isso me faz pensar como Deus deu sabedoria a cada um de nós para encontrar a melhor maneira para nos proteger. O senhor não está dizendo, por exemplo, que vamos só orar e não trancar as portas ou deixar de ter cachorros, não é verdade?

OT: Não podemos ser ingênuos e pensar: “Agora tenho uma Bíblia em casa, confio em Deus e, por isso, nada vai acontecer”. As portas existem para sarem trancadas. Só para ilustrar, lembro-me de uma noite em que minha esposa e eu estávamos vendo um filme e, em certo momento, paramos, pois estava ficando muito violento. Desligamos a TV porque queríamos ter um pensamento de paz e harmonia. Durante a madrugada, ouvi um ruído estranho. Quando o ruído se repetiu, desci no escuro e fui verificar as portas. Vi uma pessoa olhando para dentro de casa e tentando arrombar a porta. Orei para reconhecer que aquele indivíduo era o filho perfeito de Deus. Depois, olhei de vários ângulos para ver se ele estava armado e achei que não. Peguei, então, um instrumento de metal e bati na porta, na altura do rosto do rapaz. Ele deu um pulo para trás e disse: “Não esquenta, tio”. Depois, saiu correndo. Não houve violência. Esse caso me chamou a atenção para o fato de não deixar que a violência entre em nossos lares pela mídia ou por outras vias. Precisamos estar alerta para proteger nosso lar com pensamentos corretos.

LL: O fato de não deixar a violência invadir nossa consciência e nossos lares é importante, pois também atua como agente preventivo.

Marcelo, você também tem algum exemplo a respeito do porte de armas para nos contar?

MC: Tenho um amigo que foi criado no Rio de Janeiro numa favela próxima à cidade. Durante sua infância, presenciou várias cenas de violência, de crime organizado e de confronto com bandidos. Despertou-lhe, então, o desejo de fazer parte da polícia para que, com armas, pudesse ajudar a combater o crime. Quando jovem, prestou concurso, foi aprovado para a Academia Militar e ingressou na carreira. Durante os primeiros anos, chegou até a ser condecorado por bons serviços prestados. Mas, em determinado momento, acabou cedendo a pressões, fez “vista grossa” e não cumpriu seu papel. Tentou prender alguém que estava armado e sem porte de arma nem registro. Mas a pessoa que estava com a arma lhe ofereceu dinheiro, caso ele se esquecesse do fato. Então, o soldado e seus colegas aceitaram a proposta do rapaz e o liberaram para que fosse buscar o dinheiro para pagá-los. Mas, ao invés disso, o rapaz os denunciou.

Enquanto a polícia militar fazia uma investigação, meu amigo me procurou para ajudá-lo, pois estava com medo do que poderia acontecer. Eu lhe disse como a Christian Science tem me ajudado a compreender Deus como Pai e Mãe, orientando-me para encontrar o caminho correto. Ele se interessou. Conversamos sobre a onipresença de Deus e como Ele está em todos os lugares, por isso, não há nenhum lugar onde Deus não tenha estado primeiro e nenhuma situação muito difícil para Ele resolver. Meu amigo fez algumas anotações sobre o que conversamos e as colocou na sua carteira. Naquele mesmo dia, ele e seus colegas foram detidos no quartel, julgados e transferidos para uma penitenciária. Durante o período em que esteve preso, eu o visitei várias vezes, dei-lhe Ciência e Saúde e alguns Arautos. Mais tarde, ele me disse que os conceitos espirituais que aprendeu lhe deram conforto, segurança e confiança. Ele foi colocado em liberdade condicional por bom comportamento e cumpriu o prazo da condenação. Depois disso, prestou o exame vestibular para Direito e está agora cursando o quarto período numa universidade do Rio de Janeiro. Foi contratado por uma ONG e atua com moradores de rua para conduzi-los a programas sociais oferecidos pela Prefeitura. Ele se sente muito bem prestando esse tipo de serviço. Encontrou uma forma de ajudar as pessoas da comunidade sem empunhar uma arma.

”Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus os tratará como seus filhos” (Mateus 5)

LL: É bom ver que, partilhar as idéias que aprendemos na Christian Science, de que Deus é Amor e é bom, traz força a quem dela precisa e orientação para enfrentar e vencer problemas. Sr. Orlando, conte-nos alguma de suas experiências com o público.

