Graças à sua imensa floresta tropical e seu vasto suprimento de água, o Brasil é um parceiro importante na luta para salvar os recursos naturais do planeta Terra. A maioria das campanhas ecológicas buscam despertar a consciência do público perguntando, de uma maneira ou de outra: que tipo de mundo estamos deixando para nossas crianças? Esse é realmente um argumento interessante. Contudo, o outro lado da moeda também merece nossa atenção: que tipo de crianças estamos deixando para o mundo?
Praticamente todas as civilizações possuem quatro instituições sociais básicas: estrutura familiar, crenças e práticas religiosas organizadas, algum tipo de estrutura governamental e um sistema para transmitir a cultura e os valores para a geração seguinte, ou seja, um sistema educacional, seja formal ou informal. Essa última instituição está enfrentando enormes problemas em quase todos os países, independentemente de seu nível econômico.
No Brasil, enfrentamos esses mesmos problemas. Até em escolas de melhor nível, os professores estão insatisfeitos com os salários e as difíceis condições de trabalho, enquanto os alunos reclamam que as matérias que estudam estão tão distantes da vida prática que parecem irrelevantes.
Geralmente, os jovens de hoje esperam entretenimento a um ritmo acelerado, porque é isso que eles recebem da televisão, da Internet e dos jogos eletrônicos. Entretanto, para o sistema escolar, a agitação e falta de atenção dos alunos são consideradas problemas de ordem psicológica ou até mesmo neurológica, ao invés de serem encarados apenas como falta de autodisciplina ou resultantes de um currículo inadequado e professores mal preparados.
Muitas pessoas se perguntam se estamos transmitindo a cultura e os valores que desejamos ver perpetuados. Também questionam como é possível nos certificar de que as crianças aprendam o que realmente necessitam saber. Uma vez que a falta de escolaridade adequada é a razão principal do grande abismo entre pobreza e desenvolvimento econômico no Brasil, é essencial uma abordagem inteligente quanto à educação de nossos jovens (e dos jovens em muitos outros países).
Um exemplo espiritual
Como é amplamente sabido, a melhor maneira de ensinar é pelo exemplo, então uma pergunta que cabe aqui é: Que tipo de exemplo as nossas crianças recebem dos meios de comunicação? Se existe a necessidade de mudança, estamos preparados para fazer o que é necessário a esse respeito? Mary Baker Eddy destacou a responsabilidade da sociedade, quando perguntou: "Acaso a propagação da espécie humana não é uma responsabilidade maior, um encargo mais solene, do que o cultivo de teu jardim ou a criação de gado para aumentar teus rebanhos e manadas? Nada indigno de ser perpetuado deve ser transmitido às crianças" (Ciência e Saúde, p. 61).
Como podemos cumprir essa "responsabilidade maior", quer tenhamos filhos ou não? Como podemos apoiar uma reforma educacional profunda no Brasil e em outros lugares, de acordo com a necessidade? Na busca por orientação, é útil dar uma olhada no exemplo de Jesus. Seu amor pelas crianças é claramente trazido à luz nos Evangelhos, tanto por meio de sua atitude acolhedora como por meio de sua disposição em curá-las. Ele dedicava muito tempo a ensinar as verdades espirituais que curam e salvam, e é provável que pelo menos algumas crianças estivessem entre as pessoas que se aglomeravam para ouvi-lo.
Seus ensinamentos tinham por objetivo perpetuar o amor a Deus, a confiança nEle e o desejo de levar uma vida melhor e mais pura. Aliás, seus comentários sobre crianças deixam claro que a inocência e a pureza delas deveriam servir de modelo para os adultos também.
Certa vez, Jesus disse: "Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus" (João 6:45). Ele não estava se referindo especificamente às crianças nas escolas, quando disse isso. Ele estava se dirigindo aos adultos. Esses adultos necessitavam ser ensinados a compreender sua própria natureza espiritual e a sentir o amor que Deus tem por eles. Jesus reconhecia que Deus era a fonte de seus ensinamentos e que, à medida que as pessoas sentissem a presença dEle em sua vida, elas seriam curadas.
