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ESPIRITUALIDADE E CURA

O pensamento e a saúde

Da edição de maio de 2009 dO Arauto da Ciência Cristã


O que constitui a saúde ou a inteireza? O que pode comprometê-la? Essas questões têm fomentado o interesse das comunidades voltadas aos cuidados com a saúde, desde a antiguidade. Também hoje constatamos uma atenção renovada com relação às influências mentais sobre a saúde. Por exemplo, um livro recente que achei fascinante: "Why People Get Sick: Exploring The Mind-Body Connection" (Porque as pessoas adoecem: pesquisando a conexão mente-corpo) de Darian Leader e David Corfield, analisa essa questão, há muito debatida no campo da medicina, relacionada aos fatores mentais que influenciam a saúde das pessoas. Lembro-me de ter lido em algum lugar que, quando perguntaram a Louis Pasteur, considerado o pai da medicina moderna, a razão pela qual o mesmo remédio afetava pacientes de formas diferentes, ele observou que isso tinha a ver com o "terreno" do paciente, ou seja, a perspectiva mental do paciente. Mary Baker Eddy, que descobriu a Ciência Cristã, foi uma contemporânea de Pasteur e, no decorrer de sua prática da cura espiritual, aprofundou-se no estudo das influências mentais sobre a saúde, tanto para melhor como para pior. Em última análise, ela aprendeu que a consciência espiritual, ou uma compreensão de Deus e de Sua natureza inteiramente boa, estabelece a saúde; ao passo que fatores no pensamento humano, tais como o medo ou o egoísmo, comprometem o sentido espiritual, e, portanto, a saúde. Sua descoberta da Ciência Cristã demonstra que a saúde sempre tem dependido da nossa compreensão crescente da natureza divina e do nosso empenho em viver de forma consistente as qualidades que naturalmente refletimos desse Deus bom e amoroso. Compreender nossa identidade espiritual como a expressão do ser de Deus pode trazer uma transformação surpreendente. Além disso, essa transformação ocorre não somente em nós mesmos, mas também naqueles que mantemos em nossos pensamentos, como minha avó descobriu há muitos anos.

Uma nova perspectiva

Na virada do século XX, minha avó, que ansiava ajudar mais as pessoas, começou a estudar um novo livro que ela encontrou exposto em uma loja próxima do armazém onde fazia compras. Tendo poucos recursos, ela não podia comprar o livro, mas, a cada dia, durante suas compras, ela entrava na loja e lia algumas páginas. O livro atraiu suas esperanças e desejos por uma vida mais satisfatória, como também respondia muitas das perguntas que ela havia reunido enquanto estudava a Bíblia. Ela voltava para casa a cada dia cheia de entusiasmo e com o desejo de compartilhar o que havia aprendido. Entretanto, ninguém em sua casa estava particularmente interessado. Todas as tardes, ela saía para estender no varal a roupa que lavava para outras pessoas, a fim de ajudar nas despesas da casa. Na residência ao lado vivia um rapaz que era regularmente colocado em uma cadeira do lado de fora para tomar ar fresco; sua aparência e a incapacidade de se comunicar como os meninos de sua idade chamaram a atenção de minha avó. (Mais tarde, ela soube que ele havia nascido assim). Como não havia encontrado alguém em sua casa com disposição de ouvir o que ela queria compartilhar do que havia aprendido com a leitura de Ciência e Saúde, minha avó começou a conversar com o seu ouvinte do lado de fora. Ela explicou ao rapaz o que havia aprendido sobre a natureza de Deus e que, como a própria imagem e semelhança de Deus, ele expressava essa natureza inteiramente boa por direito divino.

Os dias se passaram. No final de uma tarde, logo após minha avó ter lido quase todo o Ciência e Saúde, a mãe do rapaz bateu à sua porta. Ela perguntou a minha avó sobre o que ela havia conversado com o filho dela. Minha avó lhe contou que havia descoberto um livro maravilhoso intitulado Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, escrito por uma mulher chamada Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã. Minha avó também contou àquela senhora que ela não conhecia muito sobre a Ciência Cristã, mas sabia que Mary Baker Eddy era uma sanadora bem sucedida e que havia escrito um livro fundamentado no ensino das Escrituras; esse livro explicava como curar. De acordo com minha avó, a mãe do jovem ficou em silêncio e então disse que o que quer que fosse que ela estava aprendendo com aquele livro funcionava, porque seu filho estava melhorando. Após minha avó ter feito esse relato para a mãe do menino, em três meses ele já não apresentava mais nenhum sinal do problema.

