Conseguir contatar Alessandra Colombini é mais ou menos como tentar pegar a onda perfeita em uma das inúmeras praias maravilhosas de seu país adotivo, o Brasil. Sincronia é tudo. Viajante frequente, Alessandra passou a maior parte dos últimos oito anos cruzando o globo por vários países e compartilhando a Ciência Cristã com pessoas receptivas. Para Alessandra, Praticista, Conferencista e Professora de Ciência Cristã, o lar está onde quer que ela se encontre. Essa tem sido uma lição valiosa que aprendeu logo que começou a estudar a Ciência Cristã.
Nascida em Roma, Itália, Alessandra frequentou um colégio de freiras de ensino fundamental até quando a família se mudou para São Paulo. Seu pai recebera uma promissora oferta de trabalho na indústria automobilística brasileira, que estava em pleno desenvolvimento. No Brasil, com a idade de onze anos, Alessandra pôde apreciar aquilo a que ela se refere como sua primeria amostra de liberdade religiosa.
Anos mais tarde, cursando uma universidade em São Paulo, sozinha e longe de casa (seus pais haviam se mudado para outra cidade), ela tomou conhecimento da Ciência Cristã por meio de seu namorado, estudante de Direito. Foi instantaneamente atraída pela lógica da Ciência Cristã. Casou-se quando ainda estava na faculdade, teve dois filhos, Marcos e Flávio, que hoje são adultos e frequentam a igreja filial em que cresceram. Alessandra está na Prática Pública da cura pela Ciência Cristã há muitos anos e é Professora de Ciência Cristã desde 2003. Fluente em português, italiano, espanhol e inglés, ela tem sido de grande valia para o Conselho de Conferências da Ciência Cristã, pela disponibilidade para dar palestras nesses idiomas.
Em janeiro, consegui contatar e conversar com Alessandra pelo telefone e por e-mail no hotel em que estava hospedada em Manila, para dar continuidade à conversa que havíamos iniciado um pouco antes de ela sair de viagem para um circuito de conferências ao longo da orla do Pacífico, começando por Hong Kong, depois Filipinas, Japão e, finalmente, Coréia do Sul.
SUZANNE SMEDLEY: Alessandra, você está nas Filipinas há quase uma semana. Soube que o movimento da Ciência Cristã está realmente progredindo nas Filipinas.
ALESSANDRA COLOMBINI: Os Cientistas Cristãos são muito ativos aqui. Havia quase 300 pessoas na conferência que dei sobre a oração no último sábado, em uma universidade em Baguio, na região norte das Filipinas. Muitos vieram de longe, de diversos vilarejos nas montanhas que circundam a cidade, mesmo com chuva! Fiquei sensibilizada pela dedicação dessas pessoas, considerando a distância que haviam percorrido. Cerca de um terço das pessoas presentes eram jovens e adolescentes que distribuíam literatura da Ciência Cristã e atuavam como indicadores. Todos foram muito receptivos à mensagem da conferência. Pessoas que estavam tomando contato com a Ciência Cristã pela primeira vez manifestaram sua apreciação durante o período de perguntas e respostas, logo após a conferência. As perguntas foram realmente pertinentes. Muitas pessoas vieram conversar comigo em particular após o evento, e outras vieram até mesmo ao hotel, trazendo amigos que desejavam saber mais sobre a Ciência Cristã.
Fui informada de que existem 15 grupos informais de Ciência Cristã na região norte do país, além da igreja na cidade de Baguio. Há muitos jovens nas Filipinas e as Escolas Dominicais da Ciência Cristã estão cheias. Os membros realmente os encorajam a trabalhar nas igrejas filiais. A maioria do pessoal jovem também apoia esses grupos da Ciência Cristã, se deslocando até eles e ensinando em classes informais de Escola Dominical. A palestra que dei em Manila também teve uma frequência muito boa. Existem duas igrejas nessa grande metrópole: Manila e Pateros, com membros abnegados e dedicados.
Comecei a estudar a Ciência Cristã e a apreciá-la pela lógica de raciocínio e de argumentação que descobri em Ciência e Saúde.
SS: Que idioma você fala quando dá conferências ali?
AC: Inglês. Há vários idiomas e dialetos nas Filipinas e o país está trabalhando para unificar o idioma filipino, mas, por enquanto, o inglês é o meio de comunicação entre as diferentes regiões.
SS: Você não foi criada na Ciência Cristã. Como você a encontrou e a adotou?
