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Original para a Internet

Superar o medo

Da edição de outubro de 2017 dO Arauto da Ciência Cristã

Tradução do original em inglês publicado no The Christian Science Monitor em 9 de maio de 2017.

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 31 de agosto de 2017.


Há alguns anos, eu estava uma noite sozinho em casa, em uma sexta-feira chuvosa, e passei os olhos pela estante à procura de um filme para me fazer companhia. Escolhi um dos meus favoritos de todos os tempos, um suspense de Alfred Hitchcock. Quando me sentei para assistir, lembrei-me de quantas vezes já havia assistido àquele filme e, mesmo assim, eu nunca me cansava dele. Apesar de ele ser bastante brando para os padrões cinematográficos de hoje, a primeira vez que a ele assisti, quando garoto, fiquei com tanto medo que não consegui dormir à noite. 

Sei que esse filme de Hitchcock não é o único a causar esse efeito no espectador, na primeira vez. Os cineastas introduzem propositadamente elementos de suspense, expectativa, surpresa, medo, etc., os quais mexem com as nossas emoções, tornando o impacto inicial mais intenso e memorável. Mas, como acontece com muitos filmes, quando uma pessoa já o viu e já conhece seus efeitos especiais, as reviravoltas do roteiro e o final surpreendente, na vez seguinte ela não fica mais com medo, nem ansiosa, ou preocupada, etc., porque o mistério já foi dissipado.

Essa analogia me foi muito útil nos diversos desafios que encontrei na vida. Quem dentre nós nunca enfrentou uma situação que parecia desconhecida, problemática, perturbadora, assustadora ou até mesmo maligna? É raro um dia ou uma semana sem que passemos por algo em que nos vemos incapazes de prever ou controlar o resultado. Nesses casos, sempre há a tentação de reagir como faríamos com um filme novo — com medo, choque, empolgação, ansiedade, estresse, preocupação, desconfiança e assim por diante.

Um amigo, certa vez, descreveu a preocupação como “a forma mais baixa de pensamento”. A preocupação pressupõe uma separação de Deus ou Sua impotência. Ao ficarmos preocupados, abandonamos nossa reivindicação de um universo seguro, ordenado e benéfico, e mergulhamos em um universo de forças caóticas e conflitantes, em que o mal e o bem devem lutar constantemente para determinar qual dos dois vai prevalecer, qualquer que seja a circunstância. É um estado mental desesperado em que nunca estamos tranquilos e que geralmente nos faz sentir responsáveis pelo resultado de uma situação.

Mas não precisamos ficar reféns desses pensamentos. Podemos, isso sim, ter a certeza de que, como a Bíblia nos diz de tantas maneiras, somos feitos e mantidos à imagem de Deus — como o reflexo harmonioso, bom, verdadeiro e confiante de nosso onipresente e onipotente Pai-Mãe e, assim, refletimos toda a estabilidade, certeza e harmonia que Deus inclui. Essa consciência nos permite lidar com as dificuldades da mesma forma como faríamos com um filme já visto.

Já sabemos o resultado e este só pode ser um: o bem! Ao voltarmos nosso pensamento a Deus e colocarmos toda a nossa confiança nEle, discernimos que esse Princípio divino nunca nos desapontará — nunca poderia nos desapontar — e podemos viver nossa vida com a certeza de que todos os desafios, relacionamentos e oportunidades não só se resolverão com harmonia, mas também acabarão por nos abençoar e nos elevar a novas alturas espirituais. Tendo Deus como nosso Diretor, podemos ter a certeza de que a miríade de dramas da vida humana sempre terá a garantia de uma resolução feliz.