O que havia capacitado minha avó a curar esse jovem? Eu diria que ela vivenciou uma mudança revolucionária de pensamento ou "terreno". A leitura de Ciência e Saúde havia dado a ela uma visão mais expansiva de Deus, capacitando-a a vislumbrar o fato de que ela, bem como o rapaz, tinham a possibilidade de vivenciar algo melhor do que a parte que fora dada a eles. Até certo grau, ela se libertou das teorias e crenças confinadoras dos sentidos físicos e percebeu as possibilidades infinitas para esse jovem; que ele podia ser curado. Minha avó deve ter visto claramente que a identidade do rapaz era inteiramente espiritual, definida e formada pelo Amor divino e, portanto, intocada pela doença. Ele não podia ser a vítima da genética humana. Sua perspectiva espiritualizada e a nova compreensão acerca do eu, como também as implicações que esse entendimento melhorado tem sobre nossa vida, teve um efeito salutar não apenas sobre ela, mas sobre o rapaz também.

Obstáculos à saúde

Mas a não ser que, como minha avó, estejamos dispostos a abandonar um falso senso do eu, ou identidade, podemos enfrentar os obstáculos à cura. Considere esta passagem de Ciência e Saúde: "O egotismo é mais opaco do que um corpo sólido. Em paciente obediência a um Deus paciente, trabalhemos por dissolver, com o solvente universal do Amor, a dureza adamantina do erro—a obstinação, a justificação própria e o egotismo—que faz guerra contra a espiritualidade e é a lei do pecado e da morte" (p. 242).

Um diamante é uma rocha ou mineral considerado de uma dureza impenetrável e a autora está nos dizendo que o pensamento autocentrado ou o egotismo obstinado impede que a mensagem de cura do Cristo penetre o pensamento. Contudo, observe que a autora não atrela tal pensamento às pessoas. Ao contrário, ela parece estar dizendo que a obstinação, a justificação própria e o egotismo pertencem ao próprio pensamento errôneo; eles são os diamantes do erro. Seria proveitoso manter em mente que as pessoas são mais frequentemente vítimas do que criadoras dessas falsas inclinações. Da mesma forma, os genuínos praticistas da cura pela Ciência Cristã não atrelam essas inclinações, nem as doenças, às pessoas. Esses diamantes, portanto, pertencem ao pensamento mortal, ou seja, aos padrões do pensamento que se apóia na matéria. Entretanto, essas inclinações precisam ser tratadas e destruídas no pensamento, a fim de nos libertar de seus efeitos danosos. Temos muitos exemplos de pessoas que dissolveram os diamantes da obstinação, da justificação própria e do egotismo.

Quão frequentemente a obstinação interfere na cura! Talvez tenhamos uma opinião tão determinada de como algo deve ser resolvido, que deixamos de perceber as instruções precisas que levam à cura.

Naamã venceu a obstinação

Vejamos a história bíblica de Naamã, um valente soldado e capitão do exército da Síria. Ele era leproso (ver 2 Reis 5:1-14). Em suas incursões pelas terras de Israel, ele trouxe cativa uma menina hebraica. Ela disse à esposa de Naamã que este deveria visitar o profeta Eliseu, pois ele poderia curá-lo de sua lepra. Naamã seguiu esse conselho e viajou para Samaria para ver o profeta. Quando ele o encontrou, Eliseu enviou um servo para dizer a Naamã que se lavasse no rio Jordão sete vezes. Naamã inicialmente se rebelou com essa ordem, sentindo-se desrespeitado por Eliseu não ter se dirigido pessoalmente a ele, um homem tão poderoso, e por ter Eliseu pedido a Naamã para se banhar nas águas lamacentas do Jordão, ao invés de nas águas mais limpas dos rios de Damasco. Portanto, ele rejeitou a ordem do profeta. Contudo, Naamã foi aconselhado pelos seus servos a subjugar a obstinação e seguir as orientações de Eliseu. Naamã finalmente concordou e, ao fazê-lo, ficou curado da lepra.

Quão frequentemente a obstinação interfere na cura! Talvez tenhamos uma opinião tão determinada de como algo deve ser resolvido, que deixamos de perceber as instruções precisas que levam à cura. Do que Naamã foi realmente curado, de lepra, ou de uma questão mais profunda, moral, de obstinação? Claramente, Naamã foi solicitado a se submeter à vontade de Deus, representado aqui pelo profeta. Naamã tinha de estar disposto a abrir mão do orgulho do poder e do intelecto, da razão e da análise humanas para ser receptivo à simplicidade da orientação divina.

A questão premente hoje é: "O que nos curará dos nossos variados males econômicos, físicos e sociais"? Contrariamente à cultura popular, que encoraja a autogratificação instantânea, sem exigir muito de nós, a Bíblia ensina que a cura espiritual exige crescimento espiritual, redenção de caráter e a disposição de nos alinharmos com o Divino. Como a história de Naamã nos leva à pergunta: "Estamos dispostos a nos banhar no rio da inspiração bíblica?"

