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Matéria de capa

Sempre em casa

Da edição de setembro de 2007 dO Arauto da Ciência Cristã


O lar sempre foi importante para mim. Enquanto crescia, como a quarta criança de uma alegre família de cinco filhos, em uma pequena cidade do estado de Virgínia, nos Estados Unidos, nosso lar era uma casa branca com venezianas verdes, próxima a um canal de escoamento de águas fluviais e a árvores com flores cor-de-rosa, onde gatos costumavam brincar. Mais tarde, quando eu era uma das duas adolescentes que ainda moravam em nossa casa, o lar era um lugar tranqüilo, em um oásis no deserto do Arizona.

Mas, apenas quando estive sozinha pela primeira vez, foi que o lar se transformou em um local para expressão de minhas próprias idéias e de hospitalidade. Depois que nos casamos, meu marido e eu chamamos vários lugares de lar. Cada um deles focava a educação e criação de nossa filha e de meus enteados. Todos esses lugares tiveram árvores que desabrochavam em flores corde-rosa na primavera.

Foi então que houve uma mudança em minha vida, com uma viuvez precoce. Encontrei um apartamento em um condomínio, o qual se adequava à minha necessidade de gerir sozinha os assuntos domésticos e financeiros. Não fiquei surpresa ao encontrar ali, também, uma árvore com flores cor-de-rosa. Era um lembrete gentil de que as mudanças em minha vida não tinham de significar uma perda do bem, mas que eram simplesmente novas oportunidades de me conscientizar das idéias de Deus tomando forma em minha vida.

Hoje, uma vez mais, encontro-me em um novo local. Casei-me de novo recentemente e moro em um pequeno e agradável apartamento em uma vila nos arredores de Paris.

As alegrias e os desafios que acompanham cada novo endereço têm exigido uma conscientização espiritual profunda daquilo que Mary Baker Eddy define como lar. “O lar é o lugar mais querido da terra, e deveria ser o centro, mas não o limite, dos afetos” (Ciência e Saúde, p. 58).

Afinal, no que se constitui realmente um lar? Embora talvez o consideremos o lugar físico onde vivemos, ou seja, uma casa, um apartamento, um barco, uma tenda, uma cabana, um trailer, um abrigo temporário ou mesmo uma caverna, em realidade, todos habitamos no Espírito, o reino da Mente, em Deus, onde a consciência do bem divino reside. De uma forma mais simplificada, nosso lar consiste das idéias espirituais substanciais do bem, as quais nos acompanham e com as quais vivemos. Essas idéias, na verdade, produzem uma atmosfera de bem-estar. O lar, portanto, não é nenhum local. Não é limitado por um determinado endereço. O lar está centrado na consciência, em nossa consciência individual do bem. Cada um de nós sente-se em casa em qualquer parte, porque, na verdade, nós estamos sempre na presença da consciência de Deus, onde quer que estejamos.

Você alguma vez sentiu-se completamente confortável em um novo lugar? Esses momentos de se sentir “em casa”, mesmo quando fora de seu ambiente familiar, indica uma verdade permanente. O lar é espiritual, não é material. De fato, existindo na consciência divina, o lar real é virtualmente indestrutível. Uma vez que cada um de nós tem a capacidade de ter o bem como companheiro, estar consciente dele, não importa o que esteja acontecendo ao nosso redor, as mudanças nas circunstâncias humanas nunca poderão colocar nosso verdadeiro lar em risco. Isso torna o lar infinitamente mais substancial e permanente do que qualquer estrutura material temporária.

O Salmo 23 é um lembrete gentil desse sentimento: “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre” (v. 6). A sólida conscientização de companheirismo com a bondade divina nos dá a segurança de que o verdadeiro lar está são e a salvo.

Uma de minhas casas ficava próxima a uma planície sujeita a enchentes em uma pequena cidade do estado de Nova Jérsei. Uma vez que nenhuma enchente havia ocorrido ali durante décadas, isso não me causava grandes preocupações. Entretanto, quando fomos atingidos pela “enchente dos cem anos”, como foi chamada, ela destruiu todo o andar de baixo, como também tudo que havia dentro de minha casa. Sofri durante três anos com o medo de que a casa fosse vulnerável à destruição devastadora e isso fez com que o processo de restauração fosse lento e laborioso. Mas em três anos, tudo ficou finalmente em ordem.

Nosso lar consiste das idéias espirituais substanciais do bem, as quais nos acompanham e com as quais vivemos. Essas idéias, na verdade, produzem uma atmosfera de bem-estar.

