Há alguns anos, eu me afastei da Ciência Cristã depois de perder duas pessoas queridas que eram Cientistas Cristãos de longa data. Aquilo me arrasou de tal forma que eu não queria mais saber da Ciência Cristã. Pus de lado a Bíblia e o livro-texto da Ciência Cristã (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy) e me fechei mentalmente. Fiquei agressiva no relacionamento com a família e com outras pessoas, sentindo-me presa a um senso de desespero, pesar, injustiça e ressentimento.
Quando comecei a sentir fortes dores nos dois pés, depois nos tornozelos, nas pernas e nas mãos, procurei ajuda na medicina. O diagnóstico foi de uma grave artrite degenerativa. Disseram-me que somente comprimidos anti-inflamatórios e analgésicos ajudariam, embora temporariamente, pois dentro de dois anos eu provavelmente estaria em uma cadeira de rodas. Meus pés ficaram tão deformados que eu não podia mais usar calçados normais e, seguindo o conselho que me deram, consultei um ortopedista a fim de conseguir calçados ortopédicos adequados ao meu caso. Após ter feito um molde de gesso de meus pés, o ortopedista disse que as radiografias não pareciam nada boas, e seu comentário foi muito negativo quanto ao futuro.
Naquele dia, cheguei ao fundo do poço e não tinha alternativa a não ser olhar para cima. Duvidava que o Deus no qual eu ainda acreditava realmente Se importasse comigo, mas dei-me conta de que não tinha alternativa a não ser voltar-me para Deus. Em algum ponto, no mais profundo dos meus pensamentos, eu me lembrava de como era sentir-se amada por Deus e fiz um enorme esforço para calar o medo. Então, fiquei na escuta, realmente me dispus a escutar, pela primeira vez em muitos anos. Liguei para um Praticista da Ciência Cristã e contei-lhe o meu conflito; jamais esquecerei o que ele me disse: “Querida, você é a filha amada de Deus e nunca deixou de ser!”
Passo a passo, comecei a sentir que isso era verdade e podia confiar em Deus como meu único médico. Eu me lembro de uma determinada noite difícil, em que a dor parecia insuportável. Novamente peguei a Bíblia e o livro Ciência e Saúde, onde eu li o seguinte: “Cidadãos do mundo, aceitai a ‘gloriosa liberdade dos filhos de Deus’, e sede livres! Esse é vosso direito divino. Foi a ilusão do senso material, não a lei divina, que vos atou, que amarrou vossos membros livres, mutilou vossas capacidades, debilitou vosso corpo e desfigurou o quadro da vossa existência” (p. 227). Parecia que isso tinha sido escrito exatamente para mim! Eu me senti completamente a salvo, maravilhada com a descoberta de que não estava só, de que eu nunca estivera só.
A dor se dissipou. Eu me apeguei ao fato de que nada poderia desfigurar “o quadro da [minha] existência” porque o existir é espiritual, o verdadeiro reflexo do nosso Pai, intocado pelo senso material. Para o senso espiritual, eu já estava livre!
Durante os meses seguintes, eu li e estudei diariamente as Lições Bíblicas da Ciência Cristã. Também fui inspirada a ler o Manual da Igreja de capa a capa e comecei a ler Ciência e Saúde desde o começo. No início, eu não conseguia passar de alguns capítulos do livro, sem sentir uma forte resistência às ideias apresentadas, a qual parecia se manifestar fisicamente; a certa altura tive uma cegueira temporária. O Praticista da Ciência Cristã pacientemente explicou que isso era simplesmente o resultado da “quimicalização”, que o livro define como “o processo pelo qual passam a mente mortal e o corpo mortal na mudança da crença de uma base material para uma base espiritual” (pp. 168–169). Mais adiante, o livro explica que esse processo se dá “como quando um álcali destrói um ácido” e nos assegura: “Essa fermentação não deveria agravar a doença, mas deveria ser tão indolor para o homem quanto para um líquido, visto que a matéria não tem sensação e só a mente mortal sente e vê materialmente” (p. 401).
Percebi que essa mudança de base estava me transformando, como em um processo de renovação, conduzindo-me a uma integridade espiritual e física. Depois de ler pela quarta vez Ciência e Saúde, a inquietação mental e física cessou e eu consegui prosseguir serenamente. Aquela resistência se desvaneceu. Então, eu me senti impelida a ler a Bíblia de capa a capa. Encontrei no Evangelho de João amor e conforto, principalmente nos capítulos de 15 a 17, onde, pouco antes de sua prisão e crucificação, Jesus fala demoradamente aos seus discípulos, dizendo-lhes que precisava deixá-los, mas assegurando-lhes que ele lhes enviaria “o Consolador”, o Confortador (João 16:7). Quanto amor ele tinha por seus discípulos! Também li de capa a capa o livro Prose Works (uma compilação de outros escritos da Sra. Eddy) e me dei conta de que, ao ler, meus pensamentos se detinham mais no “eu real”, ou seja, na ideia do Amor divino, criada perfeita pelo Amor, completa, sempre elevada, não deprimida.
Em pouco tempo, caminhar ficou mais fácil, a dor foi se atenuando e eu não estava mais tomando remédios. Meu remédio era “...a Mente, a Verdade divina que liberta o homem” (Ciência e Saúde, p. 453). Pedi para ser admitida no Curso Primário da Ciência Cristã e fui aceita. Eu me regozijei com todas as verdades espirituais que aprendi nesse curso e que nos capacitam a curar.
Quando voltei para casa, depois do curso, constatei que nenhum dos meus sapatos me serviam! Parecia que eu tinha diminuído um número no tamanho do calçado. Peguei o molde de gesso que ainda estava no armário e tentei ajustar meu pé ao molde. O molde também já não correspondia a meus pés. Aliás, procurei o meu nome dentro do molde, porque até parecia que ele tinha sido feito para outra pessoa. Desnecessário é dizer que fiquei radiante! Agora, quando eu vou a uma loja de calçados, experimento todos os pares de sapatos, para desânimo dos vendedores, simplesmente pela alegria de caber em todos eles.
O progresso espiritual continuou quando me filiei a uma igreja local da Ciência Cristã, onde hoje ajudo a conduzir os cultos como Segunda Leitora, o que tem sido uma bênção. Embora essa cura não tenha sido instantânea, ficou demonstrado que podemos superar qualquer problema com a oração persistente, reconhecendo que a doença e a desarmonia não são sustentadas pelo Princípio divino, pela lei divina, por isso não podem durar.
Desde essa cura, consigo ajudar os outros com a compreensão espiritual que venho alcançando e também fui abençoada com outras curas, tais como: alergias, fraturas, pressão alta e outras. Tenho verdadeiramente vivenciado o terno e amoroso cuidado de Deus. “Pois livraste da morte a minha alma, das lágrimas, os meus olhos, da queda, os meus pés” (Salmos 116:8).
Martine Blackler
Uvongo, KwaZulu-Natal, África do Sul
