Despojar-se do velho e revestir-se do novo é um tema vital ao longo de todo o Novo Testamento. Jesus claramente ensinou aos seus seguidores a importância de serem transformados ou nascer de novo. Considero essa transformação como um despertar espiritual, pelo qual descobrimos o propósito de Deus ao criar a cada um de nós, de sermos Sua própria semelhança espiritual, o reflexo da Vida, da Verdade e do Amor divinos.
Um dos elementos essenciais para a transformação: o despojar-se da velha forma limitada de pensar, de velhos hábitos, de antigos ressentimentos e mágoas, constitui o perdão. Renascer em Cristo, certamente inclui compreendermos o verdadeiro significado do perdão, o que talvez exija que o pratiquemos com sinceridade, repetidas vezes se necessário, até que o compreendamos corretamente.
Não ensinou Jesus esse mesmo ponto? Quando lhe perguntaram: “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?” (ver Mateus 18:21). Jesus respondeu que isso não era o bastante. Seria necessário perdoar setenta vezes sete, ou quatrocentas e noventa vezes. Isso se aproxima do que Deus nos pede e do que Ele se dispõe a fazer por nós.
Até mesmo na cruz, Jesus demonstrou o modo transformador do amor e do perdão cristão. Jesus orou para seus brutais torturadores: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34).
Contudo, o perdão não anula o pecado. O malfeitor ainda tem de se reconciliar com o Princípio divino e desenvolver a sua própria salvação. O perdão nos livra das amarras do ressentimento, da raiva, do ódio, e também dá a oportunidade de o malfeitor encontrar um caminho melhor. Voltamos à oração de Jesus: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.
Para mim, isso é como ultrapassamos o ponto em que, às vezes, perdoar pode parecer uma tarefa impossível. Primeiro, devemos nos volver a Deus, o Pai-Mãe de todos nós, para obter Seu perdão.
Você acredita que aqueles que crucificaram Jesus teriam feito isso se tivessem compreendido o que estavam fazendo? Se tivessem entendido quem era Jesus e o que sua missão representava? Ou, no tocante a essa questão, se eles soubessem verdadeiramente quem eles eram, a própria semelhança de Deus, coherdeiros com Cristo e unidos no grande evangelho do Amor?
O perdão nos livra das amarras do ressentimento, da raiva, do ódio, e também dá a oportunidade de o malfeitor encontrar um caminho melhor.
As palavras de Jesus me fazem lembrar de uma declaração em Ciência e saúde com a Chave das Escrituras, em que Mary Baker Eddy escreveu: “Se a mente mortal soubesse ser melhor, seria melhor” (p. 186). Não podemos perdoar mais facilmente a ignorância espiritual do que pessoas? Pense nisso. Não seria a malícia premeditada ou a mediocridade uma forma de ignorância? Foi isso que Jesus disse sobre seus perseguidores maliciosos: “não sabem o que fazem”. Eles ignoraram o propósito de Deus para cada um de nós, o qual Jesus lhes mostrou. Primeiro, ele os perdoou. Depois, se recusou a reagir à malícia deles e então, a ser destruído pelo ódio ignorante deles.
Sem o fardo do ressentimento Jesus estava livre para sair do túmulo. O perdão constante de Jesus era a evidência de seu amor inabalável. Nós também podemos expressar o amor do Amor divino, e descobrir a vida eterna, que reflete a Vida divina.
Portanto, se concordarmos que Jesus ensina a importância de perdoar os outros, talvez essa exigência divina também se relacione com o que estamos dispostos a fazer por nós mesmos. Em outras palavras, estamos dispostos a perdoar a nós mesmos?
Quem entre nós não necessita de perdão? Muitas vezes, não só por termos ofendido outra pessoa, mas pelo fato de tratar a nós mesmos injustamente. Alguma vez não pensamos de forma equivocada sobre nós mesmos, deixando de ver que somos o reflexo de Deus? Já não nos rebaixamos ou fomos ingratos pelas bênçãos de Deus? Aceitamos estar doentes ou ser pecadores? Então, podemos humildemente nos arrepender, confiar e incluir a nós mesmos na mensagem essencial daquela mesma oração que Jesus ofereceu na cruz: “Pai, perdoe-me, porque eu não sabia o que estava fazendo. Não me dei conta de quem eu sou como Sua expressão pura e perfeita”.
Perdoe aos outros e perdoem a si mesmos, quando necessário. Então, vocês sentirão o amor transformador de Deus, à medida que se tornarem novos homens e novas mulheres, à medida que nos transformamos nas pessoas que Deus criou originalmente: Seus filhos e filhas amados, em quem Ele se compraz!
