Ao me despedir de um amigo outro dia, ele me disse: “Cuide-se”. Eu sei que ele desejava o melhor para mim. Sorriu ternamente quando respondi: “Sim, sempre estou bem”.
O que motivou a minha resposta? Apenas um otimismo esperançoso? Não. Foi uma afirmação da realidade espiritual, de que o bem é inevitável. Essa afirmação pode ser chamada de fé.
Quando você ouve a palavra fé, o que lhe vem à mente? Talvez palavras como confiança, convicção, certeza, expectativa.
Meu estudo e prática da Ciência Cristã mostraram-me que o reconhecimento fiel do bem é muito mais do que a mera esperança humana de que tudo vai estar bem. Significa um reconhecimento de que Deus é totalmente bom e expressa Sua bondade continuamente, sem interrupção, em cada um de nós, como Seu filho espiritual, Sua reflexão.
A fé nessa verdade quanto ao existir nos proporciona refúgio em momentos de desafios. O tipo de fé sobre o qual estou falando não ignora as dificuldades, nem nos torna cegos àquilo que nos rodeia. Pelo contrário, a fé proporciona visão clara, a oportunidade de perceber a realidade do existir — não nos fechando os olhos, mas abrindo-os para o bem permanente e universal de Deus.
Gosto de pensar nessa fé como evidência da presença do Amor divino, sempre nos envolvendo e nos mantendo perfeitamente, no nosso lugar certo, revelando-nos a bondade e o amor de Deus, que está sempre se desdobrando de maneira infinita. Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy descreve a fé desta maneira: “A fé é mais elevada e mais espiritual do que a crença. É o pensamento humano em estado de crisálida, no qual a evidência espiritual, que contradiz o testemunho do senso material, começa a aparecer, e a Verdade, sempre presente, vai sendo compreendida” (p. 297).
O estado de crisálida é uma fase protegida de desenvolvimento, na qual uma lagarta faz a transição, ou metamorfose, para se tornar uma borboleta. Durante esse período, a lagarta não conseguiria permanecer agarrada com suas pequenas pernas a um ramo pendente de alguma árvore, pois ficaria totalmente exposta às condições atmosféricas. A lagarta produz então em torno de si mesma um casulo sedoso. E ali, protegida dos elementos externos, suas asas — que depois irão impulsionar a borboleta a voar — se desenvolvem pacificamente dentro do seu próprio invólucro.
Mesmo nas situações mais ameaçadoras, podemos contar com a garantia do Amor divino, Deus, em quem não existem condições inclementes ou tempestuosas, de medo ou perigo.
Que maravilha pensar na fé como um lugar de refúgio protegido dessa maneira, permitindo-nos alcançar, dentro de nós mesmos, uma compreensão espiritual maior, enquanto oramos para elevar nosso pensamento. Dessa forma, alcançamos também uma compreensão maior da onipotência e onipresença de Deus. Mesmo nas situações mais ameaçadoras, podemos contar com a garantia do Amor divino, Deus, em quem não existem condições inclementes ou tempestuosas, de medo ou perigo. Assim, podemos calmamente tornar nossos pensamentos mais esclarecidos e mais conscientes de que Deus, o bem, é tudo. Assim nos fortalecemos para enfrentar o mal, em espírito de oração, e confiar fielmente no bem inabalável do nosso Pai-Mãe Deus.
A Bíblia relata muitas vitórias do bem sobre o mal, como também exemplos das vitórias sobre o medo, obtidas por meio da confiança em Deus, da fé de que o bem estava sempre ao alcance, era sempre suficiente. Fala de homens que saíram incólumes de uma fornalha ardente, de uma pessoa que se sentou pacificamente com leões famintos, e de outros que derrotaram exércitos aterrorizantes, confiando e dando provas de que estavam protegidos pela presença divina.
Hoje, o mesmo bem, a mesma sabedoria, a inteligência e o Amor, que são divinos, nos capacitam a vencer as ameaças de qualquer espécie e a enfrentar o medo de não sabermos o suficiente, ou não compreendermos o suficiente, ou não termos fé suficiente. O raciocínio humano, cuja base é o medo, nunca se origina em Deus, a Verdade divina. Mas quando abandonamos a confiança nos sentidos materiais e a trocamos pela fé no senso espiritual, começamos a ver como o Amor divino satisfaz a todas as nossas necessidades.
A Ciência Cristã ensina que em realidade ninguém pode jamais estar separado do bem e do amor de Deus, porque Deus realmente expressa o Seu bem e o Seu amor em cada um de nós. Portanto, mesmo quando não podemos ver provas de que o bem-estar está ali mesmo ao nosso alcance, não é porque Deus esteja ausente. O que falta é termos plena consciência da Sua presença infinita. “Bendito é quem perceber / Por fé, por intuição, / Que Deus é invisível ser, / Presente em toda ação”, conforme nos diz um hino (Frederick W. Faber, Hinário da Ciência Cristã, 86, trad. © CSBD).
