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ESPIRITUALIDADE E CURA

Nenhum osso emprestado

Da edição de março de 2008 dO Arauto da Ciência Cristã


Há muitos anos, uma mulher, que enviuvara recentemente, estava sofrendo dores no osso pélvico, cada vez mais fortes, tornando difícil e muito doloroso para ela caminhar ou sentar-se. Certa manhã, enquanto orava a respeito desse problema, ela percebeu a necessidade de rejeitar qualquer argumento dos sentidos materiais de que ela se originara e vivia na matéria e precisou ater-se, com fidelidade inabalável, à verdade de sua identidade espiritual e imortal, que tinha sua origem na Mente divina, Deus, e que essa identidade era inseparável dessa Mente.

Várias vezes durante aquele dia, ela recorreu àqueles fatos espirituais poderosos. Então, de repente, vieram-lhe ao pensamento as palavras: nenhum osso emprestado. À medida que ponderava essa mensagem fora do comum, começou a compreender que se referia a uma passagem do segundo capítulo do Gênesis: "E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher..." (2:22). A conexão era clara: a primeira mulher alegórica, Eva, havia sido formada de um osso emprestado do primeiro homem, Adão, o que implicava que a condição feminina havia sido removida do homem para que a mulher fosse criada, deixando, tanto o homem como a mulher, incompletos.

A mulher então concluiu que o problema físico do qual sofria, bem podia estar enraizado no velho conceito mental de que a mulher simplesmente não seja completa sem o homem. Além disso, que o único antídoto para esse conceito equivocado era ater-se à verdade de que ela não havia sido, de maneira nenhuma, modelada segundo Eva, mas de acordo com o padrão de feminilidade espiritual declarado no primeiro capítulo do Gênesis, no qual: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem... homem e mulher os criou" (1:27). Aqui, na única criação real, homem e mulher surgem da Mente simultaneamente, por meio da ação perpétua da lei divina, não por meio de processos físicos. Cada um reflete a plenitude da natureza divina, nunca carecendo de nada, e incorporando qualidades tanto masculinas como femininas, ou seja, a verdadeira masculinidade e a verdadeira feminilidade. Ademais, cada um está unido, exatamente agora, ao Amor divino.

À medida que essa mulher afirmava essas verdades, os sintomas começaram a desaparecer e logo ela estava completamente bem.

Certamente seria absurdo imaginar que a Mente que tudo sabe, todo-poderosa, a Alma infinita de tudo, necessitaria tomar algo emprestado de uma entidade a fim de produzir outra! As conclusões tiradas desse contrasenso, são de enorme importância universal, tanto para homens como para mulheres. Estas estão entre as mais significativas:

1. Que a mulher seja o único ser em toda a criação não modelada diretamente por Deus, mas, em vez disso, formada de algo já criado.

2. Que a criação da mulher não foi digna de um pensamento original, e que foi mesmo uma idéia tardia, que ocorreu depois, tornando a mulher o único pensamento a posteriori em toda a criação e, portanto, inquestionavelmente a entidade menos amada na criação.

3. Que o homem, ao invés de Deus, foi o ponto de partida da mulher, dessa maneira ligando a mulher diretamente ao homem. Isso incluiu a ligação de sua realização ao seu marido (ver Gênesis 3:16), como também o conhecimento dela quanto ao que é certo e errado, uma vez que a mulher ainda não havia sido criada quando Deus deu instruções com relação à árvore proibida.

4. Que a mulher foi projetada e ordenada a servir e a submeter-se ao homem, ao invés de a Deus, de forma que ela não tenha nenhum propósito verdadeiramente individual.

5. Que a mulher não tem nenhum relacionamento direto ou ligação com Deus (até seu nome foi dado por Adão, em vez de por Deus), mas, ao contrário, ela se relaciona com seu Criador somente através de um intermediário, ou seja, um homem. Essa última conclusão nega a coincidência da divindade com a condição feminina humana e serve de fundamento para uma criação patriarcal eternamente dominada pelo homem.