É mais fácil dizer que desejamos ouvir as ordens do Cristo, a mensagem divina de Deus para cada um de nós, do que cumpri-las.

Justificação própria curada

Séculos após Naamã ter-se banhado no Jordão, um outro homem deitava-se junto a um tanque de água, dia após dia, esperando ser curado de paralisia (ver João 5:2-9). Esse homem, cujo nome não sabemos, esperava que as águas se movessem no tanque de Betesda, porque, de acordo com a lenda, quando as águas eram agitadas por um anjo, o primeiro que entrasse nelas seria curado de qualquer doença que tivesse. Conforme o relato, esse homem era paralítico, portanto, outra pessoa sempre entrava na água antes dele. Evidentemente, ele estava tentando entrar na água havia muito tempo. O desafio desse homem, entretanto, não era a logística. Quando Jesus o encontrou, fez-lhe uma pergunta muito incisiva: "Queres ser curado?" Ora, para qualquer um que estivesse paralítico por 38 anos, essa pergunta pareceria sem cabimento. Contudo, Jesus não parecia estar perguntando: "Você quer ser curado de sua paralisia"?, mas, ao contrário: "Você está pronto para ser curado em todos os sentidos da palavra? Não somente fisicamente, mas moralmente também"?

Se Jesus nos fizesse a mesma pergunta, como nós responderíamos? Tenhamos cuidado. É mais fácil dizer que desejamos ouvir as ordens do Cristo, a mensagem divina de Deus para cada um de nós, do que cumpri-las. Qual de nós já não esteve na mesma situação inúmeras vezes, dizendo que deseja ser uma pessoa melhor e fazer as coisas direito, e depois descobre que isso é difícil demais? Normalmente, esse é o ponto em que a justificação própria entra. Sempre existe alguma razão pela qual não podemos cumprir essas exigências. Para o homem no tanque de Betesda, que não tinha ninguém para ajudá-lo a entrar na água, nunca havia tempo bastante ou a oportunidade de fazê-lo. Contudo, Jesus descartou seu raciocínio material e disse: "Levanta-te, toma o teu leito e anda". E o homem obedeceu.

O egotismo revelado

Jesus proferiu duas parábolas que ressaltam os obstáculos que o egotismo representa para a saúde e a felicidade. A primeira parábola se refere a dois homens, um deles fariseu e o outro publicano, que foram ao templo para orar (ver Lucas 18:9-14). O publicano orou com humildade. Sua recompensa? Jesus disse que ele seria "exaltado". Entretanto, o fariseu orou assim: "Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano". Este último, disse Jesus, seria "humilhado". Como é fácil cair na tentação da oração do fariseu! A dificuldade com esse tipo de egotismo, que se orgulha no quanto se é bom comparado com outros, é que logo surge a pergunta: "Mas será que essa lealdade e bom comportamento fizeram qualquer bem, realmente valeram a pena"? Em seguida, vem outro tipo de comparação: "Olha para aquele sujeito, ele não se interessa muito pelas coisas do espírito, mas veja como é bem sucedido (ou rico, ou popular, ou goza de boa saúde)"! Talvez não percebamos que esse é um egotismo sutil, hipócrita, mas isso é o que realmente é.

Lembra da parábola de Jesus sobre o filho pródigo? Ela começa: "Certo homem tinha dois filhos" (ver Lucas 15:11-32). Frequentemente esquecemos das lições do filho mais velho que permaneceu em casa e trabalhou diligentemente para seu pai, enquanto seu irmão mais novo partiu e dissipou sua herança. O contraste nesta parábola é muitas vezes considerado como sendo entre os pecadores (o filho mais novo) e os fariseus, os advogados do dogma religioso (o filho mais velho). A lealdade do filho mais velho logo se transforma em ciúme da comemoração de boas-vindas para o filho mais novo, e o irmão mais velho se torna hipócrita porque ele havia permanecido em casa enquanto o irmão mais novo voluntarioso dissipou seus bens. O irmão fiel agora cede à autopiedade porque ele nunca havia tido uma festa com seus amigos. O pai nesta parábola interrompe o desabafo egoísta do filho mais velho com o mais terno lembrete: "Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu". Nós também nunca devemos nos esquecer dessa promessa.

Deus está sempre conosco, sempre nos apoiando e nos sustentando. É uma promessa de que podemos nos libertar de qualquer falso senso de um eu mortal, vulnerável, e nos tornarmos conscientes de que somos, e de que sempre fomos, os filhos e as filhas de Deus.

Essa promessa, de natureza metafórica, é a promessa de Deus para todos nós. Ela ilustra o fato de que Deus está sempre conosco, sempre nos apoiando e nos sustentando. É uma promessa de que podemos nos libertar de qualquer falso senso de um eu mortal, vulnerável, e nos tornarmos conscientes de que somos, e de que sempre fomos, os filhos e as filhas de Deus.

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