Enquanto escrevo este artigo, estou a bordo de um vôo de Paris para os Estados Unidos, rumo ao estimulante desafio de um novo trabalho.
Como consultora financeira internacional, já percorri uma longa jornada, que começou com os sonhos da minha infância de ser atriz algum dia. Contudo, minha vida profissional poderia ser descrita facilmente como uma seqüência de diferentes filmes, do tipo glamorosos, como um conto de fadas, ou com algumas reviravoltas, mas sempre com um "final feliz". Exatamente como aqueles bons e velhos filmes em preto e branco aos quais costumava assistir quando mocinha.
Tudo começou em uma fria noite em Londres, depois de um longo dia de trabalho. Eu era uma estudante de Paris trabalhando em uma loja de departamentos britânica e havia acabado de descontar meu cheque-salário. Quando estava indo ao encontro de uma amiga, perdi-me e um homem, que dissera que me mostraria o caminho, arrancou-me a bolsa e fugiu.
O incidente mexeu comigo a ponto de levar-me a investigar todo tipo de religião, porque, contrariamente ao que eu esperava que ocorresse, ou seja, nutrir sentimentos de mágoa, medo e desenvolver alguma paranóia, acabei sentindo um amor inesperado por aquele homem que havia me roubado todo o dinheiro.
Até aquela ocasião, eu havia deixado Deus completamente fora da minha vida. Havia muitas perguntas sem resposta, que meus devotos pais, russos ortodoxos, não puderam me explicar. Achava que alguma interpretação importante estava faltando e apenas desejava saber a verdade. Nada mais que a verdade. Além disso, o que me levou a essa busca, foi exatamente esse amor e perdão que sentira por alguém que eu, supostamente, deveria odiar. De onde vinha aquele amor? Logo descobri.
Quando saí de Londres de volta para casa, havia me matriculado em um programa de mestrado, mas ainda estava confusa quanto ao que desejava fazer com minha vida. No dia em que cheguei à França, havia um pacote na correspondência.
Continha o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, enviado por uma mulher a quem eu havia ensinado inglês, enquanto cursava o ensino médio. Depois de ler apenas algumas linhas, sabia que havia finalmente encontrado a Verdade. Quando liguei agradecendo, ela disse que simplesmente tivera a sensação de que aquele era o momento certo para me enviar o livro.
À medida que pensava sobre meu futuro, veio-me ao pensamento que desejava me tornar uma mulher de negócios. Na ocasião, isso parecia uma batalha difícil, especialmente na França, onde as mulheres não eram bem-vindas à roda-viva do mundo dos negócios. Ademais, eu não tinha as qualificações adequadas para esse ramo. Contudo, quando me envolvi com o estudo da Ciência Cristã, simplesmente sabia que podia me apoiar em Deus.
O que me levou a buscar a verdade foi o amor e perdão que sentira por alguém que eu deveria, supostamente, odiar.
Do nada me veio a idéia: "Vá para o Japão". Pensei: "O quê? Quoi?" Era como se alguém estivesse falando comigo. Liguei para uma Praticista da Ciência Cristã e perguntei se era comum Deus falar com as pessoas assim. Ela não achou nem um pouco estranho e sugeriu que deixasse tudo nas mãos dEle. Se esse fosse o plano do Pai, assegurou-me ela, tudo se resolveria de forma harmoniosa.
Em questão de dias, o plano inteiro, como algum tipo de tapete vermelho, começou a se desenrolar diante de mim e tudo o que tive de fazer foi segui-lo. Quando meus amigos souberam da idéia, acharam que eu estava louca, uma vez que o Japão tinha uma reputação ainda pior do que a França, com relação à discriminação contra as mulheres. Contudo, aprecio muito o que a Sra. Eddy diz em Ciência e Saúde: "...tudo é possível a Deus..." (P. 1). Isso me inspirou a afastar o medo do pensamento, muito embora soubesse que haveria obstáculos a vencer. Além de ser mulher, eu também era muito jovem. Ademais, gosto de dar risadas! Como poderia ser levada a sério no Japão?
Após alguns meses morando em Tóquio, fui à minha primeira entrevista para um emprego "de verdade". Foi um pesadelo. O proprietário da empresa me convidou para jantar, pediu muita comida e uma garrafa de uísque. Quando mencionei que não tomava álcool, ele se tornou agressivo, cancelou todos os pratos principais que havia pedido (e eu estava esperando por aquela comida deliciosa!) e me obrigou a sair daquele elegante restaurante. Senti-me muito humilhada.
Contudo, enquanto esperava pelo metrô para voltar para casa, repentinamente me lembrei do que aprendia naquele momento na Ciência Cristã. Que eu tinha uma escolha muito clara a fazer quanto ao que estava aceitando como real em meu pensamento. Será que deixaria esse homem estragar a visão que eu tinha de uma carreira bem sucedida? Deus havia me dado talentos específicos para expressar e eu simplesmente não podia ser punida por isso. Resgatei minha auto-estima e minha dignidade foi restaurada. Senti-me tão livre!
Alguns meses mais tarde, uma amiga japonesa me pediu que ajudasse seu amigo inglês a montar uma filial da empresa dele em Tóquio, e isso foi o começo de uma maravilhosa carreira no campo de consultoria financeira. Tudo se desdobrou exatamente como a praticista dissera: "se Deus estivesse no comando, tudo seria harmonioso". Foi o que aconteceu. De fato, quando rememoro aquele momento, fico maravilhada porque para aquele primeiro emprego, nem sequer me pediram um currículo, que evidenciaria que eu não tinha qualquer experiência adequada àquele tipo de negócio.