OT: Na prática da Christian Science, além de curar pessoas com problemas físicos, o praticista também trata de casos morais, de relacionamento e de ordem profissional. Certa vez, por exemplo, um ex-detetive me procurou durante seu período de liberdade condicional. Contou-me que, na penintenciária, sentia muito remorso pelo que havia feito e também medo. Pensou que a única saída seria o suicídio. Fez todos os planos, e no dia de executá-los, viu através da janela de sua cela, uma senhora entrando no prédio com um pacote e entregando-o para um policial. Depois que ela foi embora, aproximou-se do guarda para saber o que havia naquele pacote. O policial o informou que eram revistas religiosas para distribuição. Esse ex-detetive achou interessante e pediu uma. Eram Arautos. Disse-me que ao ler um deles, sentiu o terno amor de Deus se manifestando naquela senhora que havia ido até a penintenciária para levar uma mensagem de cura. Após a leitura, veio a esperança de que havia um caminho para ele seguir. O desejo do suicídio desapareceu. Uns dias depois disso, pôde sair da penitenciária em liberdade condicional. Entretanto, por onde andava, carregava consigo um revólver mas, sem ter porte de arma. Ela achava que era perseguido pelas pessoas não capturadas que haviam participado do crime pelo qual estava sendo julgado e, armado, se sentia protegido. Entretanto, aprendeu muito sobre Deus ao estudar a Lição Bíblica da Christian Science (trechos bíblicos e de Ciência e Saúde). Também se fortaleceu pelas conversas comigo e pelas orações. Em uma de suas viagens pelo interior, passando por uma mata, sentiu que não precisava mais daquela arma. Jogou o revólver entre as árvores, dizendo para si mesmo: “Agora eu confio em Deus”. Poucos quilômetros à frente, policiais o pararam. Seu carro foi totalmente revistado e liberado por não encontrarem nenhuma irregularidade.

LL: Isso quer dizer que, se ele estivesse com a arma naquele momento, poderia ter sido detido?

OT: Sem dúvida. Teria voltado para a penintenciária, com um agravante em seu caso. Hoje, ele está muito bem, trabalha no ramo imobiliário, exercendo uma atividade normal e correta dentro da sociedade.

Os casos aqui relatados podem ser poucos exemplos dentre milhares, visto que até agora mais de 400 mil armas já foram entregues à Polícia Federal para destruição, em vários estados, durante a campanha do desarmamento. Isso é evidência da conscientização individual e da percepção espiritual que ocorre hoje na sociedade e nas famílias.

Gosto muito do Salmo 46, que diz: “Deus é o nosso refúgio e a nossa força, socorro que não falta em tempos de aflição. Por isso, não teremos medo ... Deus vive nessa cidade e ela nunca será destruída; de manhã bem cedo, Deus a ajudará. O Senhor Todo-Poderoso está do nosso lado...”.

LL: Deus está na cidade onde estamos e em todas as outras. Só é preciso reconhecer a presença dEle.

MC: O Arauto está levando aos lares de muitas cidades uma mensagem de amor e de cura. Com o estudo da Biblia e de Ciência Saúde podemos espiritulizar o conceito de proteção, segurança, confiança, depondo as armas materiais e nos revestindo de armas espirituais. Isso nos vai ajudar a votar consciente e corretamente.

OT: Todos os cidadãos do Brasil têm agora em suas mãos a oportunidade de expressar sua vontade quanto à presença de armas entre a população. Há muitos incidentes ocasionados por armas de fogo, muitos até por estar a arma ao alcance de crianças ou de jovens, isso sem mencionar as balas perdidas. Para evitar tais situações, o poder legislativo está interessado em saber o que pensa o cidadão para assim estabelecer uma lei visando à segurança da população nos lares, escolas e locais de lazer.

Temos o direito de viver em paz. Jesus, o Princípe da Paz, trouxe à humanidade uma mensagem de amor, de saúde e de fortaleza para cada homem, mulher e criança. A mensagem de Jesus Cristo é atual e acessível a todos. Ainda agora são relevantes suas palavras do Sermão do Monte “Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus os tratará como seus filhos” (Mateus 5).

A oração pode ajudar a todos a votar conscientemente, a ter paz e segurança por meios inteligentes e obediência às leis do país. Votar pela paz é votar como pacificador e trabalhar para o bem e pela felicidade de todos. É forte o cidadão que confia nos princípios da Constituição e das leis humanas e se apóia nas leis espirituais de Deus. Feliz o bom pensador que toma uma atitude correta, que trabalha pela paz e está ocupado em manter seus pensamentos e ações em harmonia com o que é puro, bom e duradouro, tal como a vida deve ser.

LL: Muito obrigada, Marcelo e Sr. Orlando pela participação no nosso programa de hoje. Que cada um dos nossos ouvintes e leitores sinta a paz de Deus e viva em liberdade e segurança!

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