Eu estava realmente fascinada pelo meu namorado e completamente apaixonada. Meus pais não estavam assim tão encantados com ele. Ele era mais velho do que eu e ambos usávamos drogas, fumávamos maconha e ingeríamos outros derivados dessa planta; depois começamos a usar drogas mais pesadas e bebidas alcoólicas. No entanto, ele também tinha certa inclinação pela espiritualidade e amava a natureza. Eu gostava do fato de que tínhamos essas coisas em comum.
Fazendo uma retrospectiva, posso entender por que minha mãe estava com medo e preocupada comigo. Infelizmente, na época, sua oposição somente me fez insistir ainda mais naquele relacionamento. Suas objeções a respeito do meu namorado me pareciam tão hipócritas, pois ela me ensinara que todos os filhos de Deus são bons, porque todos refletimos o bem divino. Então por que, eu me perguntava, ela não estava vendo o bem no meu namorado?
No entanto, um ano depois, descobri que meu namorado estava me traindo e ocultava um caráter mais sombrio, ao qual se entregava quando eu não estava por perto. Decepcionada e com o coração partido, comecei a me volver a Deus, orando por nós dois. Orei para saber que Deus nos deu a ambos um amor irresistível pelo bem, e que essa era a única atração pois, em realidade, o bem é o único poder. Voltei a frequentar a Escola Dominical da Ciência Cristã, com uma excelente professora em quem eu sentia que podia confiar, e que demonstrava afeição por mim e me apoiava. Meu namorado parou de me trair, renovamos nosso afeto, mas continuamos a usar drogas.
Um dia, depois de várias semanas de oração e com mais clareza das coisas, eu disse ao meu namorado que a vida que estávamos levando não era a vida que eu queria para mim. Fiquei aliviada e feliz, quando ele disse que também não era a vida que ele queria. Nesse mesmo dia, parei de usar drogas e nunca mais usei bebidas alcoólicas. Foi uma importante reviravolta em minha vida.
Meu namorado e eu começamos a frequentar a igreja e, mais tarde, nos tornamos membros da igreja. Estávamos contentes com as mudanças em nosso estilo de vida. Foi um período feliz, com a redescoberta de nossa inocência e da verdadeira alegria de sentir o sempre presente amor de Deus.
Todavia, toda vez que eu orava sobre o futuro do nosso relacionamento, parecia que vinha a mensagem de que deveria terminá-lo. Não que eu ouvisse uma voz dizendo isso, mas de fato, ao sentir o amor de Deus, eu percebia o contraste com a crescente desarmonia que havia entre mim e meu namorado. Além disso, eu nunca sentia a profunda paz que sentira em outras ocasiões, quando Deus me havia dado confortadoras respostas para os problemas sobre os quais estivera orando. Tentei de tudo para manter a Deus dentro de meus planos de continuar com o namoro. Acaso eu não merecia o amor? De fato merecia, mas Deus, a Mente que tudo sabe e que é o Amor, já estava preparando para mim algo melhor do que os melhores planos que eu poderia ter feito.
Ao estar mais sintonizada com Deus e Seu amor e orientação, comecei a detectar um padrão de abuso emocional no relacionamento com meu namorado, o qual sempre me deixava confusa e com medo. Tínhamos frequentes desentendimentos e percebi que eu não estava realmente feliz.
Orei para ganhar força e coragem e finalmente terminei o namoro. No início, fiquei arrasada, mas naqueles momentos escuros de solidão, eu descobri que é justamente ali que percebemos a Deus conosco. Muitas vezes, durante a noite, clamei que Deus me amava e que eu era Sua filha querida e não estava só. Deus falou comigo e me confortou, e realmente vim a conhecer a Deus em um nível mais próximo, pleno de paz e alegria. Sempre serei muito grata por esse período “no deserto”, no qual descobri minha proximidade com Deus.
No Glossário do livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy nos dá uma definição espiritual de deserto, que começa assim: “Solidão; dúvida; escuridão”. Mas também inclui uma promessa mais radiante: “o vestíbulo onde um senso material das coisas desaparece, e onde o senso espiritual desdobra os grandiosos fatos da existência” (p. 597). Essa promessa se cumpriu para mim. Ao renunciar àquele que eu havia considerado um relacionamento perfeito e uma importante fonte de amor em minha vida, eu aprendi muito mais sobre a infinitude do amor de Deus e o fato de que Ele satisfaz nossas necessidades.
O amor de Deus me inspirou a mudar de rumo, e inúmeras oportunidades de ser útil se abriram para mim. Comecei a lecionar na Escola Dominical, a trabalhar como conselheira em um acampamento para Cientistas Cristãos e, mais tarde, tornei-me instrutora de sobrevivência em terrenos difíceis e educadora ambiental. Conheci um homem extraordinário que também amava a vida ao ar livre e a Ciência Cristã. Mais tarde ele se tornou meu marido. Aquele antigo namorado e eu continuamos amigos. Uma vez ele até me enviou uma mensagem, dizendo que sempre estaria em débito comigo, pelos meus esforços a favor dele.
Muitos relatos bíblicos inspiradores envolvem experiências e jornadas difíceis, portanto, talvez nossa vida nem sempre seja livre de obstáculos e problemas. Mas a Bíblia também inclui a promessa de que sempre encontraremos a Deus em meio a essas experiências difíceis, e que as bênçãos que recebemos graças a esse encontro são muito mais valiosas do que aquilo a que renunciamos, ao longo do caminho.
Jamais esperei que as coisas com meu namorado terminassem do modo como terminaram. Mas sou eternamente grata pela forma como aquele relacionamento me conduziu por uma jornada de descoberta de Deus e de minha perfeita relação com Ele. Deus verdadeiramente nos ama da maneira como sempre desejamos ser amados!
