Jesus jamais seguiu convenções humanas, sobretudo quando se tratava de atender às necessidades práticas das pessoas. Seu modelo econômico era diferente da maioria de seus contemporâneos, e dos nossos também. Ele pediu para Simão Pedro pagar um imposto com o dinheiro que viria da boca de um peixe, como também pediu aos seus discípulos que alimentassem 5.000 pessoas com cinco pães e dois peixes e que se certificassem de juntar a grande quantidade de sobras que restaram. Além disso, disse a uma multidão de pessoas que tinham dificuldades para subsistir: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça..." e insistiu em que isso os alimentaria. Por conseguinte, quando lhe perguntaram de onde e quando viria todo esse bem, ele explicou: "...o reino de Deus está dentro de vós" (ver: Mateus 17:24—27, Marcos 6:35—44, Mateus 5:6, Lucas 17:21). Aqueles que ouviram sua mensagem e as verdades espirituais que sustentavam suas palavras descobriram que suas vidas mudaram e que essa transformação consistiu em uma série de milagres que atestaram o poder do bem divino na experiência humana.
A perspectiva inspirada de Jesus a respeito da lei da oferta e da procura era o resultado direto de sua teologia. Seu Deus era a Vida, a Verdade e o Amor divinos, que ele compreendia estar em toda parte, sempre presente, amoroso e supremo, constituindo o único poder e autoridade dignos de serem reconhecidos. Na mente do Cristo, não existe nem jamais poderá existir qualquer separação entre Deus (o bem abundante) e o homem (a própria expressão desse bem de Deus). Sem essa compreensão, o conselho e os mandamentos de Jesus aos seus seguidores teriam sido meramente acadêmicos e destituídos de poder.
A mudança que eu mais necessitava não tinha nada a ver com finanças ou geografia, nem sequer com o colocar de lado minha própria capacidade limitada de produzir o bem
A verdade sobre a compreensão espiritual de Jesus ficou comprovada nas grandes obras atribuídas a ele, e naquelas pelas quais seus discípulos ficaram conhecidos. Ele lhes disse: "...aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai" (João 14:12). Claramente, Jesus sempre reconhecia a Deus como a fonte segura de suprimento.
Portanto, é importante perguntar a nós mesmos se pensamos em Deus nesses termos. Compartilhamos da perspectiva de Jesus sobre Deus como o Amor divino sempre presente?
Durante uma ocasião em que minha família estava passando por uma grande transformação na forma como vivíamos, comecei a perceber como era importante responder a tais perguntas. A mudança que eu mais necessitava não tinha nada a ver com finanças nem geografia, nem sequer com o colocar de lado minha própria capacidade limitada de produzir o bem, mas sim aceitar o exemplo de Jesus de como lidar com as minúcias da minha vida.
Nas páginas de abertura de sua obra reveladora sobre o cristianismo, Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy escreveu: "Se não estais dispostos a seguir-lhe o exemplo, por que pedis, com os lábios, que possais participar de sua natureza? A oração coerente é o desejo de agir corretamente" (p. 9).
A oração supriu uma saída do círculo vicioso
Enquanto avaliava os desafios com os quais nossa família se defrontava, eu certamente desejava fazer a coisa certa. Havia recentemente deixado um trabalho estável como musicista para me tornar Praticista da Ciência Cristã em tempo integral. Entretanto, a coisa "certa" parecia ser algo que eu conseguiria fazer tomando decisões sábias, tendo boa expectativa sobre o que o futuro poderia reservar e aproveitando as oportunidades que aparecessem. Em outras palavras, se me esforçasse para ser uma boa pessoa, pensava eu, talvez Deus notasse e recompensasse meus esforços. Naturalmente, essa não era a Ciência divina que Jesus praticava. Havia me concentrado nas "condições do campo", ou seja, em como encontrar uma boa escola para meus filhos em uma região classificada como tendo um dos índices mais baixos em educação no país, em como ajudar meu marido a encontrar um novo emprego em um ambiente econômico em que a taxa de desemprego era quase duas vezes a média nacional. Eu acrescentava obstáculos à situação, ao passo que Jesus continuamente contava com o poder de Deus de prover soluções.
Embora eu tivesse começado com uma avaliação convencional da situação (e sofrido com a frustração e a autopiedade que vieram junto com esse tipo de estimativa), a oração supriu uma saída do círculo vicioso. Nos momentos em que sinceramente buscava alcançar um senso mais elevado do que é correto e bom, muitas vezes encontrava minha visão negativa sobre a situação interrompida por algum lembrete da lei espiritual e seu poder. Às vezes, era uma lembrança de tempos passados, quando as soluções para os problemas surgiram aparentemente do nada. Outras, era um sentimento de esperança que surgia quando entrava em sintonia com a gratidão pelo bem já recebido. Esse vislumbre de outra forma de pensar e de compreender foi o que me inspirou a fazer um esforço mais consistente para "andar na luz" e a me apoiar, com mais entendimento, nos meios invisíveis de sustento que Jesus chamava "Pai Nosso".
