Quando algo trágico acontece no mundo, ou com a família de alguém, muitas pessoas se perguntam onde estava Deus, naquele exato momento.
Talvez nos perguntemos ou ouçamos a pergunta: “Por que a oração não foi atendida”? Ou simplesmente: “Por quê”? Ou então, a pergunta talvez venha sob a forma da franqueza desconcertante de uma criança, como nesta carta que uma menininha endereçou a Deus (a ortografia e a gramática foram preservadas, conforme o original):
Querido Deus,
Em vez de deixar as pessoas morrerem, tendo de fazer novas pessoas, por que você simplesmente não protege as que você tem agora?
Jane
(Children's Letters to God [Cartas de crianças para Deus], compiladas por Stuart Hample e Eric Marshall, Editora Workman, 1991).
Ademais, existem episódios na história humana, em que “as pessoas que [nós] temos agora” cometem os piores crimes contra a humanidade, como o Holocausto na Europa e os mais recentes genocídios em Ruanda e no Sudão. Esses são crimes tão terríveis, que as pessoas naturalmente se perguntam: “Onde estava Deus quando...”?
Deus está e sempre esteve presente, o Criador com Sua criação. A Ciência Cristã revela Deus como Pai-Māe de todos que vivem, como o Amor divino e universal, que cuida e mantém Sua criação; como a Vida e a Mente de todo ser, durante todo o tempo. O Deus, que é Amor, nunca poderia criar ou tolerar qualquer coisa dessemelhante de Sua própria natureza. Em sua natureza real espiritual, homens e mulheres possuem e expressam somente os elementos da natureza de Deus. Quando o profeta Habacuque teve uma revelação sobre a natureza de Deus e disse: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar...” (Habacuque 1:13), ele estava certamente vislumbrando essa verdade que, mesmo milhares de anos mais tarde, ainda apresenta uma visão radicalmente espiritual de Deus como infinito, todo-bom, todoamoroso, não um Deus semelhante ao homem, que dá as costas para a corrupção e a violência.
Se a pergunta corriqueira é: “Onde estava Deus quando aconteceu a tragédia?”, talvez a pergunta mais adequada fosse: “Onde estava a compreensão da humanidade a respeito de Deus, quando o mal pareceu tão real e destrutivo?” Estaria Deus falando e nós deixando de prestar-Lhe atenção e de seguir Sua orientação?
Como resultado da busca, de uma vida inteira, pelo Deus que somente ama e cura, Mary Baker Eddy compreendeu que: “É nossa ignorância acerca de Deus, o Princípio divino, que produz aparente desarmonia, e compreendê-Lo corretamente restabelece a harmonia”. Ela concluiu: “A Verdade há de finalmente compelir todos nós a trocar os prazeres e as dores dos sentidos pelas alegrias da Alma” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 390).
Quando compreendemos a falta de poder do mal, mesmo que em um único caso, ou seja, quando o despertar espiritual salva alguém de uma vida moralmente condenável ou elimina de forma cabal o medo e cura uma doença, ou restaura a vida a um morto, testemunhamos então, em certa medida, a supremacia de Deus como nossa própria Alma, cujas alegrias não podem ser extintas. Vislumbramos uma luz que, não importa quão pequena possa ser, é algo mais do que toda a escuridão à sua volta.
Qualquer exemplo de cura divina expõe “a terrível irrealidade” do mal (Ibidem, p. 110). Terríveis também têm sido as mentiras mais grosseiras do mal, que serpentearam, ao longo de todo o século passado, com o nazismo e outras ideologias tirânicas. Como a Sra. Eddy certa vez observou em um de seus sermões: “Os ideais mais imaturos da teologia especulativa fizeram dos homens monstros...” Contudo, ela também viu que “em todas as épocas, à medida que o conceito das pessoas a respeito de Deus foi se tornando menos material e menos finito, na mesma proporção sua Deidade se tornou boa; não mais um tirano pessoal ou uma imagem fundida, mas sim a Vida, a Verdade e o Amor divinos, — Vida sem começo e sem fim, Verdade sem deslize e sem erro, e Amor universal, infinito, eterno” (The People's Idea of God [A idéia que os homens têm de Deus], pp. 3, 2).
O Amor divino, o eterno Princípio-sustentador-da-Vida, define, envolve e fala a cada um de nós, hoje, onde quer que estejamos em nossa busca por respostas. Esse Amor eterno mantém, no constante abraço da Vida, todas as vítimas da tirania, os entes queridos que conhecemos e os milhões que talvez conheçamos apenas cómo “os inocentes”. A vida individual de cada um deles não está perdida para o Pai de todos. Eles não perderam seu lugar ou seu propósito no universo espiritual. À medida que os conhecemos em sua natureza dada por Deus, ou seja, cada um como constituído dos atributos que refletem de Deus de uma maneira única e especial, cada um continuando a crescer em integridade, bondade e utilidade, também nós não podemos perder o contato com eles.
Não existem respostas fáceis para os profundos questionamentos do coração. Contudo, existem respostas a serem encontradas. Na medida em que as descobrimos, melhor compreenderemos e seguiremos mais atentamente um Deus infinito e sempre solícito para com todos.