Mary Baker Eddy, a Fundadora da Ciência Cristã, escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Quando esperamos pacientemente em Deus e procuramos a Verdade com retidão, Ele direciona nosso caminho” (p. 254). Talvez tenhamos às vezes a impressão de que esperar pacientemente e procurar a Verdade sejam atividades contraditórias, mas se pensarmos na espera como um estado ativo do pensamento, cheio de expectativa, receptividade e alegria, começamos a ver como a nossa busca pela Verdade pode ser preenchida com paciência, expectativa do bem, esperança e certeza.

Vivenciei isso há mais ou menos um ano. A caminho de apanhar meu filho na escola, eu havia parado no Correio para pegar minha correspondência. Passando os olhos pelos envelopes, um da Receita Federal chamou minha atenção. Olhei o conteúdo rapidamente e descobri que, em auditoria feita na minha declaração de 2008, a Receita Federal não havia logrado confirmar várias das deduções que eu lançara naquele ano. A carta seguia dizendo que, se em 30 dias eu não apresentasse a documentação relativa a essas deduções, elas seriam anuladas e viria uma cobrança de impostos e juros retroativos, totalizando mais de 100.000 dólares!

Eu já tinha entregado todo o problema a Deus, em meu pensamento. Fiquei em paz e alerta ao que Deus estava me dizendo para fazer.

Entrei em pânico. Voltei para o carro com a cabeça em um turbilhão de pensamentos. Como pudera cometer tamanho erro na minha declaração? Será que a Receita iria me deixar parcelar essa dívida? Se não, talvez pudesse fazer uma segunda hipoteca sobre minha casa.

Felizmente, os quinze minutos até a escola do meu filho me deram tempo para me acalmar e recompor os pensamentos. Uma das primeiras coisas que me vieram à mente foi a passagem de Jeremias: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (29:11). Percebi que o “fim que desejais” não era necessariamente saber como essa calamidade seria resolvida, mas saber que, se deixasse Deus resolvê-la completamente, eu não precisaria me preocupar, e poderia esperar que o final fosse perfeito e bom.

Quando peguei meu filho, eu já tinha entregado todo o problema a Deus, em meu pensamento. Fiquei em paz e alerta ao que Deus estava me dizendo para fazer. No dia seguinte, fui orientado a ligar para a pessoa que me ajudara a preparar a declaração de 2008. Nos dias seguintes, nós dois conseguimos reunir e enviar toda a documentação necessária. Em poucos meses, recebemos a confirmação da Receita Federal de que estavam satisfeitos com os documentos enviados e de que o caso estava encerrado.

Fiquei grato por esse pequeno exemplo do cuidado e da segurança de Deus, mas o que podemos fazer quando oramos por uma situação que não parece ter uma solução feliz? Talvez um ente querido tenha falecido, nosso cônjuge tenha nos deixado, ou ficássemos sabendo de um grande sofrimento causado por um desastre natural. Apegando-nos às ideias absolutas e imortais de Deus, aprofundamos nossa apreciação da confiabilidade e da imutabilidade do universo que nos inclui. Rompemos a névoa material que cerca aquilo que aparentemente está acontecendo em nosso mundo e percebemos a realidade espiritual que está por trás. Talvez não seja o final que imaginamos, mas se ouvirmos a Deus honesta e abertamente, veremos que Suas soluções são sempre cheias de amor, perfeição e bondade, e isso dissipa nosso pesar e incerteza e naturalmente nos abençoa.

Cada oportunidade de demonstrar que a vida não é um grande mistério, mas sim que Deus está sempre em completo controle de toda situação, é outro passo firme em nosso caminho espiritual e nos habilita a lidar melhor com o próximo desafio. Assim como assistir a um filme pela segunda vez, todo o mistério e incerteza se desvanecem e são substituídos pela alegre expectativa e certeza de que nunca podemos estar separados de Deus, de que estamos sempre em Seus pensamentos e de que podemos confiar de todo o coração em Seu cuidado terno e amoroso.

Tradução do original em inglês publicado no The Christian Science Monitor em 9 de maio de 2017.

Publicado anteriormente como um original para a Internet em 31 de agosto de 2017.

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