AC: Tomei conhecimento da Ciência Cristã no Brasil por meio do meu namorado, que, mais tarde, tornou-se meu marido. Um amigo havia lhe apresentado a Ciência Cristã havia pouco tempo, pois um problema no trabalho afetara sua saúde. Ele havia começado a estudar a Ciência Cristã e foi curado. Também comecei a estudar essa Ciência e a apreciá-la pela lógica de raciocínio e de argumentação que descobri no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy. Isso realmente me atraiu, como também as lições espirituais que extraí da Bíblia com a leitura de Ciência e Saúde. Amo a Bíblia e já a estudava naquela ocasião. Portanto, quando descobri que as lições que ela continha poderiam ser usadas de maneira prática nos dias de hoje ... bem, identifiquei-me completamente com a Ciência.
SS: Você compreendeu o livro Ciência e Saúde quando o leu pela primeira vez?
AC: Eu estava acostumada ao estudo intelectual e foi dessa maneira que abordei Ciência e Saúde no início. Não, não compreendi o livro de imediato, mas continuei lendo. Para mim, o que fez a diferença e finalmente me ajudou a compreendê-lo foi a leitura do Arauto da Ciência Cristã. Um dia, li nessa revista um artigo sobre família. Eu passava por um período difícil na ocasião, porque estudava em uma faculdade em São Paulo e minha família morava em outra cidade. Sentia-me muito triste, solitária e deslocada. Contudo, após a leitura desse artigo, compreendi que a Ciência Cristã era um sistema metafísico de pensamento. Veja, percebi, pela leitura do artigo, a diferença entre raciocinar a partir do senso material, isto é, do intelecto, e raciocinar a partir do senso espiritual. Entendi que poderia compreender Ciência e Saúde somente se racioncinasse a partir do ponto de vista espiritual.
SS: Como você descreveria o racioncínio espiritual?
AC: O racioncínio espiritual começa com Deus, ou seja, quem Deus é e o que Deus sabe sobre nós, não começa com a evidência humana. Começamos a raciocinar espiritualmente, primeiro obtendo uma melhor compreensão de Deus como Amor, Espírito, Mente, Alma, Princípio, Vida e Verdade. Esses sete sinônimos para Deus que Mary Baker Eddy apresenta em Ciência e Saúde me ajudaram muito nesse processo de raciocínio espiritual. Por exemplo, quando começamos a reconhecer a Deus como o Amor onipresente e onipotente, conseguimos amar outras pessoas que talvez pareçam difíceis de se amar. O Amor, sendo Deus, é o poder que nos capacita a amar, a despeito de qualquer coisa. Podemos amar porque refletimos o Amor, não porque os outros fazem o que nós queremos ou porque são como nós queremos que sejam.
SS: Então, como essa linha de pensamento curou sua solidão?
AC: Essa maneira de pensar me proporcionou um conceito mais espiritual de família. Percebi que minha verdadeira família era a família de Deus. Deus é meu Pai-Māe, sempre presente, sempre comigo. Além disso, compreendi que todos os filhos de Deus faziam parte da minha verdadeira família. Não somente alguns dos filhos de Deus, mas todos. Estava morando com outras moças em uma casa para estudantes e, portanto, pude entender que elas também eram minha família, pois poderíamos conviver como irmãs. Podia me sentir em casa, porque estava sempre na presença do meu Pai-Māe e ter Sua ajuda sempre que precisasse. Isso fez uma grande diferença para mim. Mudou toda a minha vida.
SS: Você mencionou que sempre havia gostado da Bíblia. Você cresceu em uma família religiosa?
AC: Não exatamente. Quando conheci a Ciência Cristã, frequentava uma igreja Batista. Havia crescido em Roma, onde estudei em uma escola católica no ensino fundamental. Entretanto, no Brasil fui para uma escole pública. Quando estava com doze anos, passei a ir à igreja Batista com uma vizinha. Minha família também optou pela mesma igreja por algum tempo. Permaneci na religião Batista até começar a estudar a Ciência Cristã.
SS: O que a atraiu à igreja Batista?
