Em novembro de 2008, um grande dilúvio assolou o estado de Santa Catarina, Brasil. A tragédia afetou 1,5 milhão de pessoas nos 49 municípios atingidos.
Blumenau viveu a pior catástrofe desde que foi fundada, em 1850, por imigrantes alemães. O volume de água foi calculado em 300 bilhões de litros e, em função das diferenças no relevo, no solo e na distribuição das chuvas, em alguns pontos a água atingiu 12 metros de altura (Revista Veja-Reportagem Especial, 3 de dezembro de 2008).
Esse cenário de desolação mobilizou o país inteiro, que montou uma estratégia de ajuda comunitária. Mas os que lá enfrentavam esses momentos deram muito de si para sobreviver à situação e vivenciaram uma experiência genuína de amor ao próximo.
Os relatos a seguir, de membros da igreja da Ciência Cristã de Blumenau, mostram como a oração e a confiança em Deus os ajudou a sentir Seu cuidado e proteçāo.
"A glória do Senhor seja para sempre! Exulte o Senhor por suas obras!" (104:31). Durante a tragédia provocada pelas enchentes em Blumenau, tive a oportunidade de orar com esse salmo de que gosto tanto, e de reconhecer o governo infalível de Deus, que é onipotente, onipresente e imutável.
O barranco enorme atrás de minha residência me fez pensar que a casa estivesse sujeita a deslizamentos. Entretanto, ao estudar a Ciência Cristã, aprendi a alinhar o pensamento, por isso, quando olhei para as árvores frutíferas no jardim, pensei: "Não! Deus as fez crescer! Deus dá vida, vigor e beleza para Sua criação e não destrói sua própria obra".
Na ocasião, tive a oportunidade de expressar o grande amor de Deus e ajudar meus vizinhos, mesmo no meio da noite. Providenciamos locais para dormir da melhor maneira possível. Não havia energia nem telefone. Eles ficaram hospedados em minha casa até que puderam voltar às suas próprias residências. Fiquei feliz pela oportunidade de mostrar que nosso guia é sempre o Amor divino.
Duas gatas com filhotes foram abandonados na frente da minha casa. Tratamos deles com muito carinho, até encontrar alguém que os amasse e quisesse adotá-los.
Agradeço também o apoio e as orações que recebemos de todo o Brasil na ocasião. As pessoas foram muito generosas conosco. Para mim, essa foi mais uma prova de que o Amor divino é tudo e governa a todos.
Aprendi na Ciência Cristã a sempre fazer o bem aos outros. Nas minhas orações, afirmo que sou a expressão das qualidades de meu Pai-Māe Deus. Gosto da interpretação espiritual da Oração do Senhor, que Mary Baker Eddy escreveu em Ciência e Saúde: "O teu reino já veio; Tu estás sempre presente" e "E o Amor se reflete em amor" (pp.16,17).
A Ciência Cristã ensina a todos a ser justos e puros, o que é uma verdadeira bênção.
Há um relato bíblico em que o profeta Elias chegou ao monte Horebe e constatou que Deus não estava no vento, no terremoto e no fogo, mas no cicio tranquilo e suave (ver 1 Reis 19:11,12).
Esse trecho me veio ao pensamento em novembro de 2008, quando fortes chuvas caíram em Santa Catarina. Tive a oportunidade de reconhecer que Deus "não estava no excesso de chuva", nem a estava enviando para nos prejudicar. Por isso, eu afirmava constantemente que, se Deus é onipotente, a chuva não tinha o poder de destruir. Deus é equilíbrio e Amor e o Amor não destrói. Pensar dessa forma me ajudou a elevar o pensamento, manter a calma e prestar auxílio a quem precisava.
Certa noite, algumas árvores caíram em cima da casa vizinha. Toda a vizinhança acordou e foi ajudar a família afetada. Horas mais tarde, ainda na mesma noite, todos ficaram perplexos, pois houve um deslizamento intenso de terra que soterrou aquela casa.
Como a minha residência fica apenas a alguns metros e há um morro atrás dela, as pessoas me aconselharam a tirar o carro da garagem e me afastar de casa. Alguns vizinhos do outro lado da rua me ofereceram hospedagem, que aceitei com gratidão. Nas noites seguintes houve mais avalanches. A terra parou muito próxima de minha casa, mas não a atingiu.
