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REFLEXÃO

Imigração: uma perspectiva bíblica

Da edição de abril de 2011 dO Arauto da Ciência Cristã


A imigração é um enorme problema no mundo. Entretanto, ela não é algo novo, pois a migração vem acontecendo há séculos, e as mesmas preocupações e críticas se aplicam a cada época: alguém está se mudando para o "nosso" território. Alguém está mudando "nosso" senso de país. Poderiam os imigrantes, oriundos da África e do Leste Europeu, que moram hoje na França, Alemanha e no Reino Unido, desestabilizar o continente? Será que os imigrantes de origem hispânica representam algum perigo para os Estados Unidos?

A imigração é uma questão complexa que clama por soluções satisfatórias para todos os envolvidos. Como ocorre com vários outros desafios, é importante recorrer à Bíblica em busca de ideias, pois é rica em recursos com relação à migração dos povos.

Tanto nos tempos bíblicos como também hoje, a guerra, a fome, a pobreza e a perseguição obrigam as pessoas a viverem em constante mudança para novas áreas, na esperança de uma vida melhor. A Bíblia relata histórias de pessoas, grupos de famílias e tribos inteiras mudando-se de um local para outro. Por exemplo, Abrão, Sarai, e o sobrinho Ló, saíram de Ur (atual Iraque), para Canaã (atual Israel), e essa migração foi bem-sucedida.

José abençoou muito o país que o acolheu

Temos também a história de José, vendido por seus irmãos aos midianitas os quais, em seguida, o revendem como escravo no Egito. Esse imigrante, contudo, não apenas abençoa enormemente o país que o acolheu, como também salva sua própria família. Durante um período de fome, seus irmãos vão ao Egito para comprar suprimentos, uma vez que lá havia alimento em abundância, devido à previdência de José. Finalmente, eles se unem a José no Egito, a fim de terem uma qualidade de vida melhor (principal motivo por trás da maioria das imigrações até hoje).

Outra perspectiva sobre a imigração aparece no livro de Rute, a qual alguns estudiosos consideram como uma forma de abordar o conjunto da ideia de pessoas que se deslocam para o território de outros povos, bem como o valor da bondade para com os outros.

Durante um período de fome, Elimeleque, Noemi e seus dois filhos saem de Belém em Judá e vão para Moabe. Elimeleque morre e os filhos se casam com mulheres de Moabe (uma das quais é Rute), muito embora o costume judaico e a própria religião condenassem tal prática. Quando os dois filhos também morrem, Noemi deseja retornar à sua terra natal e Rute decide acompanhar sua sogra.

Rute obviamente estava disposta a mudar, a fim de participar dessa nova experiência. Ela diz a Noemi: "...aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus" (Rute 1:16-17).

No livro, o autor parece sentir que o indivíduo que migra precisa estar disposto a se adaptar de todas as maneiras possíveis. Mas é necessário reconhecer que cada pessoa traz dons que são únicos.

Rute é aceita, apesar de ser estrangeira

Não importa o quanto ela tenta se adaptar, o livro de Rute constantemente menciona que ela é uma estrangeira, uma moabita. Rute recebe a proteção de Boaz, um parente de seus sogros, e o resultado é um final feliz: um segundo casamento para Rute. A história enfatiza que Rute é aceita na nova terra, apesar de ser estrangeira. Mais tarde, Rute dá à luz a Obede, que será o pai de Jessé. O argumento decisivo da história é que Jessé vem a ser o pai de Davi.

Essa linha de geração no livro de Rute traz à luz a universalidade da mensagem. Em uma época em que as esposas estrangeiras eram frequentemente enviadas de volta à sua terra natal (ou rejeitadas de formas pouco amorosas), Boaz assume a moabita como esposa, e ela se torna bisavó do rei mais querido e bem-sucedido de Israel. A Bíblia deixa claro, por mais de uma vez, que na linhagem de Davi está a origem do Messias.

A mensagem do livro tem sido descrita como "a lei da bondade que transcende as fronteiras nacionais e faz com que todos os homens sejam parentes" (The Interpreter's Dictionary of the Bible [Dicionário do Intérprete da Bíblia], vol. 4, p. 133). A bondade é demonstrada por Rute, por Noemi e por Boaz, quando ele convida Rute para colher em seu campo. Em seguida, contrariamente aos costumes do povo e da religião, ele se casa com essa estrangeira. Os interesses nacionais, que são importantes em livros tais como o de Esdras e de Neemias, foram postos de lado e a linhagem do rei Davi se torna explícita.

O livro de Rute enfatiza o universalismo e a inclusão

O livro de Rute enfatiza fortemente o universalismo. Uma vez que a mensagem está incorporada em uma história de amor, ou seja, o amor de Rute por Noemi, o amor de Noemi por Rute e, finalmente, o amor de Boaz por Rute, essa mensagem mais ampla passa, algumas vezes, despercebida. Tendo em vista que essa história é considerada sob um contexto de pensamento do tipo "nós/eles", os que têm e os que não têm, com a exclusão cedendo à inclusão, podemos perceber o quão valiosa e duradoura é a mensagem que o livro de Rute apresenta.

Quando adulta, descobri em primeira mão, que é possível nos relacionarmos harmoniosamente e sermos enriquecidos com as diferenças que encontramos. Meu marido e eu amamos circular pelo mundo, passando um tempo significativo em viagens por todos os continentes. Devido ao conhecimento que travamos com as pessoas que conhecemos na China, Honduras, Israel, Índia e em vários outros pontos do globo, desenvolvemos grande respeito pela inteligência, engenhosidade e desejo de progresso que as pessoas naturalmente expressam. Esses talentos têm grande valor, não importa qual nação os esteja manifestando.

Precisamos ponderar mais profundamente sobre todas as pessoas deste mundo. Seriam alguns de nós bons e outros maus? Seriam alguns merecedores e outros não? Claro que não! O livro de Malaquias afirma: "Não temos nós todos o mesmo Pai? não nos criou o mesmo Deus? (Malaquias 2:10). Essa afirmação não se aplica apenas às pessoas dentro das fronteiras de nosso país.

A compreensão da bondade inerente a cada homem, mulher e criança é fundamental para uma solução permanente. Nós, assim como Rute, podemos dizer: "o teu povo é o meu povo" (Rute 1:16). Talvez possamos estar ou não envolvidos na tomada de decisões práticas no sentido de ajudar pessoas desalojadas no país e no estrangeiro, mas, ao reconhecer o bem em cada indivíduo, tanto naqueles que conhecemos pessoalmente como em outros sobre os quais ouvimos falar em terras distantes, podemos ajudar cada nação a encontrar soluções que abençoem a todos nós.

Então, talvez a nossa descendência, assim como a de Rute, possa ser como a de Davi, capaz de unir e conduzir nações para uma compreensão e bondade tanto para com todos que migram, quanto para com aqueles que ficam em seu país de origem.

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