O Dia da Terra foi estabelecido há 39 anos, em 22 de abril de 1970. Desde aquela ocasião, essa data despertou a sociedade para a necessidade de uma campanha mundial com o objetivo de proteger nosso meio ambiente global. Sou grata pelo lançamento dessa data comemorativa, que nos leva a não apenas prestar homenagem à terra, como também a cuidar dela e a preservá-la.
Interesso-me profundamente pelo nosso mundo, mas sei que problemas ambientais podem parecer bastante intimidadores. Além disso, culturas diferentes lidam com essas questões de formas distintas; o que uma sociedade considera prioridade não é necessariamente importante para outra.
Aprendi muito sobre diferenças culturais, desde que me mudei para a Espanha com meu marido, que é espanhol. Nasci nos Estados Unidos. Viver na Espanha tem proporcionado um mundo inteiramente novo para mim. Imersa em uma nova cultura e em um novo idioma, mesmo acontecimentos do cotidiano são novidades, tais como comer melão doce e suculento em um dia quente de verão ou ouvir o som agradável dos sininhos pendurados nas cabras, que passam próximas da nossa casa.
Contudo, por mais que aprecie genuinamente essas experiências, algumas coisas nesse país que adotei às vezes me deixam irritada.
Minha nova vida exige uma compreensão espiritual mais elevada
Estou aprendendo que respeitar outra cultura inclui se adaptar a alguns de seus costumes. Descobri também que minha vida na Espanha não exige somente mudanças no comportamento e nas expectativas, mas também é preciso uma compreensão espiritual mais elevada sobre lar, família, amigos, uma identidade espiritual abrangente que não está limitada a linhas culturais ou delineadas por elas.
Deixe-me explicar. Em certa ocasião, estava cheia de preocupação sobre uma bela área local para piqueniques, que estava sempre coberta de lixo. Imaginava como as pessoas podiam ser tão descuidadas. Por que elas preferiam espalhar o lixo pelo chão, quando havia latas de lixo disponíveis e por que ninguém fazia nada a respeito do problema?
Sempre que houve progresso em minha vida foi porque o Cristo me revelara mais sobre quem eu sou como a filha de Deus.
Embora esse tipo de situação aconteça em muitos lugares, comecei a rotular as pessoas da Espanha como descuidadas e desrespeito com relação à lei. Achava que aquele hábito fazia parte da cultura local. Tomar uma providência humana por conta própria parecia fora de propósito, porque havia muito lixo espalhado. Além disso, devido ás minhas limitações em falar fluentemente o idioma espanhol, eu estava muito relutante em conversar com alguém sobre o problema.
Certo dia, enquanto dirigia pela área, uma percepção espiritual rompeu essa minha tendência de criticar, e compreendi que tinha de "limpar o lixo" do meu próprio estado mental, de crítica. Sabia que a oração era a maneira de fazer isso.
O Cristo é natural a cada um de nós
A luz que resplandeceu em meu pensamento foi o que vim a conhecer como o toque do Cristo. O Cristo é a identidade espiritual concedida por Deus que Jesus tão perfeitamente incorporava em todas as suas palavras e ações, e que é natural a cada um de nós também.
Sempre que houve progresso em minha vida foi porque o Cristo me revelara mais sobre quem eu sou como a filha de Deus. O Cristo tem a ver com aquilo de que Deus, a Mente, está consciente; portanto sobre algo de que eu também estou consciente como reflexo de Deus. Na presença do Cristo, não existe nenhum espaço para justificação própria ou crítica. O Cristo abranda, inspira e cura, abrindo o caminho para percebermos a beleza e a bondade sempre presentes em todos e em tudo. Essa bondade tem sua origem em Deus e é mantida por Ele.
Honesta e humildemente, perguntei a Deus como podia orar sobre o lixo no parque e minha ansiedade a respeito do problema. Sabia que o Cristo me mostraria o caminho.
Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, escreveu em Ciência e Saúde: "Somos beneficiados por orar? Sim, o desejo que parte faminto em busca de justiça, é abençoado por nosso Pai, e não nos volta vazio" (p.2). Levei muito a sério essa promessa.
Nós naturalmente incorporamos justiça, dignidade e bondade.
Pensei imediatamente na palavra dignidade. Uma vez que Deus, o Amor, criou cada um de nós, nosso estado natural de ser é uno com a dignidade, a bondade e a justiça. Deus está fazendo com que Sua criação seja atenciosa, cuidadosa e verdadeiramente consciente da beleza e da bondade. Características, tais como generosidade e lealdade e sua expressão em uma determinada cultura, são dignificadas e enaltecidas pela espiritualidade concedida por Deus.
À medida que orava dessa maneira, compreendi que, uma vez que era impossível para o Amor criticar sua própria descendência amorosa, também não era natural que eu criticasse.
Depois disso, toda vez que passava pelas áreas cheias de lixo, esforçava-me para sentir amor pelas pessoas, ao invés de criticá-las. Comecei a perceber e a apreciar a ordem e a beleza que via nas casas das pessoas que visitava. O dia-a-dia aqui algumas vezes é muito diferente do que nos Estados Unidos, mas, pela oração, comecei a ver o bem na expressão espanhola dessas qualidades dadas por Deus.
Coloquei em prática uma gratidão maior pelo terno cuidado e paciência que a família do meu marido e seus amigos espanhóis demonstravam por mim. Também procurei apanhar o lixo quando o via jogado na rua.
Tornei-me mais tolerante
Durante os meses que se seguiram, essas ideias se tornaram maiores para mim do que a crítica. Estava muito mais indulgente e adquiri um conceito mais claro da ideia espiritual de Deus.
Às vezes, ainda luto contra a crítica e sempre existe espaço para melhorias na cidade onde vivo, mas aprendi que fazer a minha parte pelo meio ambiente envolve vigiar meu próprio ambiente mental.
Seis meses depois, antes de uma feira de primavera, notei que todo o lixo fora recolhido, todo ele! Além disso, quase dois anos mais tarde, o parque continua limpo e bem cuidado. Ele foi grandemente ampliado e empregaram pessoas para cuidar de sua manutenção.
Não quero dizer que somente a minha oração produziu essas mudanças, mas com certeza vivenciei verdadeiramente uma nova maneira de ver as coisas por meio das orações em busca de justiça. Às vezes, ainda luto contra a crítica e sempre existe espaço para melhorias na cidade onde vivo, mas aprendi que fazer a minha parte pelo meio ambiente envolve vigiar meu próprio ambiente mental. Cada dia é o Dia da Terra, quando paramos de acumular lixo em nosso pensamento.
Juntamente com o sentimento de uma apreciação maior pela Espanha, sua cultura e seu cuidado pela parte que ocupa no mundo, meu mais profundo desejo é valorizar a perspectiva espiritual que adquiri, e Deus abençoa esse desejo.
