Quando Jesus se deparou com um cego, os discípulos fizeram-lhe uma pergunta que indicava que eles viam a cegueira do homem como uma penalidade. “…Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” A compaixão de Jesus e sua compreensão espiritual pôs a descoberto que essa falsa crença teológica era uma mentira, ao responder: “…Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (João 9:2, 3). Então Jesus curou o cego, provando que o homem criado por Deus é perfeito, para sempre livre de penalidades, sem pecado e reto.
Esse caso nos ensina quatro pontos básicos da cura metafísica: 1) Deus é bom e cria somente o bem (ver o primeiro capítulo do Gênesis); 2) o homem — a identidade espiritual de cada um de nós, homem e mulher — é tão sagrado e puro quanto nosso Criador, Deus, e portanto, não é pecador, mas sim, é isento de pecado; 3) a crença de que o homem seja mortal e esteja sujeito a penalidades não tem fundamento algum e não pode despojar da saúde e da paz o filho de Deus, por Ele criado; e 4) a eterna lei do Amor divino prevalece sobre a crença na penalidade.
Por meio da Ciência Cristã, aprendemos que não precisamos tolerar nenhuma crença na penalidade, mas que podemos superá-la. Podemos assumir uma posição mental firme contra aquilo que Jesus provou não ser ordenado por Deus e, assim, encontrar liberdade permanente.
Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, escreve: “Lembremo-nos de que a eterna lei daquilo que é certo, embora jamais possa anular a lei que faz do pecado seu próprio carrasco, isenta o homem de todas as penalidades, exceto daquelas em que incorreu por ter feito aquilo que é errado” (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 385). E na página anterior: “Deveríamos libertar nossa mente do pensamento depressivo de termos transgredido uma lei material e de que temos, forçosamente, de sofrer as consequências. Tranquilizemo-nos com a lei do Amor. Deus jamais castiga o homem por agir corretamente, por um esforço honesto ou por atos de bondade, embora isso o exponha à fadiga, ao frio, ao calor, ao contágio. Se o homem parece ser penalizado na matéria, isso é apenas uma crença da mente mortal, não um decreto da sabedoria, e basta que o homem proteste contra essa crença, para anulá-la. Mediante essa ação do pensamento e seus resultados no corpo, o aluno provará para si mesmo, com pequenos começos, as grandiosas verdades da Ciência Cristã” (p. 384).
As grandiosas verdades dessa Ciência incluem a realidade da onipresença, onipotência e onisciência de Deus. Deus, o Espírito infinito, é o bem e é Tudo-em-tudo, portanto, Sua criação espiritual, que inclui o homem, é e sempre será espiritual e perfeita. O homem espiritual isento de penalidades é a única verdadeira identidade de todos. Assim como nos tempos de Jesus, também hoje, Deus perfeito e homem perfeito é o alicerce da cura metafísica.
Mas ao nosso redor, mediante os sentidos materiais, vemos o oposto da perfeição espiritual. Essa é uma sugestão mental agressiva a respeito da vida na matéria e da mortalidade, do pecado e da penalidade. Para derrotá-la, precisamos confiar em nosso senso espiritual, nossa intuição espiritual e nosso raciocínio correto para discernir aquilo que verdadeiramente existe — o que Deus sabe. A afirmação persistente da verdade espiritual eleva o pensamento à visão espiritual e verdadeira da realidade, àquilo que Jesus declarou quando disse que “está próximo o reino dos céus”: harmonia, paz e saúde presentes. Somos despertados para um senso mais elevado da natureza masculina, da natureza feminina e de propósito. Pois não somos mortais condenados, mas filhos de Deus, capazes de fazer apenas o que é certo. À medida que vislumbramos essa verdade, cedemos a ela, sinceramente persistimos em colocá-la em prática, alinhamos nossa vida com o Princípio divino, o Amor, e conseguimos provar que somos isentos de penalidades.
Podemos protestar mentalmente e com persistência, baseando-nos na natureza de Deus, o Amor divino, até que a liberdade seja conquistada. Esse protesto é a “ação do pensamento” que transforma a consciência humana de um senso de sofrimento da vida na matéria para a realidade da vida no Espírito divino infinito e a vida do Espírito divino infinito. Essa visão real rompe o senso material de desarmonia, remove quaisquer penalidades injustas em nossa vida e revela a harmonia e bem-aventurança ininterruptas do homem.
Há vários anos, tive a oportunidade de aprender mais a esse respeito. Tomei um avião para ir a uma conferência de negócios. Eu estava com a audição prejudicada em um ouvido, pois este havia de repente se tapado. Eu também estava com o pé machucado. Inicialmente, associei o problema do ouvido ao uso de protetores auriculares durante a noite por cerca de um ano, e atribuí o machucado no pé a ter usado sapatos novos comprados às pressas, cuja largura não era do tamanho certo.
Eu havia colocado os sapatos novos na mala para usar no final da semana, acreditando que meu pé estaria bom até lá. Mas apesar de minhas orações, o machucado persistia. Eu acreditava que era uma penalidade justa por usar o tamanho errado de sapatos, mas quando liguei para um praticista da Ciência Cristã para pedir-lhe ajuda por meio da oração, ele imediatamente me garantiu que eu não estava sofrendo nenhuma penalidade. Ele pacientemente explicou que a lei de Deus, a lei do Amor, prevalece sobre a crença na penalidade.
Percebi que nenhuma condição material ou circunstância poderia interferir, alterar ou danificar minha perfeição espiritual e meu bem-estar dados por Deus. Somente Deus, o Espírito, e não a matéria, estava no comando de minha vida. Na proporção em que eu orava e ponderava ainda mais, vi como era que o fato espiritual de “nenhuma penalidade” também se aplicava ao meu problema de audição. Mencionei isso quando falei com o praticista no dia seguinte.
Ele amorosamente me disse: “Saiba que você ama ouvir! Sua receptividade ao bem não pode ser prejudicada nem obstruída”. Ele continuou, explicando que o conceito espiritual de ouvidos pode ser visto como receptividade e que a receptividade espiritual não pode ser prejudicada. O conceito espiritual de pé também pode representar a compreensão que nos serve de alicerce, e essa compreensão espiritual não pode ser estorvada. Isso me fez parar de acreditar que os problemas eram físicos. Passei a vê-los claramente como falsos estados do pensamento mortal, que a Ciência divina estava corrigindo com a verdadeira ideia espiritual. É por isso que a metafísica divina ou a oração científica cura o que parecem ser problemas físicos; eles são, de fato, conceitos errôneos humanos, ilusões, não uma parte autêntica do filho de Deus.
Na conferência, eu estava alerta, atenta e grata. Havia compreendido que a demanda divina e o suprimento de receptividade e compreensão são a base espiritual para a atividade humana de comunicação inteligente e que eu conseguia colocar isso em prática.
Na proporção em que me firmava na verdade do meu existir espiritual, já inviolavelmente perfeito e completo, senti um movimento suave dentro do ouvido. A dor estava aos poucos diminuindo. O pé havia melhorado rapidamente e consegui usar os sapatos novos sem nenhum problema. Vários dias depois, uma substância estranha saiu do meu ouvido sem qualquer ação minha, meu ouvido deu um estalo e a audição normal foi restaurada.
Estar disposta a ser orientada a todo instante pela ideia divina, dia após dia, nos leva à lei superior do Amor, que tudo governa e prevalece sobre as penalidades.