Eu apenas abria as Escrituras e começava a ler
A Bíblia foi uma enorme ajuda. Ler as histórias de José, Rute e Elias me trouxe duas úteis e confortadoras ideias. Em primeiro lugar, em termos gerais, que meus problemas não eram assim tão imensos. Não havia sido vendida como escrava pelos meus irmãos, não havia perdido minha família e certamente não tinha um exército me perseguindo pelo deserto! Além disso, eu obviamente não era a primeira pessoa a trazer a Deus o dilema da provisão. A Bíblia é um registro de 5.000 anos acerca de como é racional e natural esperar por ajuda prática por meio do reconhecimento do poder do Espírito.
Em certos dias, eu apenas abria a Bíblia e começava a ler. O relato da jornada dos filhos de Israel foi especialmente confortador e inspirador. Durante 40 anos em que vagaram pelo deserto, alimento, água e proteção eram constantes em um ambiente aparentemente hostil. O senso espiritual, sob a forma da fidelidade de Moisés a Deus, os conectava a recursos tangíveis.
O repetido suprimento das necessidades humanas, de maneiras inesperadas, paulatinamente convenceu os andarilhos do Êxodo de que a visão espiritual é acreditar. Várias vezes, exatamente onde não havia nenhuma evidência física de provisão ou cuidado, confiar na sabedoria e na autoridade da palavra de Deus revelava a presença exatamente daquilo que era necessário. Essas pessoas vivenciaram as primeiras palavras do Sermão do Monte proferido por Jesus. A versão bíblica de J.B. Phillips diz: "Como são felizes os que se inclinam à humildade, porque o Reino dos Céus é deles!", e "Como são felizes os que sabem o que significa a aflição, porque a eles serão dados coragem e consolo!" (Mateus 5:3, 4). Palavras que sugerem que a verdadeira felicidade, conforto e segurança nos sobrevêm somente quando estamos prontos a nos apoiar, de todo coração, em Deus e a confiar em Seu cuidado.
Essas ideias deram à nossa família um parâmetro para medir nosso progresso na descoberta de qual deveria ser cada próximo passo. Embora nossos planos parecessem melancólicos e fosse difícil imaginar humanamente como as coisas se resolveriam por si mesmas, meu marido e eu adquirimos, por meio da oração, uma forte fé de que de alguma forma "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus..." (Romanos 8:28).
O processo me lembrou de que, quando colocamos o pé no primeiro degrau de uma escada rolante, somos levados para cima quase sem esforço
De repente, começamos a encontrar pessoas de uma determinada cidade em outro estado e a ouvir coisas positivas sobre essa cidade. A princípio, isso foi algo divertido para nós, mas após uma semana sendo bombardeados com informações sobre o lugar, nós o procuramos no mapa e eu liguei para a Sala de Leitura da Ciência Cristã local, para saber mais sobre a cidade. A plantonista me disse que a igreja de lá havia começado a orar para que a falta de praticistas na região fosse suprida. Mais tarde naquela noite, uma amiga de infância ligou para dizer que estava pensando em se mudar para essa mesma cidade e gostaria que eu a acompanhasse até lá para conhecer o lugar.
Nunca havíamos considerado uma mudança como parte da solução de nossas necessidades, mas passo a passo, tudo acabou se encaixando. O processo me lembrou de que, quando colocamos o pé no primeiro degrau de uma escada rolante, somos levados para cima quase sem esforço. Seis meses depois de termos mudado, meu marido foi eleito Primeiro Leitor na igreja local da Ciência Cristã e, ao final de seu mandato, sua compreensão e prática da Ciência Cristã acabaram levando-o para a prática da cura em tempo integral.
"'Desenvolvei a vossa salvação', é o mandado da Vida e do Amor, pois para esse fim Deus opera convosco", escreveu Mary Baker Eddy. "Quando a fumaça da batalha se tiver dissipado, discernireis o bem que tiverdes feito, e recebe-reis segundo o vosso merecimento" (Ciência e Saúde, p. 22).
O "bem", que necessitava ser feito em nosso caso, não era seguir um determinado código moral e, em seguida, merecer uma recompensa. A verdadeira necessidade envolvia compreender o Princípio subjacente do viver correto e reconhecer o poder infinito que o bem divino possuía para sustentar naturalmente sua própria expressão. Isso é o reino dos céus que está dentro em nós, e sobre o qual Jesus falou. Contar com o amor de Deus, viver de acordo com Seu bem, reconhecer os dons espirituais e confiar em que eles continuarão a ser concedidos é todo o bem que sempre necessitamos para encontrar o próximo passo correto. Esse é seguramente o melhor modelo econômico!
 
    