Um fundamento confiável para promover a mudança
Essa ideia nos proporciona um fundamento espiritual para orar pelas instituições educacionais e sua influência sobre nossas crianças. Os responsáveis pelo sistema escolar e pelos meios de comunicação precisam ser elevados espiritualmente, a fim de melhorar os padrões da escola, dos professores e dos alunos. Nós também, seguindo o exemplo de Jesus, podemos afirmar em nossas orações que Deus promove esse ensino com Sua sabedoria sempre adequada e Seu terno amor. Na oração, podemos reivindicar o fato espiritual de que cada pessoa é a ideia ou expressão da Mente infinita, cheia de alegria e amor, fortalecida por Deus.
Como descendência de Deus, ninguém carece de inteligência ou de disposição para mudar. Ninguém pode resistir ao poder e ao bem divino. A inspiração e as ideias corretas estão disponíveis agora mesmo para todas as pessoas em todo o mundo, inclusive para aquelas encarregadas das instituições educacionais, das agências governamentais e das centrais de comunicação de massa.
Os pais e avós também são instruídos pela Mente a educar de forma apropriada seus filhos e netos. Podemos refutar em nossos pensamentos a crítica generalizada que vê os pais mais interessados em conseguir e dar coisas materiais aos filhos do que em educálos e discipliná-los. É comum ouvir professores se queixarem dos pais, enquanto os pais culpam os professores. Se formos tentados a julgar e condenar, temos de orar fervorosamente para resistir a essa visão limitada a respeito do potencial de nosso sistema educacional e daqueles que nele participam.
Em vez disso, nossa oração pode reivindicar o direito das crianças, dos pais e dos professores a terem igual acesso à Mente divina, o Princípio. Sob as leis divinas de harmonia, cada um pode receber as ideias que a Mente transmite e desenvolver a capacidade de transmiti-las aos outros de maneira inspirada e inspiradora. A harmonia divina também propicia a habilidade de as pessoas trabalharem junto com um objetivo comum. Os jovens podem se comportar de forma inteligente, à medida que se tornam obedientes à disciplina amorosa do Princípio divino.
A lei divina é um fundamento espiritual
Podemos ter a certeza de que, de acordo com as leis espirituais, ninguém está fora do alcance da Mente; ninguém está privado do amor de Deus. Esse amor satisfaz a necessidade humana em cada família, quer seja com mais sabedoria, mais paciência ou maior clareza na escala de valores.
Ciência e Saúde aconselha: "Para raciocinar corretamente deve estar presente no pensamento um só fato, a saber, a existência espiritual" (p. 492). A fim de orar com eficácia, não podemos inundar nosso pensamento com as estatísticas que mostram o pobre desempenho dos alunos e as predições desastrosas de que eles não conseguirão sustentar o desenvolvimento econômico do Brasil ou de outros países. O fato espiritual é que, como ideias espirituais de Deus, todas as crianças coexistem com o único Pai-Mãe Deus, a Mente. Essa Mente, como quia protetora perfeita, é totalmente capaz de transformar qualquer sistema humano bem como o pensamento daqueles que são responsáveis por ele.
As ideias inteligentes da Mente, sempre salutares e sábias, penetram mais profundamente e satisfazem mais completamente do que qualquer programa de televisão ou jogo eletrônico. O reconhecimento e a afirmação dessas verdades espirituais é uma oração científica. Qual é sua eficácia? Esta declaração de Ciência e Saúde oferece uma resposta poderosa: "Os mortais têm noção muito imperfeita do homem espiritual e do alcance infinito do pensamento desse homem. A ele pertence a Vida eterna" (p. 258).
Enquanto considerarmos a nós mesmos e a nossos filhos como seres mortais, recebendo conhecimento material de forma gradual e se desenvolvendo materialmente, estaremos limitando tanto o nosso potencial como o deles. Nesse ambiente, crianças instáveis e agitadas podem se tornar um padrão. A oração, contudo, permite-nos abandonar esse modelo falso e aceitar a realidade espiritual de que, agora mesmo, cada um de nós, tanto criança como adulto, é a ideia espiritual de Deus, completa e perfeita, que possui alcance infinito.
À medida que cada um de nós colocar essas ideias em prática, orando pelo Brasil e pela educação correta das crianças em todo o mundo, podemos esperar uma mudança para melhor. O alcance infinito da Mente divina e de sua sabedoria já estão, agora mesmo, preparando o caminho para essa mudança.
