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Original para a Internet

A inocência espiritual liberta

Da edição de outubro de 2017 dO Arauto da Ciência Cristã

Tradução do original em inglês publicado na edição de 29 de maio de 2017 do Christian Science Sentinel.

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 7 de agosto de 2017.


Nós nem sabemos o nome dela. Tudo o que sabemos sobre essa garota é que os soldados da Síria a capturaram e ela se tornou escrava da esposa do comandante do exército. 

Talvez porque essas histórias sombrias fossem banais naquela época, o relato da Bíblia em 2 Reis, capítulo 5 omite detalhes da captura dessa menina, deixando o leitor curioso. Será que toda a comunidade foi extinta durante a invasão? O que aconteceu com a família? No entanto, possivelmente o escritor desse relato desejava dirigir o leitor à parte mais importante dessa história, um acontecimento excepcional. 

Apesar de ter boas razões para odiar seus sequestradores, a menina demonstrou compaixão para com eles. Ao saber que o comandante Naamã estava sofrendo de lepra, ela ofereceu de bom grado uma informação que o conduziu à cura. Embora se encontrasse em uma sociedade dominada por homens, e fosse jovem em um ambiente cultural que valorizava a sabedoria dos mais velhos, e além de tudo isso fosse uma escrava estrangeira, seu capturador ouviu seu conselho.

Certamente algo impressionou Naamã o bastante para ele se aventurar em território inimigo à procura do profeta que a jovem disse que podia curá-lo. Seriam a inocência e o puro afeto os fatores que o convenceram? A inocência é uma qualidade espiritual muito poderosa, e é inerente ao homem, porque o homem é a semelhança de Deus. A Descobridora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy, faz um paralelo entre isso e a Verdade, nesta afirmação: “A inocência e a Verdade vencem a culpa e o erro” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 568). Ao agir com a inocente certeza de que o poder de Deus cura, a menina trouxe a seu amo estrangeiro transformação de caráter e libertação da doença. 

A história dessa menina não é o único relato bíblico sobre atitudes firmes, do ponto de vista espiritual, tomadas por jovens cativos. O livro de Daniel relata a respeito de um grupo de jovens hebreus capturados quando o rei Nabucodonosor saqueou Jerusalém, e que foram levados para a Babilônia a fim de serem treinados. Tal como ocorreu com aquela menina em Israel, eles também poderiam ter odiado seus sequestradores. Talvez alguns tenham feito isso. Vários deles, contudo, puseram total confiança em Deus e se tornaram membros valorizados na casa real e conselheiros do rei. Novamente, o relato da Bíblia se firma na essência dessa história de como a pura confiança em Deus traz libertação às vítimas da guerra e da opressão.

Podem essas histórias da antiguidade nos ensinar como ajudar os jovens de hoje a superar a violência? Um editorial do The Christian Science Monitor, de 6 de junho de 2016, relata que cerca de 19 milhões de crianças, entre elas 7,5 milhões da Síria, têm sido afetadas pelos atuais conflitos. Muitas tiveram de fugir de casa, foram sequestradas, recrutadas como soldados ou forçadas à escravidão sexual. 

Milhões de outras crianças fora da zona de guerra sofrem abuso por parte dos criminosos, são vendidas como pagamento de dívidas, exploradas por patrões inescrupulosos ou mesmo maltratadas pelos próprios familiares. Alguns especialistas no assunto temem que essas vítimas da violência possam sofrer de permanentes danos psicológicos, e que se tornem adultos perigosos para si mesmos e para os outros. Como cita o editorial do Monitor: “Reabilitar essas crianças requer habilidades e recursos específicos, especialmente se elas foram treinadas para ser violentas”.

Mas, quais habilidades e recursos específicos tinham os jovens das histórias bíblicas? No primeiro milênio a. C. não havia organizações como a UNICEF que oferecesse serviços de reabilitação. Como será que esses jovens faziam?

