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Matéria de capa

Uma solução duradoura para o sentimento de solidão

Da edição de março de 2012 dO Arauto da Ciência Cristã

Christian Science Sentinel


Ao longo dos anos, aprendi duas coisas importantes sobre a solidão: 1) que estar com pessoas não é a solução e 2) que ser forte e independente sozinho, também não resolve o problema.

A única solução é alcançar um senso sólido e profundo de que vivemos no universo de Deus, somos acalentados pelo Amor divino e mantidos em relacionamentos harmoniosos com os outros.

Quando Deus deu domínio à Sua criação “sobre toda a terra”, não foi apenas sobre forças físicas, doenças ou sobre as surpresas de uma economia humana. O domínio inclui também autoridade sobre nossos sentimentos.

Deus abençoa a vida com o bem que satisfaz ao coração

Por mais que cada dia pareça um convite a nos deixar levar de roldão pelos devaneios do pensamento humano, nossos sentimentos verdadeiros correspondem ao amor benevolente e onipresente de Deus. Deus abençoa a vida com o bem que satisfaz ao coração. A Ciência Cristã ensina que temos a liberdade para desafiar as emoções destrutivas, assim como nos ensina que temos o domínio sobre as outras sensações físicas.

A solidão pode se manifestar sob a forma de uma tristeza sutil, que faz com que a pessoa se retraia, ou sobrevir como um touro indomável, induzindo-nos, de forma imprudente, a todo tipo de ação errónea. Mas, seja qual for sua forma, a solidão deve ser expurgada, a fim de que se descubra a paz verdadeira da vida.

A decepção, que repete em nossa mente as razões para sermos infelizes, está muito distante do espírito de louvor e adoração que revela nosso relacionamento com Deus e os outros. É a partir do ponto de vista da gratidão e da satisfação que podemos trazer a paz aos relacionamentos, sabendo que temos algo a oferecer, ao invés de ficar na expectativa, aguardando que alguém nos dê aquilo de que pensamos necessitar.

Fiquei surpresa diante do grande ajuste emocional que essa mudança exigia

Uma das maiores batalhas que travei contra a solidão surgiu logo depois que meu filho mais novo aprendeu a dirigir. Meus filhos cresceram com interesses amplos, o que, para uma pessoa que é mãe e viúva, e que os criava sozinha, significava que quando eu não estava trabalhando, ocupava a maior parte do meu tempo em levá-los a reuniões, aulas de música, ensaios e eventos sociais. Estava pronta para deixar de ser a motorista da família, mas fiquei surpresa diante do grande ajuste emocional que essa mudança exigia.

Repentinamente, precisava encontrar algum tipo de companheirismo fora da companhia dos meus próprios filhos. Para mim, foi uma enorme mudança passar longas horas sozinha, à noite, principalmente, nos finais de semana. Sentia-me muito constrangida e confusa, e orei para saber como fazer um melhor uso do meu tempo. Mas, muito frequentemente, a escuridão mental e a ociosidade interferiam em minhas orações.

O momento decisivo veio em uma noite de sexta-feira, enquanto cochilava na sala; um sono estranho que acompanha o tédio. De repente, estava de pé e quase gritando: “Solidão, vá embora!”

Fiquei surpresa com a veemência das minhas palavras, mas sabia que não poderia ficar sentada nem mais uma hora afundada em autopiedade e me sentindo inútil. Em pé, no meio da sala, orei para compreender a autoridade inerente ao meu ser.

Deus, o Espírito, definia o meu ser

Percebi que, ao pensar sobre mim mesma como solitária, eu não estava compreendendo quem eu era. Minha identidade real não era a de uma “mulher sozinha, com o ninho vazio e um calendário social vazio também”. Minha unidade com Deus me colocava em um perfeito e correto relacionamento com cada um dos filhos dEle. O Espírito, Deus, definia o meu ser, não uma localização física. O Espírito divino preenchia cada hora com bondade, propósito e alegria.

Pude constatar que o sentimento de solidão era uma ilusão imposta pelos sentidos físicos. Não era diferente de nenhuma outra atração sensual que direciona o pensamento de forma excessiva para o corpo. Da mesma maneira que minha identidade não depende dos padrões variáveis das condições climáticas, minha felicidade não dependia das alterações das circunstâncias humanas.

Aprendi que o principal a respeito da experiência humana é que ela é um laboratório para se descobrir o quão perfeitamente estamos encaixados na criação de Deus e como nos relacionamos uns com os outros dentro dessa criação.

O firme fundamento da felicidade estava em saber que minha expressão da natureza de Deus era ininterrupta. Da mesma maneira que eu esperava que meus filhos buscassem novos horizontes de pensamento e experiência, eu também precisava cultivar uma expectativa maior a respeito do próximo capítulo de minha vida.

