Certa manhã, na biblioteca da minha faculdade, eu estava tendo dificuldade para definir o tema de uma dissertação importante que deveria ser entregue em breve. Eu queria desenvolver um bom começo, antes de me encontrar com minha melhor amiga para o café da manhã, mas não conseguia avançar muito. Estava sentindo uma espécie de bloqueio.
Após o café da manhã, voltei para a biblioteca e comecei a entrar em pânico, ao perceber que não tinha o meu aparelho dentário. Fiquei apreensiva ao pensar que, sem querer, alguém poderia tê-lo jogado no lixo — eu o embrulhara em um guardanapo enquanto comia — e que talvez nunca mais o encontraria.
Liguei para o restaurante, mas os funcionários não o haviam encontrado. O gerente me disse que o lixo já havia sido jogado na caçamba, lá fora. Horrorizada, eu me imaginei revirando o lixo naquela caçamba, e pensei na expressão do rosto de meus pais, quando eu contasse o que havia acontecido. Logo comecei a me recriminar. Como podia ter sido tão tola e descuidada?
Senti-me tentada a pensar que não havia solução para o caso. Mas, em vez disso, afastei os pensamentos acusatórios e voltei-me para Deus em oração, perguntando-Lhe o que fazer. Em situações anteriores, ao me voltar para Deus em busca de ajuda, nunca havia ficado sem resposta.
Diversas ideias apresentadas na Bíblia e no livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, vieram ao meu pensamento e me acalmaram, especialmente esta de Ciência e Saúde, que foi de grande ajuda: “Tudo é a Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo” (p. 468). Foi reconfortante compreender que nem mesmo um único detalhe estava fora do alcance da Mente infinita, que é toda inteligente.
Foi então que tive a intuição de voltar ao restaurante. Isso parecia não fazer muito sentido, e até ser uma perda de tempo, mas quis obedecer ao impulso espiritual que, eu sabia, estava vindo de Deus.
No caminho, a palavra ego veio ao meu pensamento. Inicialmente, não relacionei esse fato com a situação. Mas, ao ponderar sobre essa palavra, dei-me conta de que, naquela manhã, eu estivera muito confiante de que tinha tudo o que precisava para escrever uma dissertação brilhante — e que nem precisava orar. Então havia tentado em vão produzir o texto. Era a prova de que minha falta de humildade era improdutiva. Afinal, de onde eu achava que as ideias vinham? Consegui perceber que estava enganada ao pensar que eu era a fonte de algo. Deus é a Mente que tudo sabe, a inteligência infinita, e cabia a mim ser humilde e receptiva ao que Deus me mostrava.
Quando cheguei ao restaurante, o gerente estava todo sorridente! Pegou um guardanapo todo amassado no qual meu aparelho dentário estava enrolado. Um dos garçons o havia encontrado e guardado. Eu fiquei eufórica, não apenas por ter encontrado o aparelho, mas também porque havia aprendido uma grande lição sobre a importância de ouvir a Deus.
Quando voltei à biblioteca, eu estava me sentindo muito próxima de Deus. Ao pegar a caneta, lembrei-me destas palavras do livro de Jó, na Bíblia: “…ele cumprirá o que está ordenado a meu respeito…” (23:14). Transbordante de gratidão e de ótimas ideias para o trabalho, terminei rapidamente o esboço inicial e até o revisei. Embora no início eu só conseguira perceber dificuldades, quando reconheci que Deus é a fonte de toda ideia boa, consegui fazer o trabalho acadêmico sem esforço.
Essa foi uma das muitas experiências em minha vida nas quais, ao me voltar para Deus, a Mente, para me guiar, constatei que as ideias, a orientação e a inspiração de que necessitamos estão sempre presentes, assim como Deus também está. Tudo o que precisamos fazer é ouvir humildemente.