Considerando que nada tem valor e autoridade genuínos, ou mesmo saúde e bem-estar, a não ser que derivem diretamente de Deus; e que 54 por cento da população do mundo (Cristão, Judeu e Islâmico) aceita o segundo capítulo do Gênesis como a explicação da criação (enquanto a maioria das religiões restantes adotam os pontos de vista teológicos ou culturais sobre as mulheres como inferiores aos homens), então é possível perceber porque essa faceta do mito do Gênesis 2 tem provocado conseqüências devastadoras para as mulheres, ao longo da história humana, em todo o mundo.

Para mencionar apenas um dos incontáveis exemplos: a matança de bebês do sexo feminino tem sido praticada durante milhares de anos, resultado de uma preferência cultural ou religiosa por crianças do sexo masculino, prática essa encontrada principalmente em sociedades patriarcais, onde a linha de descendência é considerada somente entre homens.

Incontestavelmente, é necessária a metafísica radical, profundamente cristã, para se penetrar na raiz de um mal tão chocante e violento. Então, quais são os fatos espirituais centrais sobre os quais fundamentar nossa oração? Que verdades ou leis divinas estão envolvendo a preciosa condição humana da mulher, agora mesmo, leis que, quando aplicadas, devem vencer a desigualdade, a degradação e a perseguição às mulheres?

Em primeiro lugar, talvez seja a verdade da natureza masculina e feminina de Deus, cuja plenitude é refletida por toda Sua criação. Uma vez que o homem foi criado, tanto macho como fêmea, à imagem de Deus, segue-se que a mulher somente poderia ter emanado de um Deus cujo ser é tanto masculino como feminino, ou seja, Pai e Mãe, sendo a maternidade de Deus igual à Sua paternidade. De fato, a Ciência Cristã se refere freqüentemente a Deus, o Princípio divino, o Amor, com o nome unido e dual de "Pai-Mãe". Então, uma vez que a maternidade e a paternidade de Deus são idênticas e devem, necessariamente, expressar essa igualdade assim na terra como no céu, por que a maternidade de Deus não teria uma presença mais substancial, literal, na Bíblia, além de símiles e metáforas? Em realidade, ela tem.

Quando as esposas dos patriarcas: Sara, Rebeca e Raquel, e, mais tarde, Ana (a mãe do profeta Samuel), como também a mãe de Sansão e até mesmo Isabel, mãe de João Batista, foram, uma após a outra, consideradas estéreis, sua comunhão com Deus resultou em concepção. Esses exemplos são tradicionalmente vistos como exemplos da intervenção divina no processo físico de concepção humana.

Contudo, Deus, o Espírito, não "interferiu" para ajudar os mortais a criarem outros mortais. Somente o Espírito origina e desenvolve todas as individualidades. A verdadeira reprodução, aqui e agora, é a manifestação mental, ou reflexo, do poder criativo divino, e não está ligado à matéria ou a forças materiais.

Assim, para todas essas mulheres estéreis, a dificuldade em conceber um filho não era uma condição da matéria, mas talvez um senso de separação entre a mulher e Deus, a Mãe de todos. A cura da esterilidade dessas mulheres se refere à história da maternidade de Deus, revelando à consciência humana a necessidade de se perceber que a capacidade de a mulher ser mãe está ligada principalmente à sua união com Deus, a Vida divina. Essa cura também fornece vislumbres da causalidade como inteiramente separada da matéria e do sentido material, abrindo gentilmente o caminho para a consciência humana aceitar o nascimento virginal de Jesus.

O anjo Gabriel revelou à Virgem-mãe que ela conceberia espiritualmente o homem Jesus, que viria a ser o Salvador do mundo, que salvaria a humanidade da crença de vida e mente na matéria. Contudo, para que ela fosse a mãe humana desse filho divinamente concebido, a união direta e inquebrantável da mulher com seu Princípio divino, o Amor, o Pai-Mãe de todos, tinha de ser estabelecida. A ligação científica que existe eternamente entre Deus e a mulher (conforme declarada em Gênesis 1), foi demonstrada quando Maria cedeu à presença ofuscante do Espírito Santo, a lei do Amor, e concebeu.

