Não sou um adolescente perfeito que é Cientista Cristão. Talvez não exista algo assim. Mas, só sei que sempre precisei de um empurrão a mais para me aprofundar no que realmente significa a Ciência Cristã.
Eu faço parte de um programa para jovens Cientistas Cristãos, e isso me ajuda a me motivar a ser mais ativo quanto a pôr em prática a Ciência Cristã, ao invés de apenas ficar “deslizando” na superfície, isto é, de só frequentar a Escola Dominical, mas realmente sem aplicar muito o que aprendo. Uma das principais coisas que esse programa me deu foi integridade. Quando estou participando de suas atividades, sinto que posso deixar de lado a “falsa personagem” que às vezes assumo quando estou em casa e simplesmente ser eu mesmo, o verdadeiro eu, que expressa o que Deus é. Eu também me sinto fortalecido pelos outros que participam desse programa, que estão sempre me apoiando para que eu me veja de um modo espiritual e seja fiel a essa identidade.
Em 2016, estava programado que eu viajasse para a Guatemala com o meu grupo. Na ocasião em que se aproximava nossa partida, aumentou a diferença entre “o eu de casa” e “o eu do grupo”. Comecei a fazer coisas que eram extremamente impróprias.
Quando me lembro dessa época, nem eu mesmo me reconheço. Eu abusava de drogas, mentia para os meus pais e manipulava as garotas. Estava sem controle, ansioso pela atenção dos outros e pela excitação que esse tipo de vida parecia oferecer. Em algum ponto eu me dei conta de que me havia desviado muito de quem eu realmente era. Mas minha vida social era um êxito retumbante, e eu estava viciado com essa vida.
Entretanto, quando cheguei à Guatemala, logo me lembrei da sensação maravilhosa de ser gentil, moral e pensar em Deus. Durante as duas semanas de um trabalho transformador de prestar serviços, com debates esclarecedores sobre a Ciência Cristã, e sentindo um amor incondicional que vinha de meus colegas e dos líderes do grupo, esqueci completamente do desejo de fazer aquelas coisas que pareciam tão inebriantes.
Após uma conversa profundamente inspiradora com alguns dos meus amigos, eu estava decidido a voltar para casa como uma pessoa diferente. Eu me senti confortado e fortalecido com esta ideia do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de Mary Baker Eddy: “A Verdade faz uma nova criatura, na qual as coisas antigas passam; ‘eis que se fizeram novas’. As emoções descontroladas, o amor ao ego, os vícios, o ódio, o medo, toda a sensualidade cedem à espiritualidade, e a superabundância do existir está do lado de Deus, o bem” (p. 201). Em vez de sentir perda, percebi que, se eu abandonasse aquelas coisas que só serviam para minha satisfação pessoal e que me afastavam de Deus, realmente o bem se manifestaria em maior escala na minha vida.
Eu me convenci de que deixaria para trás todas aquelas coisas ruins e seguiria em frente desfrutando da luz de Deus. Até que ponto eu realmente conseguiria fazer isso, nunca vou saber, pois certa noite, no final da nossa estadia na Guatemala, os líderes do grupo me abordaram e me perguntaram se eu havia consumido drogas e álcool, o que era contra as regras do programa. Fiquei com medo das consequências e, portanto, menti, e disse que somente tinha feito isso uma vez. Naquela noite não dormi nada. Eu conhecia as regras; provavelmente seria expulso do programa e seria mandado para casa mais cedo. Estava mais assustado do que nunca. Eu me senti sem saída, porque dessa vez, além de tudo, menti, mas é que eu não sabia o que fazer.
Sou muito grato pelo cuidado de Deus por mim durante toda essa situação, porque todos pareciam entender que me expulsar do programa não ajudaria a resolver o problema. Eu precisava desse programa e, mais do que nunca, do apoio espiritual que ele oferecia. No dia seguinte, os líderes do grupo me disseram que eu teria de falar com meus pais e começar a atualizá-los semanalmente sobre o que estava ocorrendo. Fiquei imensamente grato, mas minha verdadeira jornada não tinha nem sequer começado. Eu também havia mentido a eles sobre a extensão de minha participação nas coisas erradas e essa mentira me dilacerava por dentro. O amor que eles demonstravam por mim só servia para triplicar meu sentimento de culpa.
Quando cheguei em casa de volta da viagem, contei tudo aos meus pais, inclusive o fato de ter mentido aos líderes do grupo. A vulnerabilidade era assustadora, mas ao olhar para o que havia acontecido, consigo entender como minha disposição de fazer isso foi a parte mais importante da cura. Tudo isso era muito difícil, e só posso descrever minha capacidade de finalmente falar a verdade como algo que me veio diretamente de Deus. Foi o poder da Verdade divina em ação.
Em vez de me condenarem, meus pais me perdoaram e me apoiaram, ao compreender que minha identidade real dada por Deus era inteiramente separada de todo esse mau comportamento, e havia permanecido intacta. Então, liguei para os líderes do nosso grupo e confessei toda a verdade. Embora isso tenha sido difícil para mim, não quero nem imaginar o quanto foi desagradável, para eles, ouvir que eu lhes havia mentido. Mesmo assim, eles também continuaram a me querer bem e a me ver como realmente sou.
Eu tinha finalmente confessado a verdade, mesmo à custa de perder a confiança que os adultos mais importantes na minha vida tinham em mim. E haveria um longo caminho para recuperar essa confiança. Mas, toda atração por aquelas coisas erradas havia desaparecido, porque a essa altura eu desejava algo diferente. Desejava me conhecer como Deus me conhece e viver e agir de acordo com isso. O amor que eu sentia apagou completamente toda aquela tendência de apego ao ego e ao comportamento imoral, e eu queria saber mais sobre a fonte desse amor, o Amor divino, e como eu poderia compartilhá-lo com os outros. O poder de amar e viver com integridade, de acordo com a Verdade, parecia cada vez mais surpreendente do que qualquer das “sensações” que eu havia tido durante meu estilo de vida anterior.
Isso tudo aconteceu há mais de um ano e posso dizer com muita gratidão que recuperei a confiança que outros tinham em mim. Há mais de um ano não frequento mais aqueles ambientes em que prevalecem a imoralidade, o engano e a manipulação. E me sinto cada vez mais motivado a me dedicar à Ciência Cristã. O melhor de tudo é que não senti mais atração por nada, a não ser viver de acordo com o meu verdadeiro eu. Ao continuar a crescer em minha compreensão de Deus, a cada dia fica um pouco mais claro aquilo que realmente sou. E agora sei que isso é tudo o que eu quero.