Quando eu me formei na faculdade, parecia que tudo o que eu conhecera antes foi completamente desarraigado. Terminou a rotina diária organizada que eu tinha. Fui morar em outra cidade, comecei um novo emprego e mudaram muitos relacionamentos importantes na minha vida. Desejei desesperadamente que nada disso tivesse acontecido. Embora eu dissesse a mim mesma que era um progresso natural e inevitável de “já ser adulta”, parecia impossível me sentir tão feliz como me sentira nos meses anteriores, cursando a faculdade.
Como Cientista Cristã, eu sabia que podia orar para enfrentar qualquer desafio em minha vida e isso incluía sentimentos de infelicidade e melancolia. Mas, embora eu reafirmasse para mim mesma que podia confiar no fato de que Deus estava presente durante todas essas mudanças, isso não me dava o impulso espiritual de que eu precisava.
Nessa época, muitas vezes eu corria pela praia. Gostava muito da oportunidade de apreciar os belos arredores costeiros, desanuviar meus pensamentos e pensar em Deus. Mas, um dia enquanto eu estava correndo, ao invés de me sentir inspirada, eu estava com saudades desesperadas do passado. Senti pena de mim mesma por ter de passar por uma mudança tão grande e desejei intensamente que tudo tivesse ficado como era antes.
Quando alcancei o fim da praia, eu me virei para correr de volta e vi as marcas do meu tênis na areia macia. “Que legal”, pensei. “E se ao correr de volta, eu pisasse em cada pegada anterior?” Ia ser algo bem divertido.
Para minha surpresa, constatei que fazer isso era incrivelmente difícil. Eu mal conseguia correr e tentar pisar exatamente nas pegadas da primeira corrida! Corri desajeitadamente, meus movimentos eram desiguais e eu não tinha liberdade. Essa corrida não foi nada agradável e livre, mas lenta e difícil.
Nesse momento eu entendi: era exatamente isso o que estava acontecendo na minha vida. Em vez de seguir um novo caminho, eu estava tentando “correr” cada dia nos “rastros” do passado.
Como cresci frequentando a Escola Dominical da Ciência Cristã e lendo regularmente a Lição Bíblica semanal, do Livrete Trimestral da Ciência Cristã, eu conhecia várias passagens da Bíblia e do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy. Nesse momento, uma passagem do Evangelho de Mateus pipocou nos meus pensamentos. É esta, quando Jesus diz: “Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam” (Mateus 9:17).
Não era de surpreender que tudo parecesse desafiador e desagradável! Eu estava desesperadamente tentando “pôr vinho novo em odres velhos”. Em vez disso, eu tinha de estar disposta a deixar novas pegadas, ou seja, encontrar um caminho novo e dar as boas-vindas às experiências que eu ainda não conhecia. Pude ver como fazer isso, em vez de limitar minha felicidade. Seguir por essa nova e mais expansiva perspectiva de vida realmente me traria mais alegria.
Essa conexão entre o que Jesus disse e a minha experiência fez com que eu deixasse para trás o constante desejo de viver o passado, porque me fez pensar no eterno plano do bem de Deus para cada um de nós. Eu sabia que Deus estava desdobrando novos capítulos na minha vida, plenos de prosperidade, harmonia e felicidade. Era isso o que Ele fizera até esse momento, não era? E, eu sabia que, se Deus é o Princípio, firme, confiável, imutável, Ele não iria de repente deixar de ser tudo isso. Não havia nada, inclusive o fato de eu me haver formado, que pudesse jamais me excluir do bem de Deus, pois esse bem divino é tão constante quanto Deus. A única coisa que estava me impedindo de desfrutar todos os benefícios das eternas bênçãos de Deus e Seu infinito amor era a relutância em aceitar tudo o que Ele estava me mostrando.
Logo parei com aquela brincadeira de correr sobre minhas próprias pegadas na praia, e comecei a rir, diante dessa perfeita inspiração espiritual. Tinha chegado a hora de dar as boas-vindas à renovação, ao invés de resistir a ela. Ao começar a fazer isso, constatei um maior propósito e satisfação no meu novo emprego. Consegui me conectar com meus antigos amigos, mesmo à distância, e também comecei a fazer novas amizades. Aquela tristeza que eu vinha sentindo desapareceu completamente. Como sempre, a maior bênção durante esse período foi o crescimento espiritual que resultou dessa melhor compreensão do ininterrupto amor de Deus por mim. Eu não ansiei mais pelo passado, e o mais importante foi que reconheci que todo o bem de ontem, hoje e amanhã está inteiramente preservado.
Desde que tive essa cura, tenho vivenciado mais modificações em minha vida, isto é, me mudei novamente, arranjei um novo emprego e estabeleci novos relacionamentos. Além disso, com cada passo adiante, tenho lembrado como é importante enfrentar a renovação sem medo e com alegre expectativa, pois podemos fazer isso ao reconhecer a continuidade do bem de Deus.