AC: A Bíblia. Quando tinha apenas sete anos e ainda vivia na Itália, meu tio me deu um livro chamado "La Bibbia per il bambino" [A Bíblia para Crianças]. Eu não tinha a Bíblia tradicional, somente esse livro, que eu amava. Ele era bastante completo e ao lê-lo, descobri a história de José do Egito e aprendi como ele venceu inúmeras dificuldades e injustiças. Isso me causou forte impressão.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a atmosfera mental na Itália era assustadora para uma criança e eu estava muito infeliz. Todos se queixavam e se rebelavam. As famílias que conhecíamos haviam perdido alguém na guerra. Contudo, quando li a história de José, tive um vislumbre de que não tinha de concordar com a atmosfera de desgraça que pairava sobre o meu país por causa da guerra. Podia vencer a sensação de desalento que tinha por ser pobre, da mesma maneira que José venceu tudo o que ele enfrentou. Para isso, podia usar os recursos espirituais que existiam dentro de mim. Podia me sair bem na escola, ser feliz em vez de triste e fazer coisas boas para as pessoas. Tinha um senso claro de Deus e de que Ele estava me ajudando. A partir daí, sempre refletia sobre as histórias bíblicas contidas nesse livro e o trouxe comigo para o Brasil. Ainda está em minha estante.
Quando descobri que os batistas liam a Bíblia e a usavam sem um intermediário, e que eu podia ter minha própria Bíblia, gostei da igreja. Entretanto, quando entrei para a faculdade, senti a necessidade de algo mais. Já não achava que as histórias e os ensinamentos da Bíblia tinham aquela aplicação prática que havia sentido quando criança. A religião e a vida cotidiana haviam se tornado dois mundos separados. A Ciência Cristã restabeleceu para mim aquela conexão entre as duas coisas. Vencer a solidão naquele período foi minha primeira cura na Ciência Cristã, que trouxe de volta o aspecto prático dos ensinamentos da Bíblia.
Compreendi que todos os filhos de Deus faziam parte da minha verdadeira família. Não somente alguns dos filhos de Deus, mas todos.
SS: Como você descreveria o papel da fé entre as pessoas do Brasil de hoje?
AC: Em geral, os brasileiros são muito religiosos e estão em busca de espiritualidade. Apesar da atraçāo materialista da vida moderna, eles sentem a necessidade de recorrer a um poder mais elevado, a fim de vencer os grandes desafios e as mudanças que enfrentamos em nosso país. Portanto, as igrejas evangélicas, que continuam a crescer e a ocupar grande espaço no Brasil, estão repletas de fiéis. Seus cultos tendem para o lado emocional, ao passo que nas igrejas da Ciência Cristã a atmosfera nos cultos é tranquila.
A Ciência Cristã não faz apelo aos sentidos físicos, mas sim ao sentido espiritual. Se existe espiritualidade genuína em nossos cultos, isso é o que atrai os pensadores.
SS: Por que você acha que alguém se sentiria atraído para os cultos da Ciência Cristã, os quais, como você diz, são mais tranquilos em comparação com os cultos de igrejas de várias outras denominações? Falando francamente, os cultos da nossa igreja têm muito pouco do apelo emocional de que as pessoas sentem necessidade e aceitam como espiritualidade.
AC: A espiritualidade genuína é sempre boa e leva à paz, enquanto certas emoções nem sempre são boas e muitas vezes são totalmente negativas. Portanto, não devemos nos preocupar em comparar nossos cultos com um tipo emocional de adoração. Em nossa igreja filial em São Paulo, tenho ouvido frequentemente pessoas que assistem ao culto pela primeira vez elogiarem a paz e a quietude que sentiram. Isso não significa que nossos cultos sejam monótonos ou maçantes. Muito pelo contrário! Quando trazemos para o culto a inspiração espiritual que sentimos, eles ficam cheios de vida. Gosto de pensar sobre as Lições Bíblicas lidas a cada culto como "tratamentos" espirituais, com ideias específicas para a cura dos males que enfrentamos, tanto individualmente como na comunidade e no mundo. Pense em como nossos cultos adquirem vida quando cada membro da igreja, não somente os Leitores, ora pela congregação no espírito do nosso Mestre, conforme Mary Baker Eddy estipulou que deveríamos fazer, no Manual da Igreja Mãe [ver p. 42]. Que força essa oração coletiva tem para tornar o culto interessante e sanador! Tem o potencial de inspirar a todos a seguirem o Cristo e a se unirem em uma alegre fraternidade com os outros membros e a estender esse amor crístico a todos os frequentadores e visitantes.