Duas semanas depois, falei com o vizinho morador da casa soterrada. Ele me disse: "Devo a vida das minhas duas filhinhas a uma vizinha, que as tirou da cama e as levou para sua casa". Graças à ajuda fraternal da vizinhança, a vida daquelas pessoas foi salva. Para mim, essa foi uma prova de que todos expressam o Amor divino, que cuida de todos e os protege, em todas as ocasiões.
Sou muito grata pela proteçāo que tive durante as enchentes que assolaram Santa Catarina.
Depois de 22 dias de chuva, em um domingo de manhã cedo, acordei com o telefonema de meu filho, que mora no terreno ao lado, para me avisar que a água no meu jardim estava um pouco elevada. Ele ainda disse que já estava levando os carros para o pátio da igreja da Ciência Cristã que frequentamos, o qual não alagaria.
Foi uma bênção o fato de o portão da igreja estar aberto. No sábado anterior não havíamos conseguido trancá-lo devido às fortes chuvas. Meu filho não tinha a chave do portão e ele não conseguiria ir apanhá-la, pois o nível da água já estava alto em muitas ruas, o que impedia a passagem de carros.
A água continuava a subir depressa. Meu filho, com a ajuda de meu neto e de um empregado, ainda conseguiu tirar o maquinário que fica embaixo da piscina e os móveis do porão. Quando olhava a água subindo, eu pensava: "Até aqui e não mais adiante"! A água parou de subir quando faltavam cerca de 30 cm para entrar na piscina.
Naqueles dias faltou água na rede, mas as águas da piscina ficaram limpas e puderam ser utilizadas pelos vizinhos e por mim. As águas não chegaram nem até o porão, apenas o jardim ficou coberto de grossa camada de lama, que se tornou um bom adubo.
Quão grande é o cuidado de Deus! O Amor divino se manifesta em amor fraternal, e esse amor foi fundamental para a proteçāo de todos naquela situação.
Na tarde do dia 22 de novembro de 2008, um sábado, estávamos reunidos na igreja da Ciência Cristã que frequentamos, onde estudávamos a Lição Bíblica Semanal. Quando saímos, chovia tanto que não foi possível trancar o portão que dá para o pátio, pois corria muita água. Para chegar em casa, passamos com o carro por ruas alagadas. Havia árvores caídas e a rede elétrica de nossa rua foi danificada.
Deixar o portão da igreja encostado naquele sábado foi uma bênção, pois na manhã do dia seguinte uma pessoa me pediu que eu levasse a chave do portão para que ela e outros pudessem estacionar seus carros no pátio da igreja, que não enche. Contudo, já não era mais possível chegar lá, pois as águas haviam invadido algumas ruas que davam acesso à igreja. Naquele domingo não foi possível realizar o culto dominical.
Um membro de nossa igreja e sua família perderam a casa e quase tudo o que havia dentro, com o deslizamento de um morro de 1000 metros de altura. Sua mãe, que é sua vizinha, perdeu todos os animais do estábulo e o galinheiro. Sei que estavam orando e que foram abençoados, pois alguns minutos antes da avalanche, um senhor desconhecido insistiu que saíssem da casa. Eles foram acolhidos na casa de um amigo, que os hospeda com carinho até hoje. Para mim, essa foi uma prova de que Deus, na hora certa, envia seus anjos, mensagens divinas que protegem.
Outros também foram protegidos e tiveram a intuição de sair de suas casas durante a noite, minutos antes de os imóveis serem soterrados ou demolidos pelas avalanches de terra.
Quanto a mim e minha esposa, ficamos oito dias sem energia elétrica. Mesmo assim, ajudamos os vizinhos que moram em área de risco e abrimos nossa casa para que pudessem guardar seus veículos e alguns pertences, e também para que pudessem tomar banho com água limpa e quente.
Os membros da igreja da Ciência Cristã de Blumenau distribuíram Arautos nos abrigos de pessoas desalojadas, sendo bem recebidos, com manifestação de carinho e gratidão.
Este Salmo: "Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte e aos teus tabernáculos" (43:3) firmou meu pensamento no governo harmonioso de Deus, mesmo em situações que pareciam ser um verdadeiro caos.
A Ciência Cristã comprova que o cuidado de Deus está sempre presente e é acessível a todos.