Então, veio a “enchente dos 500 anos”, que inundou o andar de baixo da casa e trouxe com ela o esgoto também. No início, fiquei emocionalmente arrasada. Meu grande medo havia se materializado e parecia que não havia nada que pudesse fazer parar a enchente. Recolhi-me no andar de cima para orar.

Talvez alguém possa pensar que o lar seja simplesmente uma manifestação física da compreensão espiritual. Contudo, em um sentido absoluto, o lar nunca pode ser físico, uma vez que isso implicaria que ele pudesse ser invadido ou destruído. No meu caso, achava que, se algo de ruim acontecesse à minha casa, a falha estava em mim, ou seja, que eu não soube o suficiente ou não tive fé suficientemente profunda. Isso minou minha segurança e alimentou o medo de que minha casa, embora sempre bela, fosse inerentemente material e assim com risco de perda ou destruição. Isso também sugeria que algo tinha o poder de varrer a presença real do bem divino para fora da minha vida.

Porém, a oração me levou a conclusões diferentes e a um senso mais amplo e mais profundo do que constitui um lar.

Comecei com perguntas. O que significa viver Casa do Senhor? A quem ela pertence e quem é o responsável por sua manutenção? Quem a protege? Raciocinei que, se conforme a Bíblia explica, bondade e misericórdia me seguirão o tempo todo, isso constitui minha consciência divina imutável e o verdadeiro lar inviolável. Sempre habitei na casa (a consciência) da bondade e misericórdia do Senhor (ver Ciência e Saúde, p. 578). O verdadeiro lar está alicerçado no Espírito, de forma permanente e segura, é de propriedade de Deus, a Mente todo-inteligente, e responsavelmente sustentado por Ele. Vivendo em um conhecimento consciente do poder divino e da bondade inviolável, estou a salvo de forças externas, materiais. Compreendi que esse é um fato eterno que não pode ser mudado, até mesmo em meus momentos de maior fraqueza.

Entretanto, o que dizer dessa assim-chamada força má, chamada enchente, que estava atacando meu lar? Essa pergunta me levou a ponderar sobre a natureza hipnótica do que Mary Baker Eddy chamou de magnetismo animal ou a ilusão de um poder oposto a Deus. Pela primeira vez, aceitei a possibilidade de que essa enchente destrutiva não era um fato consumado, mas, ao contrário, era uma ilusão, um medo magnificado sem nenhuma autoridade espiritual real.

Não tinha de consentir com esse medo. Podia negar-lhe qualquer poder de controlar minha experiência e de se intrometer em minha consciência de lar, dada por Deus. O medo não é um poder nem uma presença; ele é uma sugestão hipnótica que mina a confiança no eterno desdobramento do bem. Podemos escolher não ser hipnotizados.

Fiz minha escolha, ali mesmo, naquele exato momento. Meu lar estava intacto, concluí, porque ele era espiritual e estava a salvo em meu conhecimento consciente de Deus. Meu lar sempre esteve cheio da luz espiritual. De fato, se meu verdadeiro lar (minha consciência) pudesse ser invadido por uma enchente, seria somente pela luz do Cristo, a idéia espiritual de Deus, que ilumina e sustenta somente o bem.

A oração me deixou corajosa e livre. Agindo a partir do ponto de vista de que meu verdadeiro lar nunca havia sido tocado, esforcei-me por expressar domínio e alegria no processo de limpeza. Diferentemente da primeira enchente, que exigiu vários anos de restauração, todos os indícios do que parecia ser um acontecimento muito mais danoso fisicamente, foram completamente apagados em questão de semanas e essa propriedade ficou impermeabilizada desde aquela época.

No início de abril do ano passado, primavera na Europa, fiz uma longa caminhada pela floresta próxima do nosso novo apartamento na França. Sentia-me um tanto deslocada e descobri que a floresta silenciosa me proporcionava um santuário para examinar profundamente minha consciência e encontrar a paz onde eu verdadeiramente resido.

Sentindo-me melhor, dobrei a esquina da nossa rua e observei algo que não havia notado. Aparentemente, durante a noite anterior, a árvore em frente do prédio havia começado a florescer com flores cor-de-rosa. Não havia me dado conta de que havia botões prestes a florescer. Então, sorri. Esse foi outro terno lembrete de que tudo estava como devia estar. A árvore simbolizava a constância do desdobramento do bem, a terna presença do lar e a continuidade da solicitude do Amor divino para com todas as minhas necessidades. Tive uma conscientização renovada de que sempre estive em meu lugar correto, em Deus, onde sempre estamos em casa.

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