“Você não vai poder ir para a faculdade — não é inteligente o bastante para o trabalho acadêmico — portanto, aprenda datilografia ou escrituração, e poderá ter um emprego até se casar e ter filhos.” Foi isso que o orientador pedagógico do ensino médio me disse. Minhas notas eram baixas, com exceção de história, dança e teatro, e nenhuma dessas matérias poderia me proporcionar um emprego, segundo a opinião dele.
Saí da sala dele sentindo-me desmotivada e inútil. Eu queria ir para a faculdade e estudar muitas matérias novas. Quando contei para minha mãe o que ele havia dito, ela disse que nós não poderíamos pagar uma faculdade, de qualquer forma. Mas uma Praticista da Ciência Cristã, a quem eu ligara anteriormente, pedindo ajuda com outros desafios, me encorajou a depender de Deus para receber orientação.
Eu havia frequentado a Escola Dominical da Ciência Cristã a vida toda, e estava aprendendo que há uma única Mente, Deus, e que nós expressamos a inteligência dessa Mente divina que tudo sabe. Em um dos livros de Mary Baker Eddy, Retrospecção e Introspecção, encontrei uma afirmação que diz: “Cada um tem de ocupar seu próprio nicho no tempo e na eternidade” (p. 70). Bem, pensei, será que eu era assim tão burra que não conseguiria ocupar o nicho que Deus me indicava? Isso não fazia sentido para mim, então decidi confiar em Deus, sabendo que o resultado só poderia ser bom, como Deus é.
À medida que orava em busca de orientação, senti-me guiada a seguir em frente com meus estudos. Levou algum tempo, mas consegui ganhar o suficiente e pagar diversos cursos na universidade. O mais importante, contudo, foi meu aprendizado constante quanto a confiar em Deus, a Mente divina, o Princípio infinito, para guiar meu caminho. Quando chegava a época de provas ou se alguma matéria em particular se tornava difícil para mim, eu orava com as ideias da Bíblia e dos escritos da Sra. Eddy, e o medo se dissipava. Cresci espiritualmente também ao participar das organizações da Ciência Cristã na universidade, inclusive conduzindo reuniões inspirativas e, aliás, ajudei a fundar uma dessas organizações em uma das faculdades que cursei.
Mas, apesar de tudo isso, uma sensação de inutilidade, de baixa autoestima, continuava a me perturbar. Havia, ainda, o arrependimento por erros cometidos no passado e o desejo incômodo de poder refazer muitas coisas em minha vida.
Muitas ideias maravilhosas me deram alívio, à medida que eu crescia na compreensão do bem divino.
Através dos anos, eu continuava a orar a respeito desses sentimentos e muitas ideias maravilhosas elevaram meu pensamento, à medida que eu crescia na minha compreensão do bem divino e da minha identidade espiritual, como expressão de Deus e em união com Ele. Há um relato na Bíblia sobre Cristo Jesus sendo tentado pelo diabo (ver Mateus 4:1–11) — isto é, pela crença de que exista um poder além de Deus. Foi confortador perceber que o diabo não pôde obrigar Jesus a fazer nada, podia apenas sugerir.
Cada um de nós tem a capacidade de ver essas sugestões pelo que elas de fato são, e não ceder a elas. Percebi que o trio “teria feito”, “poderia ter feito”, “deveria ter feito” vinha da mente mortal — a falsificação da Mente divina — portanto, não fazia verdadeiramente parte de mim. Orar com essas ideias trazia um senso de paz.
Certo dia, porém, deparei-me com a sugestão de que talvez eu devesse simplesmente ficar quietinha em um canto, porque eu não valia nada. Naquela noite, acordei diversas vezes com antigas lembranças me assombrando, de tristeza e de erros cometidos. Cada vez que acordava, tentava orar, mas não sentia conforto algum. Pela manhã, estudei a Lição Bíblica semanal do Livrete Trimestral da Ciência Cristã,como normalmente faço. O tema da semana era “A Vida” e eu sinceramente tentei ver o senso mais elevado do que significava expressar a Deus, expressar a Vida.
Por fim, simplesmente me voltei a Deus e disse: “Ajude-me! Dê-me uma ideia, uma mensagem de cura”. De repente, veio-me um pensamento com clareza, como se tivesse sido dito para mim: “Seu verdadeiro DNA é sua aptidão divinamente natural, que vem diretamente de Deus e na qual não pode haver erros nem ações tolas. Você não pode ser inútil porque foi designada como expressão de Deus, e Deus não falha”.
Refleti que, se eu tivesse dito que 4 + 4 = 9 quando era criança, ainda aprendendo a somar, eu não teria passado décadas me condenando por esse erro. Teria aprendido com esse erro de adição, teria corrigido e seguido em frente. Pode parecer um exemplo simples, mas é aplicável a erros mais graves. Somos sempre a expressão perfeita de Deus, e os erros nunca fazem parte dessa verdadeira identidade. Esse fato espiritual é uma base sólida para mudar o curso humano de nossa vida, quando necessário, e encontrar a paz.
De repente, senti-me livre do peso do passado e continuo sentindo-me livre. Lemos na Bíblia: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor ... assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei” (Isaías 55:8, 11). Cada um de nós é uma expressão única e completa de Deus, valiosa e capaz.
Em carta a uma filial da Igreja de Cristo, Cientista, na cidade de Nova York, incluída no livro The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira igreja de Cristo, Cientista, eVários Escritos], a Sra. Eddy resume a importância e o valor de cada um de nós: “Como porção ativa de um todo estupendo, o bem identifica o homem com o bem universal. Assim, possa cada membro desta igreja elevar-se acima da tão repetida pergunta: ‘Quem sou eu?’ e chegar à resposta científica: ‘sou capaz de transmitir verdade, saúde e felicidade, e essa é a minha rocha de salvação e a razão da minha existência’ ” (p. 165). Sou muito grata pelo crescimento contínuo na Ciência Cristã, que nos habilita a conhecer e vivenciar nossa verdadeira natureza espiritual — identidade essa que carrega consigo um valor infinito, aqui e agora.
