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Sempre em segurança!

Da edição de fevereiro de 2011 dO Arauto da Ciência Cristã


Aconteceu em uma tarde, em abril do ano passado. Quando eu saía do carro no estacionamento de uma loja de conveniência um homem se aproximou de mim. Com uma faca ele me obrigou a entrar novamente no carro e ordenou que eu me sentasse no banco do passageiro. Ele queria dinheiro, mas eu lhe disse calmamente que não tinha nada, o que o deixou muito irritado. Ele me puxou pela blusa e cutucou meu lado com a faca várias vezes, mas para mim a faca parecia estar sem corte e não me causou nenhuma dor.

Durante minha vida, eu havia lido histórias bíblicas que falavam da autoridade inigualável de Deus como, por exemplo, quando Ele fechou a boca dos leões e resgatou os jovens hebreus da fornalha ardente, mas eu nunca havia sentido, de forma tão impressionante, o cuidado protetor de Deus. Enquanto estava no carro com aquele homem reconheci a gravidade da situação, mas posso honestamente dizer que não senti medo. De alguma maneira, eu sabia que o poder redentor do Amor divino me manteria segura, e eu desejava que o assaltante também sentisse esse Amor.

Quando penso nessa experiência, lembro-me da referência que Mary Baker Eddy fez em Ciência e Saúde à visão do autor do Apocalipse de um "novo céu" e de uma "nova terra". Ela pergunta: "Já imaginaste alguma vez esse céu e essa terra, habitados por seres sob o domínio da sabedoria suprema?" (p. 91). Eu acredito que tive, ali no carro, um vislumbre desse novo céu e dessa nova terra, porque eu sentia uma sensação de paz, de que tanto aquele homem quanto eu éramos governados pelo Amor divino, e não pelo medo ou por algum motivo ruim. O homem exigiu as chaves do carro e tentou dar a partida, como se quisesse sair do estacionamento da loja. Nesse momento tentei, sem sucesso, fugir pela porta do passageiro e gritei por socorro. Ele então ameaçou me matar empurrando a faca com força contra o meu peito, mas novamente não senti nenhuma dor.

Pouco tempo depois, uma pessoa que passava por perto se aproximou do carro e perguntou se eu precisava de ajuda, o que fez com que meu agressor fugisse rapidamente. Esse senhor e alguns outros homens que se encontravam no estacionamento foram atrás do agressor, capturaram-no e conseguiram detê-lo até que a polícia chegasse. Depois de ele ser preso, os senhores que haviam me ajudado continuaram a demonstrar grande preocupação comigo. Um deles me deu um forte abraço. A bondade genuína desses homens e da polícia reforçou minha confiança no bem. Em situações como essa, muitas vezes achamos que a violência leva vantagem e que a inocência que manifestamos nos torna vulneráveis e desamparados. Eu, porém, comecei a considerar a inocência como uma característica poderosa, capaz de vencer o mal de toda espécie.

Com minhas orações procurei reescrever mentalmente a história dos acontecimentos de modo que, em meu pensamento, nem eu nem o agressor assumíssemos o papel de vítima ou de vilão

Fiquei profundamente grata pelo cuidado de Deus quando, posteriormente, vi de perto a faca que a polícia apreendeu e usou como prova. A faca era muito maior do que eu me lembrava, e bem afiada. Eu mal podia acreditar que a faca que a polícia tinha em seu poder fosse a mesma arma que havia parecido tão ineficaz, mas a polícia me assegurou que era realmente a faca que havia sido usada na ação. Da mesma forma, os paramédicos que insistiram em me examinar depois do assalto descobriram que a faca quase não havia furado minha pele. Naquele dia, enquanto voltava para casa, regozijava-me ao lembrar como os jovens hebreus haviam escapado sem ter sequer os cabelos chamuscados ou as roupas cheirando a fumaça.

