Como podemos viver sem nos deixar levar pelos estereótipos que com tanta frequência observamos ao nosso redor?
É comum ouvirmos: "É difícil conseguir emprego depois dos 50 anos"; "esta pessoa é muito jovem para assumir essa responsabilidade"; "os adolescentes são violentos"; "este trabalho não é para homens". Sem dúvida, essas generalizações limitam nosso conceito sobre nós mesmos e sobre os demais.
Não obstante, a oração pode nos ajudar a vencer, pouco a pouco, esse tipo de imposição no pensamento. Em minha experiência pessoal, o estudo de Ciência e Saúde tem me ajudado muito a conhecer a mim mesma e a aprofundar a compreensão de minha identidade espiritual. Especialmente, ajuda-me muito o que sua autora, Mary Baker Eddy, escreveu a respeito de nossa natureza como seres espirituais: "A consciência e a individualidade do homem espiritual são reflexos de Deus. São as emanações dAquele que é Vida, Verdade e Amor" (p. 336).
Tenho percebido que todos os estereótipos são conceitos equivocados que negam ou limitam a verdadeira natureza do nosso ser como a imagem e semelhança de Deus. Nosso potencial é inesgotável e agora mesmo podemos manifestar em nossa vida a plenitude do bem divino mediante ampla capacidade, inteligência, inspiração e criatividade.
Há alguns anos, na empresa em que trabalhava, incumbiram-me de participar de um projeto de desenvolvimento de um sistema de faturamento muito complexo. Pude elaborar a definição das funções do sistema de informação de forma satisfatória, mas os donos da empresa queriam que eu me encarregasse também de seu desenho detalhado, da supervisão de programadores, do teste e implementação do sistema computadorizado. Eu não tinha experiência nesse tipo de projetos e meu chefe imediato considerava que uma outra colega e eu não tínhamos o perfil adequado para continuar o desenvolvimento desse projeto, devido à nossa especialização profissional. Anteriormente, outra colega de trabalho havia sido afastada por essa mesma razão. Eu era nova na empresa e essa situação causou em mim muitas dúvidas. Também, comecei a me sentir incapaz de realizar essas tarefas devido à sua complexidade e conhecimentos específicos que eu deveria adquirir.
Precisava conservar o emprego, portanto, comecei a orar a Deus em busca de ajuda. Nessa ocasião, deu-me alento esta frase de Ciência e Saúde: "Deus expressa no homem a idéia infinita que se desenvolve eternamente, que se amplia e, partindo de uma base ilimitada, eleva-se cada vez mais" (p. 258). A ideia de aprender "partindo de uma base ilimitada" para o meu desenvolvimento, ajudou-me muito. Reconheci que eu sou o reflexo de Deus, que é a fonte de toda sabedoria, inteligência, memória e resistência que eu necessitava. Tive a certeza de que Ele dirigiria os meus passos.
Orei durante meses e às vezes confortava os colegas da minha equipe de trabalho que ficavam deprimidos, pois não aguentavam a pressão para cumprir prazos e solucionar as dificuldades. Esforcei-me para recusar os rótulos que os chefes e clientes haviam indiretamente colocado nos meus colegas e em mim, pois percebi que eram apenas opiniões que sugeriam: "você está separada de Deus" ou "é mentira que você é o reflexo de Dues". A situação se prolongou por mais de um ano e não foi nada fácil. Mas senti que Deus estava comigo, que Sua influência divina me consolava, me apoiava, me inspirava. Persisti na minha oração e na confiança, de que todos nos movíamos na harmonia do plano de Deus.
Ao finalizar o projeto com inteiro êxito, um dos donos da empresa nos felicitou e disse que parecia incrível que o sistema de informação tivesse funcionado desde o princípio sem nenhum erro de cálculo. Um gerente comentou que estava admirado de que eu, com a minha formação profissional, tivesse conseguido conduzir a parte mais crítica do projeto de forma tão excelente. Esses comentários foram valiosos, porque além de sentir um grande alívio, percebi que era possível não me deixar intimidar pelos rótulos que quiseram pôr em mim e na equipe que trabalhava comigo. Em vez de nos rendermos ao desânimo, demonstramos qual era a verdade a respeito da nossa natureza. Tínhamos conseguido! Senti o imenso amor e cuidado de Deus por todos nós, e a forma como Ele nos havia fortalecido e guiado. Pelos bons resultados, muitos de nós fomos reconhecidos e promovidos.
Agora estou mais atenta para não colocar rótulos em ninguém, já que essa é uma outra maneira de criticar e julgar as pessoas. Ao invés disso, esforço-me para reconhecer que como filhos de Deus, sua individualidade só pode ser boa. Compreendi que essa é a melhor forma de amar e respeitar aos demais e, certamente, é muito libertador fazê-lo.
Ademais, mudei minha maneira de ver as atividades e oportunidades e, pedindo a orientação Divina, comecei a aceitar fazer coisas que nunca antes havia feito, sem medo e confiando que não dependo de uma capacidade humana limitada, mas de uma fonte infinita, abundante, que constantemente produz o que é bom.
Todos podemos nos sentir livres e completos, sabendo que não estamos condicionados por estereótipos de raça, sexo, idade, profissão, condição social, perfis psicológicos ou fatores culturais. Recorrer a Deus em busca de ideias e inspiração nos dá soluções para tudo o que devemos enfrentar.
