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REFLEXÃO

Enfrentei a crise da meia-idade

Da edição de abril de 2009 dO Arauto da Ciência Cristã


"Acho que estou passando pela crise da meia-idade"! Ouvi-me dizer isso, entre soluços. Tenho de admitir, parecia que estava vivenciando um longo período de confusão, frustração e tristeza. Minhas emoções oscilavam entre lamentar escolhas passadas (ou pelo menos questioná-las repetidamente), e achar que o futuro não me reservava nenhuma esperança.

Essa atitude era totalmente o oposto de mim. Ela certamente não combinava com a visão generalizada que tinha da vida nem com meu trabalho de sanadora espiritual. Reconhecer essa dicotomia me levou a autocondenaçāo e a um sentimento de hipocrisia. Imaginava como poderia ajudar outros a se libertarem de sentimentos semelhantes, nos quais eu mesma estava tão imersa, que era incapaz de me livrar deles.

Uma frase familiar da Bíblia: "Médico, cura-te a ti mesmo" (Lucas 4:23), ressoou em meus ouvidos. Sentindo muito o peso daquela acusação, que Jesus antecipara viria de seus críticos, a de que embora ele pudesse pregar, ensinar e curar outros, seria ele também capaz de curar a si mesmo? Claro que sim, pensei. A graça de Deus nunca lhe falhou. Compreendi que a graça de Deus estivera também todos os dias comigo, o que me proporcionou um senso de clareza através da névoa e me ajudou a atender aos pedidos de ajuda de amigos. Trouxe-me também um sentimento de paz e gratidão. Entretanto, encontrar a libertação das garras da "crise" continuava difícil.

Foi então que um dia veio-me ao pensamento: Seria isso uma crise da meia-idade ou uma ressurreição?

Deus havia preparado um lugar especial para mim

Intuitivamente reconheci que se tratava do segundo caso. Doloroso? Sim. Desafiador? Totalmente. Confuso e desestabilizante? Definitivamente. Entretanto, não podia escapar dos fatos espirituais convincentes de que aprendia muito ao confrontar meus temores, vencia-os e confiava mais em Deus.

Especificamente, comecei a perceber que meus temores de falhar ou de desapontar outras pessoas não tinham fundamento na verdade. Vivia minha vida com amor e motivos puros e tinha êxito ao ajudar outras pessoas, à minha maneira. Deus havia preparado um lugar especial para mim. Um lugar que somente eu poderia ocupar.

Compreendi também que estava pensando em mim como uma perdedora, porque ainda estava solteira, sem filhos, e não tivera muito successo com relacionamentos duradouros. Contudo, consegui ver além desses pensamentos inclementes e reconheci que eles de maneira alguma expressavam os pensamentos puros que Deus nutria por mim. Eu não era uma perdedora, mas a filha querida do próprio coração de Deus, merecedora do amor incondicional! Era como se estivessem me mostrando, repetidas vezes, minha "criança interior".

Sinceramente, não havia procurado descobrir mais sobre minha inocência infantil inata ou seguir algum caminho já usado anteriormente para a cura. Contudo, quando orei, de forma humilde e, às vezes desesperada, continuei encontrando "ela", a Laura, a doce criança que no fundo realmente não conhecia muitas coisas do ponto de vista intelectual e era frequentemente insegura a respeito das coisas, mas que tinha um relacionamento imutável com o Amor divino. Quando esses pensamentos despontaram, eles pareciam criar raros momentos de uma paz que me fazia chorar e uma espécie de consolo. Compreendi que tinha de haver algo relativo à profundidade daquele sentimento, algo que indicasse um anseio de me ater firmemente à minha identidade espiritual.