Houve, naturalmente, desafios, a maioria por eu ser jovem e mulher. A fim de conseguir novos clientes, precisava ganhar a confiança deles, para que se sentissem despreocupados em que eu cuidasse de seus assuntos financeiros. Sabia que podia confiar em Deus, porque Deus é Princípio, a lei divina. Desejava expressar beleza, feminilidade, profissionalismo, graça, força. Se pudesse expressar essas qualidades, nada poderia me atrapalhar. Estava certa. Havia encontrado meu próprio estilo e todos pareciam apreciá-lo!
Continuei a me esforçar em meu trabalho. Nunca precisei recorrer a negociações temerárias e inflexíveis, as quais haviam me informado que faziam parte do jogo. Nunca tive de fazer quaisquer das coisas que eram supostamente "necessárias" para se arranjar clientes como: sair para beber, levá-los a clubes, etc. Certa vez, até tive um cliente que me contou que a razão pela qual ele decidira fazer negócios com nossa firma era por que ele nunca havia me visto freqüentando nenhum dos bares populares, portanto, ele achou que eu era exatamente a pessoa que deveria cuidar de suas finanças. Em pouco tempo, tornei-me a principal consultora de vendas da empresa em que trabalhava.
Passo a passo, Deus ia me posicionando no lugar certo. À medida que crescia em minha compreensão sobre quem Deus é e quem eu sou como Sua filha, as habilidades de minha carreira também se desenvolviam. Continuo a ver as palavras de Jesus colocadas em ação, conforme sua orientação: "Eu nada posso fazer de mim mesmo" (João 5:30). Agora sou a líder e pessoa encarregada de levantar fundos para um projeto, que me levou de volta a Paris. Ainda como a mais nova da equipe em um campo dominado por homens, estou trabalhando com alguns engenheiros talentosos e altamente capacitados, a quem apelidei "the Einstein guys" (os caras sabichões).
Recentemente, tive de tomar uma decisão para a qual parecia necessário o conselho dos "sabichões". No início, segui as recomendações deles, uma vez que eram os especialistas da área, mas a oração se tornou uma parte tão natural da minha vida que sabia que precisava ser guiada por Deus. Certa noite, quando ia para a cama, senti como se um farol de repente se acendesse sobre o projeto, mostrando-me as falhas decorrentes de seguir as recomendações deles, falhas que comprometeriam diretamente meus clientes investidores.
Quando contei aos "meus sabichões" sobre minha decisão de não acatar a recomendação deles, fui muito pressionada. Além disso, disseram-me que minha decisão afetaria uma pequena fábrica que teria de ser fechada e 30 pessoas perderiam seus empregos. Lembraram-me de que eu ainda usava "fraldas" e que não deveria estar questionando a autoridade deles.
Foi então que liguei para uma Praticista da Ciência Cristã para que me ajudasse a me certificar de que minhas escolhas estavam sendo guiadas por Deus e não pelo meu "pequenino eu". Ela me lembrou que "O Amor divino sempre satisfez e sempre satisfará a toda necessidade humana" (Ciência e Saúde, P. 494). Portanto, Ele satisfaria minha necessidade de saber qual a coisa certa a fazer.
No meio desse turbilhão de acusações contra mim, fiquei calma. Embora o vento estivesse soprando com toda a força, meu cabelo continuava intacto! Essa situação me fez lembrar a história de Jesus dormindo no barco, quando seus discípulos o acordaram para salvar a todos eles da tempestade (ver Mateus 8:24–26). Quando li essa história pela primeira vez, pensei: "Ah, me poupe, dormindo enquanto o barco está para afundar"? Mas agora compreendia. Sentia-me como se estivesse fincada sobre uma rocha, inabalada tanto pelas críticas ao meu redor quanto pela urgência da situação.
À medida que crescia em minha compreensão sobre quem Deus é e quem eu sou como Sua filha, as habilidades de minha carreira também se desenvolviam.
Incluí a pequena empresa com seus 30 empregados em minha oração. Quer essa empresa estivesse para fechar ou não, Deus estava no controle e, portanto, isso somente traria bênçãos. Em um sábado de manhã, recebi um e-mail de um dos "caras sabichões" dizendo-me que, no dia anterior, (que era o prazo final para a empresa fechar), haviam recebido um pedido de uma grande empresa, o qual era cinco vezes maior do que aquele que eu teria feito! Como o projeto mais tarde foi bem sucedido, "os sabichões" reconheceram que a decisão pessoal que eu havia tomado fora exatamente a decisão correta. Fiquei muito feliz de ver a prova, como sempre vejo, de que Deus estava apoiando cada ação minha.
Durante minha carreira, agora com vários anos, nunca tive de me defrontar com assédio sexual novamente, e não tenho medo da percepção masculina de que sou uma jovem mulher em negócios de grande magnitude. Desde que conheci a Ciência Cristã, sei quem eu sou. Ao rememorar todos esses acontecimentos, vejo que o pouco que eu compreendia dessa Ciência naquela ocasião operou maravilhas em minha vida.
Enquanto termino este artigo, estou sentada em um outro aeroporto, em minha viagem de volta dos Estados Unidos para Paris. Estou perplexa por ter testemunhado, novamente, o trabalho perfeito de Deus nos últimos dois dias, um novo projeto cujo desafio será ainda maior. Talvez pareça ao mundo que estou no papel do pequeno Davi contra o gigante Golias. Entretanto, tudo está bem, porque "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Romanos 8:31).