Meu marido e eu passamos por uma experiência, há alguns anos, que nos levou a nos apoiar fielmente na eterna presença de Deus. Nós havíamos ido de avião, de uma grande cidade no Canadá a uma grande cidade nos Estados Unidos — viagem de negócios para ele. Na ocasião, não havia restrições nem quarentenas implantadas pelos governos. Meu marido e eu estávamos muito bem de saúde. Mas quando ele chegou ao escritório do cliente, houve uma preocupação óbvia com sua presença, pois as notícias nos meios de comunicação estavam falando sobre uma doença descrita como contagiosa, oriunda de uma instituição localizada em nossa cidade no Canadá. A presença do meu marido suscitou muitos comentários relacionados à saúde e, a certa altura, uma simples tosse para limpar a garganta fez parar abruptamente uma reunião importante.
No dia seguinte, meu marido de repente começou a passar mal no trabalho.
Como orar, quando pensamentos de medo nos oprimem? Achei que seria uma grande ajuda começar com um desejo sincero de sentir a proximidade de Deus por meio de um senso espiritual, intuitivo, uma convicção interior de Sua presença. Em seguida, em espírito de oração, mantivemos o pensamento firme no fato de que Deus é Tudo, e Seu amor por nós, por Sua própria expressão espiritual, está sempre presente. Ficamos também atentos para ouvir a orientação de Deus e acalentar e nutrir nossa fé nessa orientação. Foi dessa maneira que entramos naquele estado de abrigo do tipo crisálida, mencionado acima.
É maravilhoso quando a presença do Amor divino é tão tangível, que logo encontramos a cura. Mas por vezes, é necessário persistir com afinco em nossas orações, a fim de obedecer a este conselho: “Trabalhai — trabalhai — trabalhai — vigiai e orai” (Mary Baker Eddy, Message to The Mother Church for 1900 [Mensagem À Igreja Mãe para 1900], p. 2).
Era essa compreensão espiritual, essa consciência da presença do Amor e do bem inabalável da Verdade, essa convicção, sólida como uma rocha, do poder da presença de Deus e da presença do poder de Deus, que eu procurava naquela ocasião em que meu marido adoeceu.
O Salmo 91, uma maravilhosa oração que mostra o Amor sustentador, descreve essa consciência como “o esconderijo do Altíssimo” e garante que a confiança fiel em Deus traz libertação. A Sra. Eddy explica: “O ‘esconderijo’, sobre o qual Davi cantou, é inquestionavelmente o estado espiritual do homem à própria imagem e semelhança de Deus, ou seja, o santuário interior da Ciência divina, no qual os mortais não entram sem uma luta ou experiência difícil, na qual eles descartam o humano pelo divino” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Outros Escritos], p. 244).
A fé, aprofundada pela compreensão espiritual, confia tudo a Deus. É quando o pensamento humano cede à compreensão divina, abrindo o caminho para as soluções e a cura.
Orei durante várias horas. Esses momentos sagrados trouxeram-me uma calma confiança e um claro senso do poder de Deus. Essa certeza da presença do Amor tomou todo o lugar do medo. Então, minha oração ficou cheia de expectativa e de paz.
Logo que foi possível, meu marido voltou para o hotel e deitou-se. Estávamos ambos orando.
No espaço de uma hora, os sintomas da doença diminuíram substancialmente. Pela manhã, todos os vestígios do problema haviam desaparecido. Não só os colegas ficaram felizes por vê-lo de volta ao trabalho, como ao longo dos dias seguintes o projeto foi concluído sem que houvesse nenhuma referência à doença — não havia mais medo à doença, nem sugestões da doença, nem comentários sobre doenças!
Não é necessário ir a um lugar físico para encontrar uma fé sólida no poder de proteção de Deus. Nós a encontramos interiormente, dentro do pensamento. Tal como a confiança e o bem, a fé é inata em nós, no homem da criação de Deus, os filhos e filhas do nosso Pai-Mãe Deus.
Cristo Jesus, em seus ensinamentos, frequentemente mencionava a fé, e também elogiava a fé daqueles que ele curava. Jesus confiava tudo a Deus; por meio de seu ministério de cura ele demonstrava sua união com Deus e sua compreensão a respeito dEle, livrava as pessoas das situações mais desesperadoras. Ele ensinou seus seguidores a ter fé inabalável no amor que Deus tem pela humanidade, encorajando-os a orar assim: “…livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre]” (Mateus 6:13).
O conhecimento cada vez maior de que a Verdade e o Amor são supremos nos eleva para fora das mais sombrias profundezas do medo. O homem de Deus não é vulnerável, mas sim receptivo e aberto apenas à bondade de Deus. À medida que a luz da compreensão espiritual brilha através da escuridão, inspirando nossa fé, nós nos sentimos elevados, felizes, saudáveis e livres.