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REFLEXÃO

Livre do passado

Da edição de setembro de 2010 dO Arauto da Ciência Cristã


Ao final da II Guerra Mundial, estava com seis anos e havia passada o ano anterior no campo de concentração nazista de Bergen-Belsen, na Alemanha, local em que meu pai morreu. Minha mãe e eu, juntamente com outras pessoas que estavam em um trem lotado, fomos libertadas por soldados americanos, pouco antes do final da guerra na Europa.

Embora minha mãe sempre estivesse disposta a conversar comigo sobre nossas experiências da época da guerra, eu não desejava saber nada sobre esse período, até alguns anos mais tarde, quando minha mãe já havia falecido e eu não tinha mais como perguntar nada a ela. Em diferentes ocasiões, busquei obter mais informações, mas nunca me sentia satisfeita.

Minha mãe havia sido batizada na igreja luterana, e, enquanto criança, eu às vezes frequentava a Escola Dominical e os cultos protestantes. Continuei com esse hábito até que, depois de viver na Holanda, mudamo-nos para El Salvador e, finalmente nos estabelecemos na Califórnia, no início da década de 1950. Após concluir o Ensino Médio, fui em busca de uma nova igreja e, por fim, fui apresentada à Ciência Cristã pela pessoa que seria meu futuro marido. De imediato, gostei da praticidade dos ensinamentos da Ciência Cristã e tenho sido Cientista Cristã desde aquela ocasião.

Quando me interessei em saber mais sobre a história de minha família, orei, conforme essa Ciência me ensinara, para compreender mais sobre a minha história real, que é sempre espiritual. Compreendi que, uma vez que Deus era meu verdadeiro Pai-Mãe, eu jamais poderia ser, ou ter sido, privada do bem.

Algumas vezes, orava com o Salmo 139, que começa assim: "Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos" (vv. 1-3). Esse salmo me proporcionava muita confiança, e me ajudava a compreender que Deus sempre estaria presente, guiando-me e mantendo-me sob Seus cuidados, onde quer que eu estivesse, qualquer que fosse a situação em que me encontrasse. Proporcionava-me também a certeza de que, mesmo sob as piores circunstâncias em minha história humana, a presença do Amor esteve sempre acessível a todos nós. Compreendi que nada do passado humano em minha vida poderia afetar meu ser verdadeiro e espiritual.

O estudo de Ciência e Saúde esclareceu para mim que, na história humana: "Os mortais têm de gravitar rumo a Deus e espiritualizar suas afeições e seus objetivos—têm de se aproximar das interpretações mais amplas do ser e conseguir algum conceito apropriado acerca do infinito — a fim de poderem despojarse do pecado e da mortalidade" (p. 265). Compreendendo isso, mesmo que em pequeno grau, eu poderia abandonar os sentimentos de ódio e animosidade contra aqueles que haviam praticado as atrocidades que ocorreram durante a guerra.

No entanto, o desejo de saber mais sobre meu passado ainda persistia.

Então, certo dia tive a oportunidade de conversar com um casal que estivera preso nos mesmos alojamentos do campo de concentração em que meus pais e eu ficamos e no mesmo período em que estivemos lá. Após nossas conversas, mesmo com o cenário daqueles dias ainda incompleto, senti como se repentinamente um peso tivesse sido retirado de mim. Fiquei livre da necessidade de saber mais! Com a compreensão que alcançara, proveniente das minhas orações ao longo dos anos, obtive um senso de plenitude e satisfação espiritual. Não precisava mais procurar pela minha história humana. Mary Baker Eddy disse: "A história do erro ou matéria, se fosse verídica, anularia a onipotência do Espírito; mas essa é a história falsa, em contraposição à verdadeira" (Ciência e Saúde, pp. 521—522).

Desde aquela ocasião, consegui me concentrar no objetivo de colocar meu progresso espiritual em ação para ajudar os outros. No passado, quando me perguntavam sobre minha história pessoal, relutava em falar sobre os primeiros anos da minha vida. Agora que compreendo que minha vida sempre foi uma expressão da Vida divina, é mais fácil falar sobre aquela época. Creio que, se tivermos de aprender com os erros do passado a fim de criar um futuro melhor, é importante compartilhar as lições que aprendemos. Em algumas ocasiões durante os dois últimos anos, encontrei-me com alguns dos veteranos que estiveram entre os soldados americanos que nos libertaram, e aquelas foram reuniões de muita alegria para todos nós.

Como sobrevivente do Holocausto, algumas pessoas talvez pensem que eu tenha motivos justos para odiar os alemães e todas as coisas alemãs. Entretanto, aprendi que existe uma grande diferença entre os nazistas, que arquitetaram e comandaram as atrocidades da II Guerra Mundial, como também aqueles que se dispuseram a seguilos, e os milhares de alemães que não tiveram nada a ver com isso, e cujas vidas correriam perigo, caso se opusessem ao regime nazista.

Acho que o mesmo é verdadeiro para os indivíduos que pertencem a qualquer grupo desse tipo. Não podemos deixar que uma determinada minoria, que se comporta de forma odiosa, envenene perigosamente nossa mente contra a maioria. A teologia do Antigo Testamento ensinava a teoria do "olho por olho e dente por dente", ou, em termos mais comuns, "pagar na mesma moeda". Entretanto, como relata o Novo Testamento, Jesus ensinava as pessoas a amar os seus inimigos, a fazer o bem aos que nos odeiam e a orar pelos que "maliciosamente" nos usam (ver Lucas 6). Ele não nos disse para amar as atitudes ou as ações deles, mas para vermos a todos como filhos de Deus e, como tais, bons em todos os sentidos, exatamente como Ele o fez. Precisamos ver uns aos outros como nosso Pai-Mãe nos vê, e compreender que os outros também são capazes de ver a eles mesmos e aos outros dessa mesma maneira.

Jesus ensinava as pessoas a amar os seus inimigos, a fazer o bem aos que nos odeiam e a orar pelos que "maliciosamente" nos usam.

Agora, quando compartilho as experiências de guerra pelas quais minha família passou, também incluo meus próprios pensamentos com base nos efeitos que a Ciência Cristã causou em minha vida. Ao focalizar no meu crescimento espiritual, posso constatar meus passos de progresso com relação à melhoria da saúde e dos relacionamentos, como também na expressão das qualidades de perdão. O estudo regular das Lições Bíblicas da Ciência Cristã, e a inspiração que obtenho dos periódicos da Ciência Cristã, ajudam-me a demonstrar que: "A realidade espiritual é o fato científico em todas as coisas. O fato espiritual, repetido na ação do homem e de todo o universo, é harmonioso e é o ideal da Verdade" (Ciência e Saúde, p. 207).

Durante muitos anos, tenho trabalhado em mediação, e atribuo o sucesso do meu trabalho ao fato de eu ter aprendido a ver as pessoas como capazes, carinhosas, inteligentes e genuínas, da forma como Deus criou cada um de nós, o que torna possível a elas verem umas às outras dessa mesma maneira e serem capazes de resolver suas diferenças para chegarem a soluções.

Mary Baker Eddy explicou que: "Um só Deus infinito, o bem, unifica homens e nações..." (Ciência e Saúde, p. 340). A paz muitas vezes parece inalcançável, especialmente no cenário mundial. Uma canção muito conhecida, intitulada "Paz na terra", propicia-me uma indicação daquilo que é possível e por onde começar, quando diz em parte:

"Haja paz na terra,
a começar em mim;
Haja paz na Terra,
A paz que deve existir
Com Deus como nosso Pai
Irmãos todos nós seremos".

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