Após essa experiência, com minhas orações procurei reescrever mentalmente a história dos acontecimentos de modo que, em meu pensamento, nem eu nem o agressor assumíssemos o papel de vítima ou de vilão. Ao ler um artigo publicado no The Christian Science Journal sobre esse assunto, fiquei impressionada com uma afirmação que mostrou como minha salvação estava ligada à salvação do agressor: "Ninguém pode encontrar o céu para si mesmo, se não encontrar seu irmão ali também" ("Neither Villains Nor Victims" [Nem Vilões nem Vítimas], fevereiro de 1943, p. 106). Compreendi que a exigência espiritual não se restringia unicamente ao perdão ao homem que havia me agredido, mas ao discernimento espiritual que me permitisse ver que ele estava no "céu" comigo, ou seja, no estado divino da harmonia de Deus, exatamente aqui na terra.

Enquanto refletia um pouco mais sobre esse incidente, pesquisei o significado da palavra crime. Uma das fontes consultadas dizia que a palavra era derivada de uma raiz que significa "separar" ou "julgar". Para mim, essa definição nos leva ao erro que está por trás dos casos de violência e dos atos criminosos, ou seja, a noção de que a fraternidade da humanidade possa ser destruída, que possa haver separação entre os homens. Mais de uma vez Mary Baker Eddy mencionou em seus escritos o papel dos Cientistas Cristãos para frear o crime. Por exemplo, ela escreveu em Ciência e Saúde: "...os que discernem a Ciência Cristã, porão um freio ao crime." (pp. 96-97). No passado, eu me perguntava frequentemente como eu poderia cumprir com esse dever; pois ali estava uma oportunidade clara para fazê-lo. Embora eu estivesse grata por ter saído ilesa do assalto, certamente não desejava que nada parecido voltasse a acontecer comigo ou com qualquer outra pessoa. Portanto, orei para perceber mais claramente que o meu relacionamento ou o relacionamento de qualquer outra pessoa com nossos semelhantes, irmãos e irmãs, não pode ser destruído pela ganância, ódio ou qualquer instinto animal. Por quê? Porque todos nós estamos eternamente unidos a Deus, ao bem, e nossa unidade com o Divino constitui a base do nosso relacionamento com os outros. Quando compreendemos que somos inseparáveis de Deus, que temos tudo o que necessitamos porque Ele é o nosso provedor e o nosso Pai-Mãe amoroso, podemos ajudar a pôr um freio no pensamento e no comportamento criminosos.

O homem também falou e manifestou remorso, dizendo que havia tido um comportamento totalmente anormal

Alguns meses depois, aceitei o convite do Ministério Público para fazer uma declaração durante a audiência de julgamento do agressor. Considerei profundamente essa decisão, pois desejava comunicar que eu perdoava aquele homem tanto ao juiz quanto a ele mesmo, mas não queria parecer ingênua. Finalmente, ponderei a recomendação de Mary Baker Eddy de que não devemos deixar que a Regra Áurea "enferruje por falta de uso" (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p.213), ao concluir que, caso eu estivesse na posição daquele homem, eu gostaria que ele falasse no meu julgamento. Fiz uma breve declaração expressando minha esperança de que ele pudesse superar aquela experiência, da mesma forma como eu o fizera. O homem também falou e manifestou remorso, dizendo que havia tido um comportamento totalmente anormal em relação ao que ele desejava ter. Quando proferiu a sentença, que foi considerada por todas as partes como muito justa, o juiz comentou: "A misericórdia constitui o cerne da verdadeira justiça".

Quando compreendemos que somos inseparáveis de Deus, que temos tudo o que necessitamos porque Ele é o nosso provedor e o nosso Pai-Mãe amoroso, podemos ajudar a pôr um freio no pensamento e no comportamento criminosos.

Desde aquela ocasião, continuei a me sentir à vontade e sem medo de andar pela cidade sozinha. Da mesma forma como as sombras não podem deixar nenhuma marca permanente, e os sonhos não têm qualquer fundamento na realidade, continuo mentalmente (e também fisicamente) intocada por esse incidente. Lembro-me de situações anteriores, em que fui tentada a reviver o trauma sofrido, remoendo, vezes sem conta, imagens e pensamentos perturbadores. Em realidade, porém, como a amada imagem e semelhança de Deus, jamais vivenciei essa história humana. Em vista do meu compromisso de me ater a essa verdade, não sofri nenhum temor prolongado nem efeitos colaterais.

Ao seguir em frente, sou grata não apenas por esse exemplo do cuidado de Deus por nós, mas também pelo que me foi mostrado acerca do poder da oração em trazer cura para a nossa comunidade em geral.

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