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Matéria de capa

O amor de meu pai

Da edição de agosto de 2010 dO Arauto da Ciência Cristã


Lembro-me de um verão, quando tinha uns oito ou nove anos, e voltava para casa à noite com meu pai. Naquele dia, eu havia ido à biblioteca municipal, a qual tinha paredes de tijolinhos e ficava próxima à entrada da estrada rural. Ao final do expediente na biblioteca, ele chegou para me levar para casa, que ficava no alto de uma ladeira. Ao entrarmos em uma curva, distante do tráfego da estrada principal, ele parou.

“Olhe! Lá está a Ursa Maior”, disse ele com seu entusiasmo característico.

“Onde?”, perguntei. Mal sabia o que era uma constelação.

Ele colocou seu braço em volta do meu ombro, a cabeça bem próxima da minha e apontou para uma configuração de estrelas naquele céu de verão.

“Vê? Exatamente ali”. Sua voz era suave, como o céu aveludado daquela noite.

Senti uma onda de admiração. Entretanto, mais do que a beleza das estrelas, o que me sensibilizou foi ter meu pai compartilhando comigo algo que aparentemente o comovia, algo que ele achava maravilhoso e especial. Demoramo-nos mais alguns momentos no meio da estrada silenciosa, olhando para o vasto céu, sentindo a beleza muito presente e calorosa, como seu braço em torno do meu ombro. Talvez não o tivesse identificado naquele momento, mas estava sentindo o amor de pai, o qual era muito maior que o de qualquer pessoa.

Ao longo dos anos, vivenciei, repetidas vezes, essa presença amorosa por meio das qualidades espirituais que ele expressava. Algumas vezes, essa expressão podia ser surpreendentemente terna. Por exemplo, quando adolescente, passei por um momento difícil em minha vida social e a compaixão e o cuidado dele me trouxeram consolo.

Na fase adulta, casei-me e tive meus filhos, mas permaneci muito próxima a meu pai. Durante um fim de semana, no final do outono, fomos visitá-lo. Meu marido nos levou em um avião monomotor. Meus filhos desfrutaram plenamente desse convívio cheio de alegria com o “Vovô Humphrey”. Ele não mostrou para eles a Ursa Maior, mas os envolveu em seu carinho e lhes mostrou quanto amor tinha pela vida. Sentou-se ao chão e brincou com as crianças, fez com que dessem muitas risadas e os levou para passear em sua motocicleta. Ao chegar a hora de partirmos, ele nos acompanhou até a pequena pista de pouso para ver a decolagem do avião.

A presença paternal de Deus não é limitada a um período de anos, mas está para sempre conosco.

Taxeamos até o final do campo e em seguida deslocamo-nos, ao longo da pista de asfalto velho, cheia de remendos, fazendo muito ruído e, finalmente, decolamos. Estávamos a uns 60 metros de altura quando olhei para baixo e vi meu pai em pé, sozinho no campo vazio, seu braço acenando em largos arcos. Meu marido fez um círculo com o avião à medida que subíamos e a figura dele ia ficando cada vez menor. Era irônico vê-lo dessa maneira, uma forma insignificante com um gorro de esqui, no meio da grama morta de novembro (inverno nos Estados Unidos). Ele olhava para cima e acenava entusiasticamente para algo que, imagino eu, ele achava maravilhoso.

Logo não conseguíamos mais vê-lo, mas um pensamento terno permaneceu comigo, aquele do seu braço em torno do meu ombro. À medida que nosso pequeno avião voava mais alto, eu contemplava os céus com um senso de encantamento, pois naquele momento compreendi que o amor, que sempre acreditei vir de meu pai, era muito maior do que aquela minúscula figura que havia ficado lá em baixo. Senti a presença do próprio Amor divino, tão imensa como os céus, mas maravilhosamente próxima. Também a senti como uma presença que sempre estaria próxima. Não limitada a uma pessoa, mas conosco onde quer que fôssemos. O amor infinito do nosso Pai celestial, cingindo a mim, a meu pai e a todos.

Agora, 20 anos depois, essa experiência ficou cristalizada em minha memória, como uma pedra preciosa sobre o veludo escuro. À medida que meu pai se aproxima do início de sua décima década, ainda muito ativo, continuando a nos fazer dar muitas risadas e nos amando, sou grata por ver a continuidade daquele amor paternal. Sei agora que aquilo que sempre amei nele e para o qual sempre fui receptiva, era a presença paternal de Deus, a qual não é limitada a um período de anos, mas está para sempre conosco e é mais duradoura do que a luz das estrelas.

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