Convivi durante a vida inteira com pessoas que jogavam na loteria. Na época, há aproximadamente 10 anos, eu era contra, pois achava que jogar na loteria era uma alienação, uma atitude simplória, de gente pouco inteligente.
Ao ler um artigo em The Christian Science Journal, compreendi que o prêmio da loteria é fruto da esperança e da ilusão de muitas pessoas, em sua maioria, necessitadas. Portanto, os poucos premiados ganham em cima da perda de muitos, o que não é nada cristão. Com o estudo da Ciência Cristã aprendi que "...tudo o que abençoa todos..." (Ciência e Saúde p. 206).
Quando minha mãe faleceu, em 2003, além de uma dor profunda por sua ausência, meu marido e eu ficamos muito apreensivos com relação ao suprimento, uma vez que, naquela época, sempre que as dificuldades se agravavam, recorríamos a minha mãe. A situação financeira estava bastante difícil. Além disso, meus filhos estavam desempregados, e os netos precisavam de roupas, alimentação, escola e berçário.
Qual não foi minha surpresa quando, nessa ocasião, senti uma atração irresistível para apostar na Mega Sena, principalmente quando soube o valor do prêmio que estava acumulado!
A partir de então, passei a jogar sistematicamente. Assim, duas vezes por semana eu me refugiava no sonho de ser uma ganhadora da "Mega". Passava horas e horas em um prazer imenso, antegozando o futuro, pensando em como seria quando enriquecesse. Encantávame imaginar as pessoas que seriam favorecidas, na alegria dos parentes, empregados e amigos que receberiam os benefícios do prémio que eu pretendia partilhar. Deliciavame com isso, e nesse torpor passei aproximadamente três anos.
Frequentemente, contudo, via-me assaltada pelo sentimento de culpa por estar fazendo algo errado. Isso me incomodava bastante, mas a vontade de ganhar na loteria e solucionar todos os problemas financeiros me levava a justificar esse ato para mim mesma.
Em agosto de 2006, ao pedir ajuda a uma Praticista da Ciência Cristã para uma série de males que me atormentavam, essa questão do jogo ficou muito em destaque nas nossas conversas, mas, mesmo assim, eu não conseguia parar de jogar.
Entretanto, à medida que conversava com a praticista, as verdades espirituais começaram a ficar mais fortes e mais evidentes para mim. Pensei: "Deus é Espírito e Sua criação é espiritual. Logo, o suprimento, como uma ideia da Mente, também é espiritual, não material, portanto a fonte não é a loteria".
O suprimento espiritual está sempre presente e disponível, como Mary Baker Eddy escreveu em Ciência e Saúde: "O Amor divino sempre satisfez e sempre satisfará a toda necessidade humana" (p. 494). A única fonte de suprimento é a Mente, Deus, e Ele sabe do que necessitamos antes que Lho peçamos.
A única fonte de suprimento é a Mente, Deus, e Ele sabe do que necessitamos antes que Lho peçamos.
A praticista me ensinou que a loteria é um jogo de sorte e azar, e que, portanto, obedece a uma suposta lei do acaso. Então, explicou-me que não existe acaso no reino de Deus, no qual regem a harmonia e a bondade eternas. A verdadeira substância, o suprimento espiritual, é inesgotável e jorra continuamente da fonte única, Deus.
Outra ideia que me acalentava era: "Se Deus me sustentou até hoje, Ele não vai me desamparar agora, pois Suas misericórdias são infinitas". As coisas não acontecem por acaso. A lei divina do ajustamento está presente e em ação. Se hoje tenho "x" de suprimento, é o que estou conseguindo demonstrar no momento.
Comecei a ser grata pelo conhecimento que possuo, pois sei que, quanto mais cresço espiritualmente, mais tranquila fico, mais discernimento e sabedoria obtenho e, consequentemente, torno-me capaz de demonstrar mais suprimento na minha vida.
Pensei dessa forma até que, certo dia, em dezembro de 2006, resolvi não jogar na Mega Sena em uma ocasião em que o valor acumulado estava bastante alto. Ao contrário do que eu esperava, isso não me causou nenhum sofrimento. De fato, desde aquele dia, não senti mais vontade de jogar na loteria. O mesmo ocorreu quando, há muito tempo, livrei-me do vício do cigarro; naturalmente, perdi a vontade de fumar.
Essas experiências me mostraram que não precisamos ser escravos de nenhum vício, quando entendemos que Deus é o bem sempre presente que supre continuamente todas as necessidades de Seus filhos.
Hoje minha situação financeira está mais estável e consigo ajudar meus filhos quando necessário. Percebo com clareza que, quanto mais compreendo o Cristo, a verdade divina presente na nossa consciência, mais me aproximo de Deus e mais leve se tornam minhas responsabilidades.
    