Naturalmente, não é errado adorar a Deus através da expressão artística, quer seja canto ou dança. Essa expressão da Alma divina é normal e correta, mas, como a expressão de Deus, seja qual for a forma de adoração que escolhermos, devemos visar ao senso espiritual. Se a adoração suscitar apenas uma sensação emocional, ela não alcança a genuína espiritualidade. Além disso, não seria sincero usar a emoção ou a sensação como um meio de atrair as pessoas à igreja. Uma pessoa talvez venha à nossa igreja em busca de uma conexão com Deus, em busca de espiritualidade, e ela não encontrará isso por meio da sensação material. A Ciência Cristã não faz apelo aos sentidos físicos, mas sim ao sentido espiritual. Se existe espiritualidade genuína em nossos cultos, isso é o que atrai os pensadores.
SS: O que você quer dizer por "pensadores"? Pensar em quê?
AC: Temos o exemplo de Jesus. Ele não tentava atrair as pessoas por meio de ritos e práticas espetaculares. Ele primeiro curava, depois ensinava, ou seja, ele atraía pessoas que necessitavam de cura e então aquelas que estivessem dispostas a aprender o como e o porquê da cura permaneciam com ele. A cura não se processava por meio de invocações em alta voz ou promovendo uma atmosfera emocional com efeitos áudio-visuais. Sua consciência espiritual era o poder sanador em ação. Isso se aplica a cada um de nós como sanadores.
Um pensador é a pessoa que está disposta a aprender e a alcançar aquela consciência espiritual que cura. Tenho notado que as pessoas em geral se dispõem a pensar e a aprender quando se encontram em situação realmente difícil. Elas começam a fazer perguntas e estão dispostas a se aprofundar mais, porque descobriram que a mera sensação física de enlevo não é mais suficiente para elas. A sensação física não leva à satisfação espiritual. Como eu disse, se nós que assistimos aos cultos da Ciência Cristã tivermos aquela consciência crística que Jesus demonstrava, não vai faltar mais nada.
Um pensador é a pessoa que está disposta a aprender e disposta a alcançar aquela consciência espiritual que cura.
SS: Contudo, ouvimos que as igrejas tradicionais em muitos países enfrentam dificuldades semelhantes: menos membros, igrejas fechando, e assim por diante. Você acha que os Cientistas Cristãos precisam fazer alguma coisa diferente, para conservarem o vigor, a energia e o reconhecimento, a fim de acompanhar a mudança dos tempos?
AC: Precisamos praticar a Ciência Cristã com fidelidade. O obstáculo real, ou deveria dizer, irreal, ao progresso em nossa Igreja não é o fato de termos apenas três hinos em nossos cultos, ao invés de termos bateria e música moderna. Não é a Ordem dos Cultos no Manual da Igreja. O que ocorre é que, em muitos casos, não estamos praticando a Ciência Cristã.
SS: Você pode explicar?
AC: Isso é algo sobre o qual tenho pensado muito. Existe uma passagem na página 248 de Ciência e Saúde que ilustra o que quero dizer: "Qual é o modelo que está diante da mente mortal? Será a imperfeição, a alegria, a tristeza, o pecado, o sofrimento? Aceitaste o modelo mortal? Acaso o estás reproduzindo? Então és perseguido em teu trabalho por escultores viciosos e formas hediondas. Não ouves todo o mundo falar do modelo imperfeito? O mundo pōe-no continuamente diante de teus olhos. O resultado é que ficas propenso a seguir esses padrões inferiores, a limitar a obra de tua vida e a adotar na tua experiência o contorno anguloso e a deformidade dos modelos da matéria". É isso que ocorre em muitos casos. Aceitamos o modelo mortal e tudo que está incluído nesse modelo (e podemos fazer uma longa lista de coisas, tais como: doenças da moda, medo, limitação, crise, e assim por diante) e o reproduzimos. Ouvimos falar desse modelo imperfeito hoje muito mais do que no tempo de Mary Baker Eddy. Por quê? Porque hoje temos a comunicação de massa via Internet, televisão e a mídia em geral. Percebo em minha prática da Ciência Cristã que não vigiamos o bastante para nos afastar desses falsos modelos e manter o modelo espiritual no pensamento.
SS: Que exemplo específico de um "falso modelo" você tem notado na mídia?
