Depois de uma recente visita a Londres, fiquei impressionada com a calma e a serenidade das pessoas que lá conheci. Lembrei-me daquele quadro motivacional que se tornou popular nos últimos anos: “Mantenha a calma e siga em frente”, mas que fora criado para elevar a moral dos britânicos durante a Segunda Guerra Mundial.
A bravura e a calma do povo britânico na adversidade ficaram mais uma vez evidentes durante uma série de ataques terroristas ocorridos em Londres. Um parente meu que mora nessa cidade contou-me que reagir com medo aos ataques violentos seria uma vitória para os terroristas. Significaria que eles teriam conseguido modificar o modo de vida do povo britânico. Em vez disso, os moradores de Londres escolheram seguir em frente com calma e, ao mesmo tempo, permanecer alertas e vigilantes.
Todavia, existe algo além do que manter a calma e seguir adiante na vida cotidiana? Como mantemos a calma e ficamos em paz quando confrontamos o medo? No livro de Salmos, lemos: “Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço” (119:165). E Mary Baker Eddy escreveu em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, “O pensamento calmo e elevado, isto é, a percepção espiritual, está em paz” (p. 506).
A compreensão espiritual fica mais aguçada à medida que compreendemos a Deus e Sua lei. A lei de Deus é a lei universal da harmonia, que elimina tudo aquilo que é dessemelhante de Deus, o bem. Jesus referiu-se a essa lei quando disse: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (Mateus 5:17). Durante todo o seu ministério, ele provou o poder da confiança paciente e tranquila na lei de Deus.
Por exemplo, lemos no livro de Mateus um relato a respeito de Jesus e seus discípulos, viajando em um barco que havia sido apanhado por uma turbulenta tempestade (ver 8:23–27). Os discípulos despertaram Jesus, pois estavam aterrorizados e desesperados, pedindo sua ajuda. Jesus acordou sem medo e enfrentou a tempestade com calma determinação. Ele compreendia que a lei de Deus estava sempre presente e em constante ação. Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tímidos, homens de pequena fé?” O relato continua: “E, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande bonança”. Jesus provou aos discípulos que o medo que eles estavam sentindo não tinha fundamento. A segurança proporcionada por Deus estava com eles onde quer que estivessem.
A eterna presença de Deus e o cuidado que Ele tem para conosco ajudam-nos a encontrar a calma e a paz espiritual dentro de nós mesmos. Tive uma demonstração disso em minha vida, durante um voo que atravessava o Atlântico.
Todas as pessoas, em todos os lugares, podem sentir o amor de Deus.
Eu adormecera e fui despertada por vozes altas e raivosas. Do outro lado do avião, um jovem estava gritando com uma mulher que estava sentada perto dele. Uma comissária de bordo trocou a mulher de lugar e disse ao rapaz: “Se você não se acalmar, teremos de mudar a direção do avião e retornar ao aeroporto”.
Meu pensamento voltou-se naturalmente à oração e afirmei que havia apenas a presença do Amor divino. Ciência e Saúde diz: “A profundidade, a largura, a altura, a força, a majestade e a glória do Amor infinito enchem todo o espaço” (p. 520). O Amor divino estava presente para satisfazer à necessidade de todas as pessoas. E como é que o Amor infinito poderia não ser suficiente? O homem furioso poderia ser acalmado pelo amor de Deus, a mulher com quem ele discutia poderia ser consolada por esse mesmo amor e os comissários de bordo poderiam ser fortalecidos também por esse amor.
Ao olhar ao redor, vi medo no rosto dos meus companheiros de viagem. Mas continuei a orar. Éramos — e somos — filhos de Deus. O homem é feito à imagem e semelhança de Deus, portanto, o homem (todos nós) inclui todas as qualidades de Deus. O homem nunca está separado dessas qualidades espirituais eternas. O homem da criação de Deus reflete para sempre a força, o domínio, a paz, a calma e a coragem espiritual. Não só expressamos essas qualidades, como também temos nós todos a habilidade inata de sentir a lei do amor de Deus, garantindo-nos Sua onipresença e onipotência. Todas as pessoas, em todos os lugares, podem sentir o amor de Deus, não importa qual seja a manifestação do mal ou do ódio que pareça estar presente. O amor de Deus é suficiente!
Olhei para o homem e senti grande compaixão. Tive gratidão por sua natureza espiritual, reconheci que ele podia sentir o amor de Deus, da mesma forma que eu estava sentindo.
Então, a comissária de bordo caminhou em minha direção e entregou-me o jornal do homem. Ela disse: “Aceite, por favor. Ele quer que você fique com o jornal. Se você aceitar, vai ajudar a acalmá-lo”. Fiquei surpresa por ele ter me notado. Talvez tenha me visto sorrir para ele. Agradeci à comissária, acenei com a cabeça, sorri para o homem e peguei o jornal. Em seguida, o voo retomou o senso de paz e seguimos nossa viagem.
As palavras do Salmista nos trazem a garantia: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações” (Salmos 46:1). Podemos manter a calma em meio à raiva, ódio ou medo, quando sabemos que Deus é uma ajuda onipotente e sempre presente, uma lei da harmonia que apaga toda a discórdia humana. Portanto, mantenha a calma espiritual e siga em frente com alegria!
    