Somos capazes de superar até mesmo os mais assustadores obstáculos

À medida que pesquisava a Bíblia por mais respostas, percebi que a luta pela Verdade é antiga. Ela sugeria uma espécie de renovação, um abandono de antigas formas de agir e pensar, e uma avidez por mais iluminação espiritual. Percebi também que essa luta vem acontecendo há séculos, sempre impulsionada pela amorosa mão de Deus. Eu não estava sozinha. De fato, estava em boa companhia.

Compreendi que tinha de haver algo relativo à profundidade aquele sentimento, algo que indicasse um anseio de me ater firmemente à minha identidade espiritual.

Superar crenças limitadas em vez de me submeter a elas provara ser desafiador. Entretanto, semana após semana, à medida que vencia as sugestões de que minha vida fora desperdiçada, de que estava indo para lugar nenhum, ou de que era indigna, a névoa mental começou a se dissipar. A luta foi simplesmente a "crucificação" daquilo que não estava mais funcionando em meus pensamentos, nem me satisfazendo espiritualmente, e a aceitação da novidade da vida que Deus estava preparando para mim.

Volvi-me ao relato da ressurreição na Bíblia, uma história da qual já conhecia o fim. Jesus ressuscita. Ele ressuscita, apesar da luta contra pensamentos sombrios no jardim do Getsêmani, apesar de toda traição e condenação dirigidas a ele, apesar do tempo que passou no túmulo. Ele ressuscita. Portanto, eu estava descobrindo que somos capazes de superar até os mais assustadores obstáculos, porque essa mesma verdade do Cristo está presente na consciência para nos renovar hoje.

Um momento decisivo veio quando compreendi que minha "crise da meia-idade" era na verdade uma ressurreição, um reconhecimento mais completo de que eu não era definida pelas limitações que frequentemente aceitava. O que eu pensava que fosse minha hora mais escura, levou-me a uma nova aurora. A vida começou a cantar uma nova e bela canção, uma canção de criança, com a "Laura" no refrão.

Houve mais algumas tentações para que eu cedesse ao desespero, depois daquela nova inspiração, mas até isso me trouxe maior iluminação e uma confiança mais humailde na solicitude do meu Pai-Māe Deus e no Seu propósito para mim. A vitória era inevitável, não importando quão fortemente aquelas antigas acusações tentassem fazer com que me rendesse. Era como se eu estivesse nos estágios finais de uma grande limpeza mental, ou seja, eliminando um monte de lixo. A prisão das decepções humanas se abriu, e dali emergi com uma nova compreensão sobre o que significa a vida eterna centrada em Deus. A busca cansativa e o solitário vagar errante deram lugar ao progresso.

Adquiri um senso mais puro sobre mim mesma, como um ser que somente Deus pode definir

Após alguns meses, minha vida ficou mais clara e refletia uma perspectiva mais espiritual. Abandonei alguns traços de caráter aos quais havia me apegado, como também algumas expectativas sombrias. Comecei a me sentir menos tímida, mais espontânea e menos crítica sobre mim mesma. Uma vontade de me surpreender com as coisas (e de me regozijar) acompanhou essas mudanças. Também iniciei um relacionamento amoroso, repleto de muita vitalidade, apoio, confiança e alegria.

A prisão das decepções humanas se abriu, e dali emergi com uma nova compreensão sobre o que significa a vida eterna centrada em Deus. A busca cansativa e o solitário vagar errante deram lugar ao progresso.

Chegou o dia em que constatei que minha "crise da meia-idade" havia passado completamente, enquanto havia me ocupado simplesmente em viver. Pensar sobre a tal crise não fazia mais nenhum sentido para mim. Estava rodeada de tanto bem e adorando desfrutar de tudo aquilo. Ainda estou, e isso é só o começo.

O que eu vivenciava não era de maneira nenhuma o término da vida, ao contrário, era a revelação da vida como ela verdadeiramente é. Adquiri um senso mais puro sobre mim mesma, como um ser que somente Deus pode definir. A aceitação daquela desejada identidade doce e verdadeira é o triunfo que me fez sentir renovada e, definitivamente, mais sábia!

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