Cuidar de nossos filhos é uma dedicação maravilhosa e recompensadora, que dura a vida inteira. Mas, o que dizer quando há inversão de situação e surge a necessidade dos filhos cuidarem de seus pais? Isso pode ser uma tarefa extremamente árdua, especialmente com tantas famílias cujos membros vivem separados uns dos outros, por grandes distâncias, e dependem da tecnologia para manter contato. Algumas vezes não existe nenhum familiar que possa se dedicar a esse cuidado.
Com aproximadamente 78 milhões de pessoas da geração “baby boomer” (pessoas nascidas entre 1946 e 1964) atingindo a idade de aposentadoria este ano nos Estados Unidos, soluções criativas para a prestação de cuidados estão surgindo. Tomemos, por exemplo, o “telecuidador”. Com a ajuda da tecnologia, um telecuidador pode observar remotamente os ocupantes de uma casa 24 horas por dia, 7 dias por semana, se necessário. Para um casal de octogenários, a telecuidadora assume o papel de uma filha, reunindo-se a eles durante as refeições e participando da conversação diária, muito embora ela viva a quase 1.600 quilómetros de distância e nunca tenha encontrado o casal pessoalmente (ver o artigo de The Christian Science Monitor: “O crescimento do número de ‘Telecuidadores’ ”, de 18 de abril de 2011). O mundo também está de olho nos robôs inovadores do Japão para aumentar a capacidade da indústria de prestação de cuidados, a qual sofre com a escassez de mão de obra. Apesar da esperança que esses “humanoides” inicialmente ensejavam, eles até agora não foram recebidos com tanto entusiasmo pelos usuários, que dizem preferir humanos (“Robots may not be the solution for Japan's elderly care”, (Robôs talvez não sejam a solução para prestar cuidados aos idosos no Japão), de 7 de fevereiro de 2011, http: //www. transhumanistic. com/2011/02/robots-not-solution-for-japan-elderly-care).
Essas soluções criativas talvez possam dar uma indicação para possíveis respostas. Entretanto, para uma solução de longo prazo, não há nenhum substituto para os benefícios que mais familiaridade com nosso Criador divino podem trazer. Existe uma resposta espiritual que promete uma prestação de cuidados por parte do Amor divino em um nível que informa e ultrapassa a inventiva humana.
O maravilhoso sobre a solução do Amor para Seus filhos é que tanto aqueles que prestam os necessários cuidados, como os que os recebem, podem ter certeza de uma segurança que é tangível em sua vida diária. É um poder confiável que sempre está em operação, o tempo todo.
Um exemplo bíblico, em particular, nunca deixa de inspirar com sua mensagem do cuidado do Amor para todos. Uma senhora foi deixada praticamente sozinha; seus dois filhos e seu marido haviam falecido e ela decidiu voltar à sua terra natal por conta própria. Ela insiste com suas duas noras para que retornem à casa de seus pais: “Tornai, filhas minhas! Ide-vos embora, porque sou velha demais para ter marido” (Rute 1:12). Como uma mulher sem filhos (especialmente do sexo masculino) e sem um marido para cuidar dela, Naomi precisaria depender da generosidade de seus outros parentes. Mas Rute, uma de suas noras, insiste: “Aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Ibidem, 1:16).
O amor expressado no relacionamento delas resulta em alegria e bênçãos para ambas, incluindo uma nova família e um filho que, nas palavras de suas vizinhas, seria para Naomi o “restaurador da tua vida e consolador da tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos” (Rute 4:15). A disposição de Rute de abandonar seu próprio país e de prover o cuidado de que sua sogra necessitava, representa a resposta prática e sanadora que o Amor nos oferece em nossa vida, quando a ele recorremos em oração.
De fato, o Amor divino nos escolhe a cada dia, e Ele escolhe permanecer ao nosso lado, consolar-nos e nutrir-nos, mantendo um olhar vigilante sobre nosso bem-estar. Como diz o Salmista: “o Amor restaura a nossa alma (ver Salmos 23:3). Por meio do Cristo, a mensagem divina de Deus a nós, de Sua terna cura e de Seu terno amor, somos guiados a tomar decisões e a agir de formas que nos fazem sentir genuinamente cuidados, apesar das nossas circunstâncias.
Pode ser tentador acreditar que nossa vida seja mortal, sujeita a um calendário e à mercê de acontecimentos humanos que nos rotulam como sobrecarregados ou incómodos demais. Mas, não deveríamos, ao contrário, concordar com a identidade espiritual e atemporal que Deus nos deu? A oração pode nos levar a dar os passos específicos para trazer nosso pensamento mais em linha com o cuidado sempre presente do Amor divino. Tanto o cuidador, que presta os cuidados, quanto o que os recebe, podem se esforçar para acalentar qualidades, tais como: gentileza, compaixão, abnegação, paciência, graça, humildade. À medida que obedecemos a essa orientação, talvez sejamos levados a nos aproximar de alguém em nossa comunidade ou igreja, oferecer voluntariamente um tempo maior para orar pelos problemas fora de nossa própria vida, como também talvez possamos descobrir nossas próprias necessidades sendo supridas de maneiras inesperadas.
Treinar nosso pensamento na direção do Amor e de Seu doce controle abençoa toda a família humana. A fundadora desta revista, Mary Baker Eddy, sempre orientou os Cientistas Cristãos no sentido de adorarem somente a Deus. “O verdadeiro Cientista Cristão”, escreveu ela, “realça constantemente a harmonia, em palavras e em obras, mental e verbalmente, repetindo em perpetuidade este diapasão celestial: ‘O bem é meu Deus, e o meu Deus é o bem. O Amor é meu Deus, e meu Deus é Amor’ ” (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883–1896, p. 206).
Mesmo que sejamos responsáveis por cuidar de outra pessoa, não precisamos nos sentir sobrecarregados. Ao contrário, podemos confiar em que todas as boas “palavras e obras” serão recompensadas. Quando o Amor é nosso Deus, nossas decisões e ações serão cada vez mais contrabalançadas com o empenho espiritual e prestaremos todos os cuidados, como também nos sentiremos cuidados, de uma forma que cura.
Editorial publicado originalmente no Christian Science Sentinel de 23 de maio de 2011.