AC: Recebi um e-mail recentemente me remetendo a uma entrevista de um médico na Internet que falava sobre a influência do pensamento sobre nossa saúde. O médico dizia na entrevista que precisamos ter cuidado com o ódio, com sentimentos negativos, porque eles têm uma influência negativa sobre nossa saúde. Nessa entrevista, o médico fazia uma conexão da diabetes e outras doenças com o pensamento. Portanto, sim, essa ideia de que a mente humana influencia a saúde é muito comum agora. Contudo, esse raciocínio leva à noção de que a mente mortal tem poder e de que temos de focar a mente mortal, "trabalhar" a mente mortal, a fim de eliminar ou diminuir o medo, o estresse ou aquilo que parece afetar a saúde. O que começa como se fosse muito parecido com a Ciéncia Cristã, acaba sendo totalmente contrário a ela. Os Cientistas Cristãos oram a partir do ponto de vista de que Deus é a única Mente. Deus tem o poder e nós vencemos a doença, não pela mente mortal, ou meramente transformando pensamentos mortais em pensamentos melhores, mas deixando os pensamentos mortais e nos imbuindo de pensamentos espirituais. É um progresso admitir que o pensamento influencia a saúde, mas os Cientistas Cristãos têm de ir mais a fundo e raciocinar a partir de uma base puramente metafísica.
É um progresso admitir que o pensamento influencia a saúde, mas os Cientistas Cristãos têm de ir mais fundo e raciocinar a partir de uma base puramente metafísica.
SS: Você está dizendo que o modelo com o qual precisamos começar é Deus, Sua bondade e totalidade e, então, raciocinar a partir desse ponto de vista a fim de sermos sanadores bem sucedidos.
AC: Exatamente. Procuro manter sempre em mente esta declaração de Ciência e Saúde: "É nossa ignorância acerca de Deus, o Princípio divino, que produz aparente desarmonia, e compreendê-Lo corretamente restabelece a harmonia" (p. 390).
Entre os inúmeros falsos modelos que o mundo põe continuamente diante de nossos olhos estão as extensas análises das "razões" para cada problema que a humanidade enfrenta hoje. Uma razão para cada doença, cada desastre, cada crise econômica. Essas razões são tão bem colocadas e aparentemente justificadas, que temos a tendência de aceitá-las como verdadeiras. Sempre que aceitamos uma razão para qualquer mal, admitimos sua realidade e não conseguimos mais orar do ponto de vista da Ciência Cristã, porque nossa oração precisa, antes de tudo, começar por reconhecer a irrealidade do mal. Mary Baker Eddy escreveu que é nossa ignorância a respeito de Deus que produz a desarmonia e, quando corrigimos essa ignorância, todas as "razões" que o mundo apresenta para os problemas da humanidade deixam de ter força em nosso pensamento.
Existe a premissa bem intencionada de que, quando se conhece a razão para um problema, então poderemos resolvê-lo ou nos prevenir. Isso soa como um racioncínio correto, mas, do ponto de vista espiritual, ele nos deixa atolados nas limitações humanas e podemos facilmente constatar os resultados pífios dos melhores esforços da humanidade. Certamente, valorizamos todo o bem que está sendo feito por muitas organizações e pessoas que trabalham diretamente com doenças, ajuda humanitária e diplomacia mundial. Contudo, como Cientistas Cristãos, temos de ir mais além. Temos de eliminar em nós mesmos essa ignorância a respeito de Deus e nos esforçar para alcançar aquela "compreensão correta acerca dEle" que "restaura a harmonia". Então, precisamos ajudar o maior número possível de nossos irmãos e irmãs a vencer essa ignorância. Para mim, esse é o verdadeiro propósito de cada atividade de nossas igrejas.
Sempre que aceitamos uma razão para qualquer mal, admitimos sua realidade e não conseguimos mais orar do ponto de vista da Ciência Cristã, porque nossa oração precisa, antes de tudo, começar por reconhecer a irrealidade do mal.
Como sempre, devemos olhar para o Mestre cristão, Jesus, para saber o que fazer. Quando as pessoas vinham a ele em busca de cura, ele não tentava analisar a razão para a cegueira de uma pessoa ou a lepra ou a paralisia (ver João 9, Marcos 1:40-42 e João 5:2-9). Tampouco entrou ele em debates e procurou as razões para o acidente na torre de Siloé e a matança de alguns galileus por parte de Herodes (ver Lucas 13:1-5). Ele se recusava a ver a pessoa como pecadora e culpada; portanto, ele não atribuía uma causa para os males. Não estaria ele vendo a irrealidade desses males? Além disso, como sempre, quando necessitava de orientação, ajuda, apoio ou força, ele simplesmente recorria ao seu Pai celestial. Nós também podemos fazer o mesmo!