Entretanto, por que essa verdade profunda sobre a maternidade de Deus foi tão escondida? Talvez porque a feminilidade seja a idéia espiritual do Amor divino, a idéia mais odiada e perseguida pela mente carnal. Ciência e Saúde explica: "A serpente, o sentido material, morderá o calcanhar da mulher — lutará para destruir a idéia espiritual do Amor; e a mulher, essa idéia, ferirá a cabeça da luxúria" (P. 534). O Amor é o destruidor da mente carnal, a arma sagrada da batalha espiritual. Todo o mal cai diante do Amor divino, pois não tem poder e é irreal. Nosso Mestre, Cristo Jesus, ensinou e provou plenamente que somente o Amor divino vence o mundo.

Em seu livro Unity of Good (Unidade do Bem), sob o subtítulo "O que a senhora diz da mulher?" Mary Baker Eddy respondeu: "Homem é o termo genérico para toda a humanidade. Mulher é a espécie mais elevada de homem, e tal palavra é o termo genérico para todas as mulheres; mas nenhuma de todas essas individualidades é uma Eva ou um Adão. Nenhuma delas perdeu seu estado harmonioso na economia da sabedoria e do governo de Deus" (p. 51).

Notavelmente, o símbolo bíblico no livro do Apocalipse que lida de forma específica com a união de Deus com o homem genérico, é uma mulher, ou seja, "uma mulher vestida do sol" (12:1), a mulher cujo significado, quando plenamente demonstrado, acabará com o reino mitológico de Eva e de Adão sobre a terra. Acho que, pela revelação e interpretação desse símbolo espiritual, a Sra. Eddy forneceu o antídoto para cada um dos erros egrégios que levaram à degradação da mulher. Primeiro, ela escreve: "A mulher no Apocalipse simboliza o homem genérico, a idéia espiritual de Deus; exemplifica a coincidência de Deus com o homem como Princípio divino e idéia divina" (Ciência e Saúde, P. 561). Isso não ajuda a destruir a velha crença de que a mulher não tenha nenhuma ligação direta com Deus?

Em segundo lugar, a Sra. Eddy escreve: "Assim como Elias apresentou a idéia da paternidade de Deus, a qual Jesus posteriormente manifestou, assim o autor do Apocalipse completou essa alegoria com a mulher, que simboliza a idéia espiritual da maternidade de Deus" (Ibidem, P. 562). Isso talvez lide, de forma peculiar, com a implicação de Gênesis 2 de que Deus não tenha nenhuma natureza maternal ou feminina para expressar especificamente como mulher.

Em terceiro lugar, a Sra. Eddy declara: "A idéia espiritual é também simbolizada por uma mulher em trabalho de parto..." (Ciência e Saúde, p. 562) revelando a mulher em termos de maternidade humana, e mostrando, decisivamente, a conexão entre a maternidade divina e a humana. Esse conceito, ligando de forma conclusiva Deus, o Princípio divino, o Amor, à maternidade humana, concede à mulher sobre a terra a bênção plena que pertence a cada filho de Deus. Para mim, isso ilustra o privilégio de cada mulher de destruir a síndrome de Eva, de afirmar e expressar a autoridade, o poder, a dignidade, a posição e a individualidade única que provém da união da mulher com Deus. Essa união espiritual inclui a garantia de libertação da mulher das assim-chamadas doenças das mulheres, incluindo as crenças de perda óssea (osteoporose) e cólicas menstruais.

Sabemos com certeza que Adão não representou o homem ideal a quem a Mente deu o domínio sobre toda a terra. Cristo Jesus foi o homem ideal. Ao resolver completamente o problema de Adão, Jesus abriu o caminho para cada homem e mulher elaborar a Ciência do ser, demonstrar sua inteireza e o domínio que nos foi dado e ordenado por Deus.

Todo o mal cai diante do Amor divino, pois não tem poder e é irreal. Nosso Mestre, Cristo Jesus, ensinou e provou plenamente que somente o Amor divino vence o mundo.

