Bilhões de imagens são publicadas todos os dias nas redes sociais; nas redes das empresas, instituições e igrejas; nos grupos de famílias e amigos; em pequenos e grandes círculos de pessoas. Dois estudos publicados em 2019 relataram que 3.2 bilhões de imagens e 720.000 horas de vídeo eram compartilhadas todos os dias. Por mais inimagináveis que esses números pareçam, eles são potencialmente ultrapassados pelas imagens “absorvidas” pela consciência humana todos os dias — com ou sem a ajuda das redes sociais, das mensagens de texto, ou de filmes e televisão. As imagens que parecem constituir nossa experiência diária são essencialmente mentais.
Há mais de um século e meio, Mary Baker Eddy reconheceu o papel que a consciência desempenha na experiência individual, e também identificou a importância de pôr a descoberto imagens mentais ocultas, baseadas em conceitos do senso material. Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, ela escreve: “A mina nada sabe das esmeraldas contidas nas suas rochas; o mar ignora as pedras preciosas que estão nas suas cavernas, ignora os corais, os aguçados recifes, os grandes navios que nele flutuam e os corpos que jazem sepultos nas areias; não obstante, tudo isso lá está. Não suponhas que um conceito mental se tenha perdido porque não pensas nele” (p. 87).
Pode ser fácil deixar entrar as imagens que inundam nossa consciência, com suas cenas perturbadoras, seu dilúvio de doenças e disfunções, especialmente aquelas que tocam mais fundo nossa própria experiência. Mesmo achando que certas imagens foram esquecidas, elas ainda podem estar latentes na consciência.
Quando essas imagens desencadeiam reações emocionais, temos de enfrentá-las e combatê-las. Sem uma compreensão sólida da natureza e da origem dessas imagens, não podemos manter a tranquilidade, a calma e a vigilância racional, que cada um de nós precisa e merece a cada dia.
Com a ajuda de Deus, podemos substituir, no pensamento, imagens negativas por imagens que remetem a qualidades espirituais, tais como o desprendimento, a bondade, a misericórdia e a saúde. Mesmo aquelas imagens que invisivelmente fazem pressão sobre nossa consciência podem ser descartadas, porque não provêm da Verdade divina, Deus. É preciso coragem para pôr a descoberto essas imagens e enfrentá-las. Mas nós temos o direito de viver com ideias espirituais, verdadeiras, em vez de suportar conceitos e ilusões materiais; temos o direito de varrer da consciência imagens que não têm sua origem em Deus, mas que foram derramadas em nosso pensamento e em nossa experiência pela correnteza generalizada das crenças comumente aceitas. A Verdade é sempre a resposta suprema.
Há algum tempo, despertei uma noite com a imagem vívida de um filme ao qual assistira recentemente. Enquanto estava bem desperta e ativa em oração, defendendo a pureza e a paz de meu pensamento, veio-me à mente um paciente. Ele estivera cuidando de um amigo que viera a falecer, havia alguns meses. Agora esse paciente estava muito mal. Compreendi que aquelas imagens relativas ao amigo estavam pesando em seu pensamento: a experiência de outra pessoa havia deixado um depósito de imagens na consciência desse homem.
Ao enfrentar esse desafio, compreendi cada vez mais seu âmbito de influência sobre a humanidade e seu potencial para a cura. Rejeitei a crença em declínio e morte — e todas as imagens mentais que os acompanhavam — e, em vez disso, afirmei a vida perfeita desse homem como filho de Deus, da Vida divina, e a imortalidade da saúde, da liberdade e da alegria. A partir daí, a cura progrediu substancialmente. Na manhã seguinte, soube que meu paciente estava muito melhor. Em poucos dias, estava completamente curado.
Temos o direito de viver com ideias verdadeiras e espirituais, em vez de suportar conceitos e ilusões materiais.
O Segundo Mandamento ordena: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êxodo 20:4). Esse Mandamento reflete a unicidade absoluta de Deus, o Espírito. Exige que o homem não se desvie da adoração e obediência a Deus, o bem infinito. Essa não é só uma exigência, mas é uma prerrogativa. Para mim, esse Mandamento diz: “Você não tem uma vida apressada e atribulada, em um mundo de imagens imprevisíveis lançadas diante de você. Ao contrário, você tem uma realidade espiritual”. Que linda dádiva é essa!
Historicamente, o Segundo Mandamento talvez se referisse a algo mais concreto. Ou seja, no monoteísmo, não é aceitável nenhuma imagem material de algum deus. Mas, visto que o Cristianismo e a Ciência Cristã elevam tudo para um plano mais elevado, mais espiritual, podemos entender que esse Mandamento inclui também as imagens que mantemos no pensamento. Uma imagem tem de ser concebida mentalmente antes de ser esculpida em pedra ou manifestada na vida. Que imagens estamos acalentando; que perspectiva estamos apoiando; o que estamos procurando; qual é o foco de nosso pensamento?
O livro-texto da Ciência Cristã enfatiza a importância de preencher o pensamento com imagens, com “modelos”, da realidade e da bondade divinas: “O escultor se volve do mármore para seu modelo, a fim de aperfeiçoar sua concepção. Todos nós somos escultores, que trabalhamos em formas variadas, modelando e cinzelando o pensamento. Qual é o modelo que está diante da mente mortal? Será a imperfeição, a alegria, a tristeza, o pecado, o sofrimento? Aceitaste o modelo mortal? Acaso o estás reproduzindo? Então ficas assombrado em teu trabalho por escultores maus e formas hediondas. Não ouves a humanidade toda falar do modelo imperfeito? O mundo o coloca continuamente diante de teus olhos. O resultado é que ficas sujeito a seguir esses padrões inferiores, a limitar a obra de tua vida e a adotar na tua experiência o contorno anguloso e a deformidade dos modelos da matéria.
“Para remediar isso, temos primeiro de volver o olhar para a direção certa, e então seguir esse caminho. Precisamos formar modelos perfeitos no pensamento e contemplá-los continuamente, senão nunca os esculpiremos em uma vida sublime e nobre” (Ciência e Saúde, p. 248)
Por isso, façamos com que nossos pensamentos e nossa experiência reflitam a paz e a autoridade que fluem sem esforço da única inteligência divina, que é a mais alta lei para a humanidade. Estejamos alertas ao fluxo de imagens que recebemos e tomemos posição firme a favor da visão divina, ou seja, a inteireza, a beleza imorredoura e a saúde para todos. Podemos, com regozijo, abraçar mentalmente os belos “modelos perfeitos” que são revelados pela inteligência divina ao nosso pensamento receptivo, dia após dia.
A Bíblia diz que somos feitos à imagem de Deus, conforme a Sua semelhança (ver Gênesis 1:26, 27). Essa imagem espiritual é a única que temos de levar a sério, pois ela é o que todos nós em realidade somos. Aliás, essa é também a realidade que precisamos honrar nos outros: a pureza e a dignidade da natureza divina no homem, em bilhões de maneiras.