O primeiro capítulo de Daniel mostra claramente que eles adquiriram coragem porque confiaram em Deus. O relato diz que Daniel e três outros jovens se recusaram a comer as finas iguarias oferecidas por seus capturadores. Os jovens, ao contrário, pediram que lhes fosse servida uma comida simples, somente legumes e água (ver versículos 5 a 20). Com isso eles se fortaleceram tanto física quanto intelectualmente. De fato “... a sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei”. Eles eram superiores “em toda matéria de sabedoria e de inteligência” da todos os outros conselheiros do rei.

A pureza de pensamento que provém da confiança em Deus, e que rejeita a escravidão mental, é natural a cada criança, homem e mulher.

Eles se recusaram a comer as iguarias do rei, ou seja, não se submeteram à escravidão das leis ou condições que não fossem determinadas por Deus. O resultado foi a liberdade espiritual desses jovens. Essa liberdade se estendeu até atingirem a maturidade. Daniel se tornou conselheiro dos reis da Babilônia e da Pérsia, respeitado por sua capacidade de ver além dos limites impostos pela cultura e pelo ensino (ver Daniel 2:1–49 e 5:12–29). Ele se sentia tão livre do senso de submissão a qualquer lei que não fosse a lei de Deus, que foi capaz de passar uma noite na presença de leões sem sofrer nenhum dano (ver Daniel 6:16–22). Seus amigos, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que se recusaram a adorar uma imagem de ouro erigida pelo rei da Babilônia, foram protegidos do fogo em uma fornalha cuja temperatura havia sido elevada ao ponto de poder matar até todos os guardas do rei (ver Daniel 3:8–30). O relato bíblico diz que nem mesmo “cheiro de fogo passara sobre eles”.

A inocência espiritualmente fundamentada e a confiança em Deus são direitos divinos. “Ao discernir os direitos do homem”, a Sra. Eddy escreve: “não podemos deixar de prever o fim de toda a opressão. A escravidão não é a condição legítima do homem. Deus fez livre o homem” (Ciência e Saúde, p. 227). A pureza de pensamento que provém da confiança em Deus, e que rejeita a escravidão mental, é natural a cada criança, homem e mulher. O cativeiro físico e psicológico desaparece diante disso, e a pessoa se livra até mesmo de se lembrar da servidão.

Podemos ajudar a elevar o pensamento, acabar com o trauma causado pela guerra e pelos abusos, e orar para compreender a inocência inata a cada pessoa, isto é, a pura e sagrada natureza que Deus, o Amor divino, dá a todos os Seus filhos. A Ciência Cristã nos ensina que ninguém precisa se sentir escravo do passado. Essa libertação da angústia mental e a restauração da pureza são possíveis às crianças e aos adultos expostos aos conflitos da vida moderna. A ininterrupta lei divina do bem para toda a criação, quando compreendida, pode destruir as crenças da história mortal. Tem também o poder de libertar os indivíduos que passam por ciclos de violência.

O Evangelho de Mateus narra uma ocasião em que as pessoas levaram seus filhos até Jesus, na esperança de que ele os abençoasse (ver Mateus 19:13–15). Seus discípulos tentaram impedir isso. Mas Jesus os repreendeu, dizendo: “Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus”. Será possível estabelecer um paralelo entre o pensamento dos discípulos, que queriam dificultar a aproximação das crianças para receber a bênção de Cristo, e as chamadas leis da psicologia, que negam às crianças a liberdade concedida por Deus, que as livra do sofrimento?

Em outra ocasião, Jesus disse: “...o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17:21). Todos podem compartilhar desse reino, no qual Deus “...lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Apocalipse 21:4). As crenças mortais e o medo não podem impedir os filhos de Deus de compreender e desfrutar de sua inerente liberdade e incorruptibilidade. Tal como mostra o relato do Segundo Livro dos Reis, até mesmo um impassível guerreiro como Naamã pôde se purificar, pôde resgatar sua inocência inata. 

A promessa do Salmo 103:3–5 é tão verdadeira hoje quanto foi durante dois mil anos:

Ele perdoa os pecados — de todos.
Ele cura as enfermidades — de todos.
Ele nos redime do mal — salva nossa vida!
Ele renova nossa mocidade.
(Eugene Peterson, The Message [A Mensagem])

Tradução do original em inglês publicado na edição de 29 de maio de 2017 do Christian Science Sentinel.

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 7 de agosto de 2017.

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