Contudo, a libertação específica, científica, da condição feminina humana dos grilhões do Gênesis 2 necessitava de uma mulher que seguisse o caminho traçado por Cristo Jesus, ou seja, uma mulher que pudesse despedaçar esses grilhões por ela mesma, através da revelação e demonstração da Ciência, ou lei, dos ensinamentos e da prática de Jesus. De acordo com meu ponto de vista, essa libertação necessitava de uma mulher humana que servisse de exemplo e que representasse uma esperança para todas as mulheres sobre a terra, de que elas têm a capacidade de provar sua união original com Deus, união essa que coloca a lua, ou a matéria, sob seus pés (ver Ciência e Saúde, p. 561). Uma mulher que ilustrasse a autoridade que já lhe pertence por direito, cuja humanidade coincidisse com a divindade e que cada realização dessa mulher fosse o resultado da demonstração de sua união com seu Criador.

Poder-se-ia dizer que Mary Baker Eddy, como a Descobridora da Ciência do Cristianismo, como Fundadora e Líder do movimento da Ciência Cristã, deu à humanidade o exemplo mais puro possível da demonstração da feminilidade espiritual. A obediência da Sra. Eddy a Deus, o Amor divino, capacitou-a a conceber e a dar à luz a Ciência Cristã. Falando a respeito da metáfora das Escrituras sobre a mulher em trabalho de parto, a Sra. Eddy escreveu em Miscellaneous Writings 1883-1896: "Imaginam os filhos desta época o doloroso labor da Mãe espiritual, durante a longa noite, labor esse que lhes abriu os olhos para a luz da Ciência Cristã?" (P. 253).

Não somente é preciosa a mensagem da Sra. Eddy, mas também como a preciosa mensageira, sua própria e notável jornada humana ilustra o fato de que a mulher nunca foi em realidade uma Eva, inferior ao homem, fraca, dependente, desprezada ou oprimida. Sua vida ilustra a elevação, tanto da feminilidade como da masculinidade, do mortal para o imortal, fazendo isso inteiramente por meio do poder divino, não humano.

Mary Baker Eddy demonstrou a feminilidade espiritual em vários aspectos de sua vida. Armada com sua compreensão sempre em desenvolvimento da Ciência do ser, ela labutou contra a oposição e o escárnio da família e da sociedade, contra a terrível solidão, zombaria, perseguição, medo, doença, a traição de amigos, alunos e, até mesmo, de algumas das pessoas que ela havia curado. Ela talhou um lugar para sua descoberta e fundou uma igreja mundial em um país onde as mulheres ainda não podiam votar. O mais importante ainda, ela realizou tudo apenas por meios espirituais, fundamentada em sua individualidade espiritual demonstrada, não no poder pessoal nem na posição educacional ou social.

Cada passo de sua experiência humana, cada provação e cada triunfo, simbolizaram a jornada que todos os homens e mulheres podem fazer para se libertar das tradições e crenças teológicas e culturais mais intrincadas, a jornada das trevas para a luz, da servidão para a liberdade, da sujeição para a autoridade, para a compreensão do domínio que a humanidade tem sobre toda a terra.

A Sra. Eddy mostrou a toda humanidade que nosso domínio é o reflexo do domínio de Deus. Contudo, esse domínio não é alcançado por meio da autoassertividade, que pretende ter uma identidade pessoal competente separada de Deus, que precisa alcançar a ascendência por meio de artimanhas femininas, manipulação ou agressividade, ou por meio da pressão e da dominação masculinas. Ao contrário, esse domínio é alcançado pela abnegação que abandona a personalidade material e se reintegra em seu ser original, ou seja, sua individualidade espiritual única, na semelhança do único Ego, Deus.

A Ciência divina revela o grande fato espiritual de que homens e mulheres estão ligados diretamente ao seu querido Pai-Mãe Deus; que a mulher não foi criada a partir do homem, e que nunca teve de emprestar, nem se apropriou de nenhum elemento dele; que cada individualidade feminina é, agora mesmo, infinitamente amada, protegida, capacitada, glorificada, porque cada mulher, exatamente como cada homem, é eternamente inseparável de Deus, seu Princípio divino, o Amor.

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