Há muitos anos eu tive um aquário que encerrava um mundo pequeno, porém maravilhoso. A parede de trás era recoberta com papel azul brilhante e havia pedras azuis espalhadas pelo fundo. A água filtrada entrava fazendo alegres borbulhas, enquanto peixes tropicais nadavam ao redor de plantas verdes de plástico e ruínas de um castelo em miniatura.
Entretanto, esse pequeno universo só era belo quando a água estava límpida. Quando a água ficava turva era preciso limpar o aquário. Mas, não bastava trocar a água suja por água limpa e colocar um filtro novo, para que o aquário ficasse limpo. Os detritos orgânicos escondidos entre as pedras tinham de ser removidos para que a água ficasse novamente límpida como cristal.
Aquele processo de limpeza me faz lembrar uma declaração de Mary Baker Eddy, a Descobridora da Ciência Cristã: “É preciso revolver o fundo lamacento do rio, para lhe purificar as águas” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 540). Sem dúvida, o mesmo se dava com meu aquário, e eu ficava pensando em qual seria o significado mais profundo dessas palavras.
Falando de um ponto de vista espiritual, o fundo lamacento do rio poderia representar a mente humana cheia de traços errôneos de caráter, tais como a inveja, o egoísmo ou a ganância. Essas crenças no mal não são nossos próprios pensamentos, mas são os detritos da mente mortal. Se não são removidos, parecem se esconder e se multiplicar em nosso pensamento. Pode ser até que comecemos a aceitar o senso mortal de existência como se fosse natural e normal. Talvez possamos chegar ao ponto de nos sentir satisfeitos apenas com seguir vivendo, mesmo nessa confusão mental. Entretanto, quando questionamos a validade do mal e aceitamos nossa identidade espiritual dada por Deus, então os estados errôneos de pensamento são vistos como imposições desnaturais sobre nossa natureza espiritual, pura e perfeita.
Curiosamente, foi o Facebook que me ajudou a entender isso. Quando participei pela primeira vez, comecei a visualizar todos os status dos demais participantes e, ocasionalmente, eu postava aqueles meus status que eu achava significativos ou divertidos. Mas, quando comecei a sentir inveja do que os outros estavam fazendo, dos locais que frequentavam e, até mesmo, de seus amigos, eu me dei conta de que esses sentimentos me haviam influenciado e eu não os havia combatido. Quando os outros não gostavam dos meus status ou comentavam sobre eles, eu ficava ofendida e me perguntava o porquê disso. O que estava errado com eles? Ou o que estava errado comigo? Navegar no Facebook estava fazendo com que eu me sentisse mal acerca de mim mesma e com inveja dos outros.
Sem dúvida, esse tipo de pensamento precisava ser tratado em minha própria consciência. Decidi reivindicar que o meu bem-estar e o meu valor provinham de Deus, e assim trazer à minha consciência o fato de que Deus estava suprindo o bem e o propósito para todos os Seus filhos. Também comecei sistematicamente a expressar gratidão pelo bem que eu via na tela do computador.
O Amor nutre e valoriza cada uma e todas as ideias na criação espiritual.
Quando assumi a posição firme de aceitar o bem que provém de Deus, senti uma enorme diferença. Logo todo o pensamento anuviado, isto é, o medo de que meus sentimentos, minhas necessidades ou meus desejos não estivessem sendo satisfeitos, se dissipou. Eu consegui “curtir” ou comentar sobre o bem na vida dos outros, compreendendo que esse bem era a evidência do suprimento universal do bem de Deus.
No livro A Cura Cristã, da Sra. Eddy, ela descreve a ação purificadora da compreensão espiritualmente científica: “A Ciência do cristianismo purifica a fonte, a fim de purificar o riacho. Começa pela mente a curar o corpo, assim como começa pelo motivo para corrigir a ação e para julgá-la” (p. 7). O pensamento que está consciente do bem que Deus provê discerne naturalmente o que necessita ser purificado e traz à luz nossa natureza inocente, divina.
Quando as crenças mortais parecem governar o pensamento e a ação, é preciso pôr a descoberto que elas constituem o erro, isto é, o medo, pois o medo é a base do senso material a respeito de tudo. Ao rejeitar pensamentos maus e traços errôneos de caráter, reconhecendo-os como irreais, ficamos livres para acolher no pensamento as verdades espirituais que os neutralizam.
Por exemplo, a inveja é medo de que outras pessoas tenham mais daquilo que é bom, do que nós, medo de sermos deixados de fora ou para trás. Mas o Amor nutre e valoriza cada uma e todas as ideias na criação espiritual. Visto que esse Amor é o Espírito divino, ou seja, é a substância, nós temos tudo o de que necessitamos. Podemos confiantemente dar graças pelo bem que testemunhamos a respeito dos outros, porque esse bem é prova do amor de Deus para com todos. A propensão a sentir inveja desaparece, e no lugar dela surgem a alegria e a gratidão.
Algumas linhas antes de sua afirmação a respeito do fundo lamacento do rio, a Sra. Eddy fala sobre a profecia de Isaías: “[Eu] faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas” (Isaías 45:7). Ela escreve: “... o profeta estava se referindo ao fato de que a lei divina revolve ao máximo a crença no mal, quando a traz à superfície e a reduz ao seu denominador comum, o nada” (Ciência e Saúde, p. 540).
Essa lei da Verdade é a única autoridade no universo e ela aniquila tudo o que não é verdadeiro ou bom. A crença errônea na existência do mal parece turvar nosso estado mental exatamente como a sujeira turva a água. Mas podemos afirmar que a fonte pura da Verdade sobre a realidade espiritual está em ação para revolver nossa consciência, eliminando os conceitos errôneos e revelando que nossa verdadeira identidade é espiritual e perfeita, é amada, amável e digna de ser amada.
Cristo Jesus enfrentou e curou todos os erros de pensamento com sua consciência pura sobre Deus, o bem. Ele ensinou: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mateus 5:8). Um coração purificado dos traços mortais errôneos discerne a Deus como a fonte do bem abundante e vê que todos os filhos de Deus refletem essa abundância.
Tradução do original em inglês publicado na edição de 12 de junho de 2017 do Christian Science Sentinel.
Publicado anteriormente como um original para a Internet em 10 de agosto de 2017.