Aquela foi a última vez em que aceitei sentimentos de solidão

Não tenho certeza do que aconteceu depois que saí da sala naquela noite, se liguei para uma amiga ou se saí para fazer uma caminhada, mas aquela noite ainda permanece como a última vez em que aceitei sentimentos de solidão. O sentimento havia se tornado crónico e me entregava a ele facilmente. Depois daquela noite, ele se tornou raro e rapidamente descartado por meio da oração. Eu não era mais enganada por sentimentos hipnóticos que argumentavam contra a plenitude do Amor divino em minha vida.

Logo após aquela cura, uma amiga da igreja e eu estávamos comentando sobre um filme ao qual havíamos assistido separadamente. Ela me perguntou quem estava comigo no cinema. Respondi-lhe que havia encontrado a liberdade de ir ao cinema sozinha.

Ela me repreendeu e disse: “É absurdo você ir ao cinema sozinha. Você tem alguma ideia de quantas pessoas gostariam de sair com você”? Fiquei surpresa com o tom forte que ela usou e compreendi que tinha de trabalhar meu pensamento um pouco mais.

Será que eu realmente concordava com seu ponto de vista, o de que eu poderia ser uma boa companhia? Haveria um sentimento sutil de baixa autoestima que me impedia de acolher outras pessoas em minha vida? Com um senso mais seguro de identidade, firmado nas qualidades espirituais que Deus expressa em mim, não seria natural ver as qualidades de Deus nos outros?

De imediato constatei que precisava de um sentimento maior de hospitalidade em minha casa. Refeições simples se tornaram oportunidades para incluir vizinhos e amigos. Algumas pessoas diziam não aos meus convites, mas isso não me desencorajou. Outras ideias surgiram para incluir pessoas nas caminhadas e nas idas ao cinema. Despertei para uma confiança crescente de que eu podia oferecer um companheirismo que era genuíno e divertido.

Estava sendo preparada para amar de uma forma mais universal

De maneira geral, podia me sentir como se estivesse sendo preparada para amar a humanidade de uma forma mais universal. Logo alguém me pediu para representar minha igreja em um conselho ecuménico local, o que levou a um envolvimento ativo na distribuição de sopa em minha comunidade.

Em seguida, outra amiga na igreja comentou sobre um viúvo que estava com dificuldades de colocar sua vida em ordem. Senti que tinha algo a compartilhar do período de quase uma década desde o falecimento do meu marido. Começamos como amigos e depois tivemos um namoro adorável por quase três meses. Então, ficou claro para ambos que nosso relacionamento devia terminar, pois havíamos dito tudo o que precisávamos dizer um ao outro.

Ao longo dos cinco anos seguintes, houve outras oportunidades de companheirismo e descobri que tinha muito a aprender com pessoas da minha faixa etária, tanto com homens como com mulheres. Tendo descoberto o ritmo e o equilíbrio de ser sozinha e feliz, fiquei surpresa quando conheci um homem notável na igreja, de quem logo me tornei noiva e com quem me casei. Estamos agora aprendendo a compartilhar juntos nosso novo lar com outras pessoas.

O casamento, no entanto, não é a solução para a solidão. Na verdade, há momentos em que pessoas casadas estão tão distantes de seus cônjuges, que precisam lutar contra a solidão, tanto quanto se não fossem casados. Parte do exercício de se manter mentalmente ativo sobre relacionamentos significa cultivar um senso de acolhimento e aprovação, ou seja, valorizar a bondade de cada homem e mulher da criação de Deus. Não é possível praticar essas qualidades a partir do ponto de vista da autoabsorção, do egotismo.

Jesus nos mandou amar a Deus e ao nosso próximo

Aprendi que o principal a respeito da experiência humana é que ela é um laboratório para se descobrir o quão perfeitamente estamos encaixados na criação de Deus e como nos relacionamos uns com os outros dentro dessa criação. Jesus nos legou dois grandes mandamentos: amar a Deus e ao nosso próximo.

A disciplina espiritual na oração e no estudo exige que encontremos a paz de estarmos sozinhos com nossos pensamentos. Essa disciplina tem o efeito colateral natural de nos lançar em relacionamentos construtivos que abençoam, inspiram e curam.

Mary Baker Eddy escreveu sobre a luta para “entrar no perfeito amor de Deus e do homem” e nos encorajou a alcançar este equilíbrio na vida: “O infinito não será enterrado no finito; o pensamento verdadeiro escapa do interior para o exterior, e esta é a única atividade correta, por meio da qual alcançamos nossa natureza mais elevada” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 159).

É poderosamente reconfortante saber que, como filhos de Deus, “o pensamento verdadeiro escapa do interior para o exterior”. A promessa de encontrar nossa libertação espiritual é que estaremos cada vez menos retraídos e conscientes de nós mesmos, e cada vez mais centrados em Deus, de maneira que preservamos nossa paz, bem como nossos relacionamentos com os outros.

Artigo publicado originalmente no Christian Science Sentinel de

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