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Não há perda no Amor divino

Da edição de setembro de 2010 dO Arauto da Ciência Cristã


Há alguns anos, trabalhei em uma empresa como Gerente Financeira. Devido a esse cargo, tinha uma procuração, que era renovada anualmente, com amplos poderes para representar a companhia em múltiplas situações.

Certa vez, em uma reunião mensal com a diretoria, fui informada de que não renovariam a minha procuração naquele ano e de que me transfeririam para outro setor.

Procurei saber o motivo de tal decisão, mas não obtive explicações concretas. Diante de tal postura, pedi demissão do cargo, mas meu pedido não foi aceito.

Retornei para casa muito magoada com os acontecimentos e procurei orar para me acalmar. Na manhã seguinte, ainda abatida pelo ocorrido, veio-me à mente este trecho de Ciência e Saúde: “A erva debaixo de nossos pés silenciosamente exclama: 'Os mansos herdarão a terra’. A modesta epigéia faz subir ao céu o seu doce aroma” (p. 516).

Naquele momento, percebi que, para Deus, mesmo as pequenas coisas eram importantes. Como sou muito ativa na igreja da Ciência Cristã que frequento, veio-me ao pensamento a seguinte pergunta: “Se meu cargo na igreja fosse alterado, eu pediria demissão da igreja”? A resposta imediate foi: “Não. Porque trabalho para Deus, é ilógico pedir demissão”.

Percebi que o mesmo raciocínio em relação à igreja também se aplicava ao escritório, local em que eu também servia a Deus por meio do meu trabalho. Concluí que sentimentos de raiva e motivos maliciosos de maneira alguma poderiam me levar a tomar decisões impulsivas, nem me tirar da onipresença de Deus. Eu poderia ver ali a onipotência de Deus em ação. Como afirma Mary Baker Eddy no Manual de A Igreja Mãe: “...Na Ciência [Cristã], só o Amor divino governa o homem...” (p. 40). Sempre me pautei muito nessa declaração do Manual e não a deixaria de lado naquele momento. Precisava confiar totalmente em Deus.

No dia seguinte, fui conversar com o dono da empresa, o qual me explicou que a mudança de função era importante para a organização naquele momento, mas que não me demitiria nem aceitaria meu pedido de demissão.

Para mim, aquele foi um período muito difícil, pois mudei de sala e perdi certos benefícios aos quais estava acostumada. Quando me sentia muito contrariada pela perda de minha posição anterior, procurava ser grata pela forma amorosa como os demais funcionários da fábrica haviam me acolhido no novo setor, acomodando-me naquela nova sala. Eles também procuraram transformar o novo ambiente em um lugar mais agradável para mim.

Agradeci a Deus por essas pequenas coisas, que, na verdade, eram de grande valor. Procurei realinhar meu pensamento a Deus vendo somente a Verdade e o bem em todas as ocasiões.

Com a nova função, eu tinha menos responsabilidades e, consequentemente, mais tempo livre. Aproveitei esses momentos para, por meio da oração, colocar-me ao dispor de Deus para o que fosse necessário, e, dessa forma, enxergar o que Ele havia reservado para mim na forma de uma atividade que abençoasse à empresa, às pessoas que trabalhavam comigo e a mim mesma. Busquei amar mais o próximo, e conversar com frequência com meus colegas de trabalho. Eu sabia que tinha algo novo a aprender com eles.

Gradativamente, coisas boas começaram a acontecer. Consegui conciliar meu horário de trabalho com o harário de estudo na faculdade. Compartilhei com meu superior as dificuldades que sentia no curso de Administração de Materiais, e ele ficou surpreso pelo fato de eu trabalhar em uma metalúrgica e nunca ter aprendido na prática o que era importante para essa matéria.

Passei a contar com a ajuda dos colegas, que me explicaram o funcionamento de cada produto e de todos os setores da fábrica. Adquiri o conhecimento necessário para superar minhas deficiências nos estudos, e minhas notas melhoraram muito, pois passei a ter o conhecimento teórico e prático.

O que havia aprendido sobre os produtos, aliado a minha experiência na área financeira, capacitaram-me a dar suporte ao departamento de vendas. Passei a participar de negociações de vendas com o gerente e os vendedores, o que trouxe progresso para a empresa e representou para mim uma grande bênção. Comecei a crescer nas minhas novas atribuições.

Havia uma certa distância entre os funcionários de escritório e os mecânicos. Entretanto, como meu relacionamento com os colegas de trabalho se tornou muito harmonioso, passei a ser como uma espécie de elo entre eles e o pessoal da gerência.

Foi um período muito fértil e ativo, em contraposição ao meu pensamento inicial de inutilidade, de inatividade e de rebaixamento.

Aprendi que somos humildes, quando deixamos que a luz de Deus brilhe por meio de nossas ações. Mesmo diante da mudança de função, reconheci que Deus estava em atividade, abençoando a mim e a todos. Superei o sentimento de rebaixamento e me senti muito útil, o que resultou em inevitável progresso profissional.

Algum tempo depois, no começo da década de noventa, entrou em vigor no Brasil o Plano Collor, que foi um conjunto de reformas econômicas para a estabilização da inflação, as quais incluíram o confisco dos depósitos bancários superiores a Cr$ 50.000,00 (cinquenta mil cruzeiros) por um prazo de dezoito meses. Consequentemente, as empresas ficaram com os fundos enxutos e a economia se desacelerou. Muitos funcionários forma demitidos.

Então, veio à tona o motivo pelo qual fui afastada de meu cargo anterior. Descobri que se estivesse na minha antiga posição, eu poderia, sem saber, estar envolvida em procedimentos financeiros pouco éticos. Após uma investigação, todos naquele departamento foram demitidos; senti que havia sido divinamente protegida. De certa forma, as pessoas envolvidas nas atividades pouco éticas sabiam que eu não compactuaria com aqueles procedimentos. Para mim, essa experiência comprovou que a honestidade é uma proteção segura e constante.

Fui reintegrada ao meu cargo anterior com todos os benefícios que lhe eram inerentes; passei novamente a ter a procuração para representar a empresa. Todo o conhecimento que havia adquirido dos produtos e da fábrica, bem como o relacionamento que havia desenvolvido com os funcionários beneficiram a empresa e a mim.

Certa vez, os funcionários entraram em greve e os diretores não conseguiram reverter a situação. Então, por confiarem em mim, os funcionários exigiram a minha presença nas negociações. Contornamos a situação com um acordo bom para ambas as partes.

Sou muito grata pela forma como Deus conduziu minha experiência profissional, pois obtive mais conhecimento, força e um senso mais abrangente de gratidão e amor ao próximo. Descobri que nunca perdemos nada, pois Deus é a fonte do Amor infinito, da qual jorram bênçãos que anulam a injustiça e suprem constantemente as necessidades de todos.

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